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Corte em pesquisa amplia fuga de cérebros do país, diz especialista

O recente anúncio do governo de Jair Bolsonaro (PSL) sobre cortes orçamentários de quase 42% na pasta do Ministério da Ciência e Tecnologia, C) coloca em risco o pagamento de cerca de 80 mil bolsistas financiados pelo CNPQ a partir de setembro deste ano; medida, que congela cerca de 42% do valor destinado ao setor, impacta o desenvolvimento de pesquisas no país e pode levar à fuga de talentos 

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Luciana Console, Brasil de Fato - O recente anúncio do governo de Jair Bolsonaro (PSL) sobre cortes orçamentários na pasta do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) coloca em risco o pagamento de cerca de 80 mil bolsistas financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) a partir de setembro deste ano. A medida, que congela cerca de 42% do valor destinado ao setor, impacta o desenvolvimento de pesquisas no país.

Cleonice Bento é professora da UniRio e bolsista do CNPq em estudo sobre doenças autoimunes, reações alérgicas e pacientes infectados por HIV. O valor da bolsa recebido pela professora é de R$2200, sendo que R$1000 é destinado para as necessidades diárias do laboratório, como a compra de reagentes para coletas de sangue de pacientes, por exemplo.

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Além da falta de materiais para o laboratório, Cleonice explica que, caso o corte nas bolsas do CNPq seja efetivado, a pesquisa perderá pelo menos 5 alunos de doutorado e 3 de mestrado, impossibilitando a continuidade do trabalho. A professora avalia ainda que esse cenário dificulta que o Brasil retenha profissionais de talento e se torne independente na produção de conhecimentos.

"A gente tem grandes jovens pesquisadores aqui que a gente precisa fomentar a produção científica mantendo eles no Brasil. A gente já tem uma perda anual de grandes talentos pros EUA ou pra Europa que trabalha nessas áreas de doenças associadas a seres humanos", afirma a pesquisadora.

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Fábio de Santis também possui bolsa do CNPq pela participação em projetos do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica da Universidade Federal do ABC. A bolsa de extensão no valor de R$1100 permite que ele pague as contas da casa e possa se dedicar ao trabalho durante toda a semana.

O projeto tem previsão para encerrar em janeiro de 2020, mas ele conta que há dois meses já tem ocorrido atrasos nos pagamentos da bolsa. Para Fábio, a retirada do benefício no segundo semestre de 2019 teria consequências diretas na continuidade dentro da pesquisa.

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"Eu teria que procurar outras formas de renda que não estavam previstas durante esse período. E talvez ter que deixar o projeto em segundo plano, porque, por exemplo, mesmo estando há dois meses sem receber eu continuo atuando, tocando pra ele continuar a acontecer, junto com a coordenação", relata ele.

Perspectivas

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Para o coordenador do Programa de Pós Graduação em Energia da Universidade de São Paulo (USP), Célio Bermann, a medida aprofunda ainda mais a situação de descaso com a produção de conhecimento científico.

"Na minha leitura, apenas ratifica a perspectiva que o nosso país é um país que não pesquisa. Um país que não se envolve e não envolve os seus cidadãos na pesquisa científica e tecnológica está fadado a se restringir única e exclusivamente a ser produtor de bens primários como açúcar, soja, sem que haja condições de investimento e de progresso em atividades industriais e de ponta", explica.

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Bermann acredita que a possibilidade de a situação orçamentária ser revertida é mínima, porque o atual Congresso é composto por poucos representantes que tenham interesse em fomentar a pesquisa e educação no Brasil. O coordenador ressalta ainda que o cenário piorou com o governo de Bolsonaro, mas que, desde 2016, quando ocorreu o impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) assumiu o governo do país, os ataques à áreas do conhecimento vêm acontecendo sucessivamente.

Em resposta à reportagem, a assessoria do CNPq informou que o Governo Federal está ciente de que são necessários ajustes para o orçamento da pasta e que o tema está como prioritário na agenda do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

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