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Cresce pressão da Europa contra política que destrói florestas no Brasil

Embaixador da União Europeia no Brasil demonstra o profundo mal estar político que a destruição da Amazônia e do meio ambiente provoca na Europa

(Foto: Mayke Toscano/Secom-MT | REUTERS/Amanda Perobelli)
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Rede Brasil Atual - O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, reforçou enfaticamente nesta quinta-feira (17) o profundo mal estar político que a destruição da Amazônia e do meio ambiente no Brasil vem causando na Europa. “O processo de ratificação e assinatura do acordo (entre Mercosul e União Europeia) será político e haverá debate. O acordo tem um capítulo sobre comércio e desenvolvimento sustentável, com compromissos de ambas as partes sobre regras que promovem a sustentabilidade. O capítulo fala, por exemplo, sobre o compromisso de respeitar o Acordo de Paris sobre clima. Também sobre a proteção da biodiversidade”, disse ele ao jornal O Globo.

A omissão do governo Jair Bolsonaro frente ao desmatamento da Floresta Amazônica e ao incêndio no Pantanal ameaça fortemente a assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE). A pressão das sociedades tem forçado líderes e políticos no Velho Mundo a refazer estratégias em seus posicionamentos nas relações internacionais e também internamente.

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A menção ao Acordo de Paris por Ybáñez é significativa. No final de 2019, Bolsonaro não compareceu à Cúpula do Clima em Madri (COP 25) em reunião de chefes de Estado em Madrid para debater mudanças climáticas e justamente o Acordo de Paris. Recém-eleito em 2018, o presidente brasileiro cancelou a realização da importante reunião, que seria no Brasil. Representando o governo brasileiro, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, voltou do evento dizendo que “a COP 25 não deu em nada”.

Para entrar em vigor, o acordo Mercosul-União Europeia precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu e pelos congressos nacionais dos países-membros. O texto ainda não foi sequer fechado. Só depois disso ele passará pelo crivo dos parlamentos.

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Mobilização na Europa

“A declaração de Ybáñez não surpreende, porque o movimento tem sido feito desde o ano passado. Alguns parlamentos já estavam se manifestando no sentido de não aprovar esse acordo”, diz Elaini Silva, doutora em Direito Internacional pela USP e professora do mestrado Profissional em Governança Global e Formulação de Políticas Internacionais da PUC de São Paulo. Ela cita os parlamentos da Bélgica, Holanda e Áustria como alguns onde há mobilização de parlamentares pedindo a rejeição do tratado.

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“As sociedades estão se mobilizando, tentando meios de conseguir de alguma forma controlar melhor a atuação de seus políticos. Na democracia, a ação dos políticos tem que refletir o interesse da sociedade”, afirma. Um dos interesses crescentes para as sociedades em todo o planeta é a questão ambiental.

Na Alemanha, em particular, os políticos sabem que o tema pode ser decisivo para suas pretensões nas eleições de 2021, quando o país escolherá um novo chanceler.

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Segundo a edição brasileira no jornal alemão Deutsche Welle, para o governo da primeira-ministra Angela Merkel, “as taxas de desmatamento no Brasil são preocupantes, e as condições para melhorar os direitos territoriais e a proteção dos povos indígenas e grupos tradicionais vêm se deteriorando”.

Esse posicionamento é reflexo das pressões sobre parlamentares, que por sua vez pressionam o governo. Os deputados verdes são os mais fortes opositores do acordo na Alemanha exercem influência no continente.

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Acordo Mercosul-UE: risco de fracasso

A destruição das florestas no Brasil é principalmente consequência dos interesses dos latifundiários e do agronegócio, representados por Ricardo Salles. Na reunião de 22 de abril, uma fala do ministro provocou escândalo e perplexidade mundial. Ele defendeu que, aproveitando a pandemia de covid-19, as políticas deveriam “ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”. Segundo ele, “de IPHAN, de ministério da Agricultura, de ministério de Meio Ambiente, de ministério disso, de ministério daquilo”.

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Para Elaini, nem mesmo em “interesses do Brasil” se pode falar, quando se pensa na possibilidade de o acordo UE-Mercosul fracassar ou mesmo na ameaça que a postura brasileira representa às exportações do país. A produção de soja e carne, por exemplo, são as duas culturas mais altamente destrutivas do meio ambiente, e portanto prejudiciais à toda sociedade. A floresta amazônica está caindo para dar lugar a pastos.

“Quando se fala que o Brasil exporta, é uma falácia. O governo brasileiro não exporta, o Brasil não exporta, o povo brasileiro não exporta. Quem exporta são empresas. Numa sociedade altamente desigual como a nossa, os benefícios da exportação não são igualmente distribuídos por todo o povo”, destaca Elaini Silva.

Enquanto as florestas queimam e caem, Bolsonaro mantém seu discurso de indiferença perversa e o atrelamento aos Estados Unidos de Donald Trump. Na quarta (16), ele afirmou, sobre a tragédia ambiental, que as críticas são “desproporcionais”. “Pega fogo, né? O índio taca fogo, o caboclo, tem a geração espontânea”, disse o presidente da República do Brasil.

Defund Bolsonaro

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