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Dallari: não se pode achar que decisão do STJ já permite prisão de Lula

Decisão da 5ª Turma do STJ de negar o habeas corpus preventivo requerido pela defesa do ex-presidente Lula não é definitiva e não necessariamente vai prevalecer; para os juristas Dalmo Dallari e Celso Antônio Bandeira de Mello, a questão está pendente e pode ser revertida no STF;"A questão está em aberto no Supremo. O tribunal está com muitas idas e vindas em relação a isso. Só depois da decisão do STF teremos uma definição. Não se pode achar que essa decisão já permite a prisão", diz Dallari

Dalmo Dallari (Foto: Paulo Emílio)
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Eduardo Maretti, Rede Brasil AtualA decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de negar, por unanimidade, o habeas corpus preventivo requerido pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não é definitiva e não necessariamente vai prevalecer. Para os juristas Dalmo Dallari e Celso Antônio Bandeira de Mello, a questão está pendente e pode ser revertida no STF.

Na decisão de hoje (6), os ministros negaram que haja ameaça ao princípio da presunção de inocência e, por isso, um réu deverá cumprir a sentença de prisão imediatamente após esgotados os recursos na segunda instância. Lula foi condenado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região em 24 de janeiro.

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"A questão está em aberto no Supremo. O tribunal está com muitas idas e vindas em relação a isso. Só depois da decisão do STF teremos uma definição. Não se pode achar que essa decisão já permite a prisão", diz Dallari.

"A decisão já era esperada. Nenhuma novidade. Eu não esperava desse tribunal (STJ) coisíssima nenhuma de bom. Espero alguma decisão é do STF", afirma Bandeira de Mello. "Mas o que eu espero mesmo é que Lula seja indicado ao Prêmio Nobel da Paz rapidamente", acrescenta. Na semana passada,em São Paulo, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz em 1980, anunciou que vai indicar o nome de Lula para a mesma premiação.

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Para Bandeira de Mello, uma indicação, se confirmada, tem potencial de colocar holofotes na perseguição a Lula em todo o mundo. "Claro que pode (ajudar Lula), porque é muito humilhante para o Brasil prender um homem que pode ser – e eu espero que seja – o Nobel da Paz. Pessoas do mundo inteiro estão revoltadas. Todo o mundo vê a perseguição, é evidente. Só os coxinhas não veem", diz o jurista.

A decisão do STJ desta terça-feira (6) aumenta ainda mais a pressão para que Cármen Lúcia paute a chamada execução provisória da pena após condenação em segunda instância. A ministra tem resistido a colocar em votação o julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44, cujo relator, ministro Marco Aurélio Mello, liberou para julgamento há três meses, em 7 de dezembro.

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Após o julgamento do STJ, a defesa de Lula divulgou nota, assinada pelo advogado Cristiano Zanin Martins, na qual reforça a urgência de o STF se manifestar, inclusive sobre habeas corpus que também depende de decisão de Cármen Lúcia. "O julgamento realizado hoje (6/03) pelo STJ mostrou a importância de o Supremo Tribunal Federal julgar o habeas corpus que impetramos e aguarda ser pautado desde 09/02", diz a defesa.

Nos bastidores do Supremo, a pressão existe. Os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello já se manifestaram publicamente nesse sentido e defenderam que o tema deve ser pautado. Em julgamento de outubro de 2016, ambos votaram em defesa da presunção de inocência, e, portanto, contra a prisão após a segunda instância.

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Naquela decisão, a maioria do plenário do STF votou a favor da prisão após a segunda instância, por 6 votos a 5. Mas o ministro Gilmar Mendes, que acompanhou a maioria, indica que tende a mudar seu voto em novo julgamento.

Dallari explica que a presunção de inocência, como garantia individual inscrita na Constituição, deve prevalecer sempre, a não ser em casos, previstos em lei, em que a prisão é necessária para evitar que o réu continue a cometer crimes ou fuja do país, por exemplo, o que não é o caso de Lula. "Como regra, não havendo situações excepcionais, a norma constitucional é que, enquanto não houver decisão definitiva, existe a presunção de inocência."

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Em sua opinião, outro ministro que pode adotar nova posição no STF é Luís Roberto Barroso, que, para surpresa de muitos, na decisão anterior votou a favor da prisão. "Depois de tudo o que se discutiu, se falou e argumentou, acho que a questão sendo outra vez julgada no Pleno vai ter um enfoque constitucional."

Por isso, o jurista espera que o STF reverta seu entendimento. "O ministro Barroso é um dos maiores constitucionalistas brasileiros", diz.

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