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Deduragem de colegas foi o que mais doeu no reitor da UFSC

"Tudo o que a PF tinha como prova contra ele eram duas delações – ou, no popular, deduragem. Uma foi do corregedor da UFSC, Rodolfo Hickel do Prado.Para justificar a sua, ele se queixou à delegada que o reitor lhe retirou uma gratificação de mil reais mensais. Seria represália por ele, corregedor, não revelar dados da investigação que fazia no EAD ao reitor. A outra foi da professora Taisa Dias. É pífia. (...) Mas, seja como for, as duas fofocas tiveram o condão de jogar Cau na cadeia e do alto do shopping", escreve Renan Antunes de Oliveira no DCM  

"Tudo o que a PF tinha como prova contra ele eram duas delações – ou, no popular, deduragem. Uma foi do corregedor da UFSC, Rodolfo Hickel do Prado.Para justificar a sua, ele se queixou à delegada que o reitor lhe retirou uma gratificação de mil reais mensais. Seria represália por ele, corregedor, não revelar dados da investigação que fazia no EAD ao reitor. A outra foi da professora Taisa Dias. É pífia. (...) Mas, seja como for, as duas fofocas tiveram o condão de jogar Cau na cadeia e do alto do shopping", escreve Renan Antunes de Oliveira no DCM   (Foto: Giuliana Miranda)
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Por Renan Antunes de Oliveira, no Diário do Centro do Mundo

A última pessoa a falar com o reitor Cau Cancellier foi um ex-aluno dele, o jovem advogado Rafael Melo.

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Eram 10 da manhã da segunda-feira 2 de outubro, apenas 38 minutos antes do dramático suicídio que o transformaria num mártir para quem não gosta dos desmandos da Lava Jato.

Os dois se encontraram por acaso na pracinha do Beiramar Shopping, o cenário mauricinho escolhido por Cau para tirar a própria vida, aos 59 anos.

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Melo ia apressado quando viu num banco o magnífico reitor professor doutor Luis Carlos Cancellier de Olivo solitário, murmurando pra si mesmo, fumando muito.

O advogado logo notou que “ele estava com o torso curvado como se sentisse dor, meio alheio a tudo ao seu redor”, conforme contou no velório do antigo mestre, no saguão da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na noite da mesma segunda-feira.

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Melo já sabia que o até então ficha limpa Cancellier tinha virado um pária na comunidade universitária.

Respingou no reitor o maior escândalo de Floripa em décadas: a Operação Ouvidos Moucos (deflagrada pela PF em 14 de setembro para apurar o possível desvio de grana no programa EAD (Educação à Distância), tocado pela UFSC entre 2008 e 2016. Teto do caso, 80 milhões de reais).

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O jovem advogado lembra que ele vestia uma blusa esportiva bege de magas compridas, mas não percebeu a tragédia em andamento: “Tentei confortá-lo dizendo ‘sei o que o senhor está passando, tenho certeza que vai provar sua inocência’, mas ele não me deu muito papo”.

(...)

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Quando foi a vez de Cau, tudo o que a PF tinha como prova contra ele eram duas delações – ou, no popular, deduragem.

Uma foi do corregedor da UFSC, Rodolfo Hickel do Prado.

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Para justificar a sua, ele se queixou à delegada que o reitor lhe retirou uma gratificação de mil reais mensais. Seria represália por ele, corregedor, não revelar dados da investigação que fazia no EAD ao reitor.

A outra foi da professora Taisa Dias. É pífia. Não passa de dois parágrafos curtos. Ela teve um bate boca com Cau e se sentiu ameaçada – quem conhecia bem o homem jura que ela ficou falando sozinha já no primeiro parágrafo.

Mas, seja como for, as duas fofocas tiveram o condão de jogar Cau na cadeia e do alto do shopping.

O depoimento da professora vale tanto como a lufada de ar que acaba de passar pela janela.

O depoimento do corregedor vale no máximo os mil reais que ele resmunga ter direito.

O crime de obstaculização parece ser a pedalada fiscal de Cau.

Vejamos: a demissão do corregedor e sua imediata recontratação, numa reclassificação que incluiu quase 100 servidores no pacote, é que resultou na perda de gratificação, para todos.

No fim, Cau foi para a tribunal da opinião pública como chefe de um desvio de 80 milhões. Na verdade, investigava-se se alguns professores ou servidores, e não o reitor, dividiram uns caraminguás por fora, ou se o frete de um ônibus foi o mais caro do que o de uma van.

Não há nada nos autos que justifique sequer o custo da operação policial contra a “orcrim” (os delegados adoram esta abreviação para organização criminosa).

 

Leio o texto na íntegra no DCM

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