Dilma abre diálogo com CUT sobre pacote de ajustes
Segundo o secretário-geral da Presidência da República, ministro Miguel Rossetto, no encontro com o presidente da CUT, Vagner Freitas, presidente Dilma Rousseff reiterou as razões que levaram o Executivo a fazer as mudanças e reafirmou compromisso com direitos dos trabalhadores; sindicalista convidou Dilma para congresso da central
por Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil Atual - O presidente da CUT, Vagner Freitas, participou de audiência, nesta terça-feira (10), com a presidenta Dilma Rousseff. Inicialmente, a reunião tinha sido acertada com o secretário-geral da Presidência da República, ministro Miguel Rossetto, mas o Palácio do Planalto aproveitou a agenda de despachos internos da presidenta para que ela o recebesse. Foi a primeira audiência de Dilma com um representante sindical depois da sua posse.
Para parlamentares da base aliada, que souberam do encontro no final da tarde, a iniciativa representou uma tentativa de aproximação por parte do governo para com a maior central do país, num momento de rusgas com o movimento sindical por conta das medidas provisórias 664 e 665 – que alteram benefícios trabalhistas e previdenciários – e de outras ações que integram o aperto fiscal desencadeado pela equipe econômica, como altas nas taxas de juros, indução à redução do crédito, aumento de impostos e veto à correção da tabela de Imposto de Renda dos assalariados em 6,5%.
Segundo o ministro Rossetto, embora a questão dos ajustes tenha sido tratada no encontro, a reunião não consistiu numa negociação, uma vez que existe momentos e fóruns adequados para isso. A presidenta reiterou as razões que levaram o Executivo a fazer as mudanças e reafirmou compromisso com direitos dos trabalhadores.
Vagner Freitas, por sua vez, foi até o Palácio para convidar Dilma Rousseff para o encontro que a CUT realiza no próximo dia 4 de março, no qual serão debatidos os dois primeiros meses do segundo governo, a ser realizado em Brasília. O evento é um dos preparatórios ao congresso nacional da central, marcado para outubro. O encontro vai debater medidas já implementadas e o andamento de temas que dizem respeito à pauta dos trabalhadores.
A primeira articulação junto ao Executivo para que o evento de março conte com ministros de várias áreas e, também, representantes de outros escalões, foi feita por Freitas no último dia 23 de janeiro, durante audiência com Rossetto.
“Vamos fazer um debate aprofundado sobre essas medidas e a relação do governo com os trabalhadores de um modo geral e o movimento sindical”, afirmou o dirigente da central, na ocasião. O dirigente também tem insistido que existem outras alternativas para garantir ao governo medidas de equilíbrio da economia, como a taxação das grandes fortunas, sem que seja preciso mexer nos direitos dos trabalhadores.
Para Rossetto, na audiência desta terça-feira a presidenta abordou para Vagner Freitas o que chamou de “limites fiscais que o país possui” no momento, argumentando que permanece o objetivo de levar à manutenção de emprego e renda e ao crescimento econômico.
“Repassamos um conjunto de informações em relação às correções necessárias por conta de situações que devem ser corrigidas. A CUT veio trazer um convite à presidenta Dilma e houve espaço para a troca de opiniões e sugestões. A negociação e o diálogo, no entanto, se dão no espaço devido, nas mesas em andamento.”
No próximo dia 25 está programada outra reunião ente as centrais sindicais e representantes do governo para tratar do teor das MPs. Durante esta terça-feira (10), representantes das centrais sindicais percorreram os gabinetes dos parlamentares no Congresso Nacional, em busca de apoio para a mudança no teor das duas matérias. A mobilização foi considerada positiva para as entidades, uma vez que vários deputados e senadores demonstraram interesse em alterar o texto das medidas como forma de manter direitos trabalhistas.
As MPs 664 e 665, que estão no centro de toda a polêmica, alteram regras na concessão de benefícios previdenciários e trabalhistas como seguro-desemprego, pensão por morte, abono salarial, seguro-defeso (para pescadores) e auxílio-doença.
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