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Brasil

Haddad, o Arco do Futuro, uma luz no fim do túnel

Reurbanização das várzeas do Rio Tietê-Pinheiros-Tamanduateí, conforme o Arco do Futuro, depende de um túnel direto ao mar para acabar com as enchentes

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As enchentes recorrentes afetam a Grande São Paulo e a viabilidade do principal projeto do prefeito Haddad de reocupar as várzeas. É a volta à origem da cidade fundada pelo padre Anchieta, no Pátio do Colégio, em 1554, cuja lateral, pela Ladeira Porto Geral, ligava às margens plácidas do Tamanduateí, onde foi dado o grito do Ipiranga. 

São Paulo começou com uma escola jesuíta e está nas mãos de um professor marxista. O sonho socialista não pode morrer e por isso cada um deve dar sua contribuição.  A tarefa de acabar com as enchentes de São Paulo, por um túnel direto ao mar, tem sido meu sonho, com o Rio Tietê limpo e navegável. Por isso, vale a pena voltar ao tema tão oportuno e oferecer a saída técnica ao novo prefeito Fernando Haddad que, qual um bandeirante, pretende ocupar, ainda mais, as várzeas do Rio Tietê.

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Parabéns, prefeito 

Haddad, em seu primeiro dia de trabalho, adotou medidas emergenciais para limpar o lixo que entope os bueiros, acompanhada de estudo e acompanhamento de conhecidas áreas de risco de enchentes e deslizamentos localizados. A Geologia atua por princípios lógicos, cujo método, dialético, é o mesmo da filosofia: o novo no lugar do velho; a luta dos contrários; e, a tese da quantidade das águas das chuvas vai aumentando e se transforma na qualidade de força incontrolável. Em síntese da tese e da antítese: as águas correm para o mar, que assoreia e vira sertão.

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O novo prefeito e o velho problema

Em 2012/13, o Tietê, novamente, não suportou as fortes chuvas que caíram na região. O extravasamento do leito do rio é um fenômeno inevitável, pois a várzea é uma área plana construída pelas enchentes cíclicas. Destarte, companheiro Haddad, a várzea não deveria ter sido ocupada, mas se já está – e tal ocorreu desordenadamente na Bacia do Tietê – e como não se pode voltar ao passado, há que buscar soluções técnicas e o apoio da população. 

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É preciso superar a impermeabilização do solo da cidade, que, sem infiltração, aumenta o volume e a velocidade das águas superficiais, que chegam rápido ao leito do rio, que transborda. Veja-se: em 1900, a população da cidade era de 240 mil habitantes e a vazão máxima, 175 m³/s; em 1930, subiu para 350 m3/s; e, em 1970, chegou em 750 m3/s; em 1980, superou 800 e, em 2011, ultrapassou a 1.800 m³/s, pari passu, com o crescimento da população (mais de 14 milhões de habitantes na Grande São Paulo) e da impermeabilização.

A situação piora com os sedimentos carreados, mais o lixo mal acondicionado e mal colocado nas ruas para coleta ou sem coleta, por causa das chuvas, que entopem os bueiros, tubulações, galerias, canais, córregos e aumenta a vazão dos afluentes e do rio Tietê. Há também a água desviada da Bacia do Atibaia-Piracicaba, pelo Sistema Cantareira, o que aumenta a vazão do Tietê em quase 50 m³/s; a qual se junta aquela da captação subterrânea, sem controle de poços e da vazão da ordem de 11/ m³/s. 

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Além de muita chuva, como as águas do Tietê não vêm sendo bombeadas há já algum tempo, via o canal do seu afluente Pinheiros para a represa Billings (essa transposição pode mandar 400 m3/s), tem havido descuido na manutenção das bombas das usinas de Traição e Pedreira, e não tem sido possível evitar as enchentes no canal do Rio Pinheiros, que há anos não aconteciam. 

Time de várzea 

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A ampliação das pistas da Marginal, executada pelo prefeito Serra e proposta pelo prefeito Haddad, melhora o fluxo dos veículos e das águas superficiais, mas, neste caso é maléfico, piora a infiltração na várzea. Na zona leste, a região do Jardim Pantanal (o nome já diz tudo!), um leito antigo e abaixo do nível do Tietê, é um caso de hidráulica e também de gerenciamento. Nada justifica construir um conjunto habitacional convencional naquele local.  Portanto, é preciso cuidado ao retomar a maior ocupação das várzeas, sem eliminar o risco das enchentes, uma vez que vão aumentar a impermeabilização e a velocidade no escoamento das águas. Na várzea, a natureza, no máximo, permite a ocupação com gramado de campinho de time de futebol de várzea. O nome veio da prática esportiva de lazer nas baixadas da cidade. Ambas sumiram juntas.

Obras paliativas e o aumento das enchentes

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O rebaixamento da calha do Tietê executado nos últimos governos do estado, no qual foram gastos R$ 1,7 bilhão, minimiza o problema, porém está provado que não é a solução para as enchentes, ainda mais que mantém as caríssimas operações de desassoreamento, que não têm sido feitas e que facilitam o transbordamento do rio.  

Na verdade, a obra aumentou o volume da calha ou da represa, que é de fato esse trecho acima da Barragem Edgard de Souza/Santana do Parnaíba, não a vazão do rio Tietê, definida pelo canal extravasor, comportas e vertedor daquela barragem. O motivo é geológico – uma garganta que sempre segurou as águas e formou as várzeas – e também hidráulico, pois a barragem, necessária para o sistema de reversão dos rios Pinheiros e Tietê, para alimentar a represa Billings num sistema eficiente de geração de energia na Usina Henry Borden, em Cubatão (semi-parada por motivo ambiental), represa as águas do Tietê. 

Ou seja, no prenúncio de temporal, o Pinheiros e suas duas usinas elevatórias deveriam estar funcionando a toda, e continuar assim na chuva (400m³/s) e Edgard de Souza deixar extravasar o restante (1.434m³/s). Vazão superior ao limite máximo de 1.834m3/s (há quem diga que não dá essa vazão), que a calha assoreada diminui, fazem o rio sair do leito e invadir as várzeas, tal como na enchente de 9 de janeiro de 2010, quando o nível do Tietê subiu 8 e o do Pinheiros 5 metros e se repetiu igual ou maior, um ano depois. 

Então, o importante “Projeto Arco do Futuro”, prioridade da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, conforme plano de governo do prefeito Haddad, prevê a reurbanização da cidade em sua origem, na várzea do Rio Tietê. Está prevista a ampliação das faixas da Marginal, com substituição da rede elétrica aérea para subterrânea e implantação de corredor residencial/comercial, com a construção de piscinão para mitigar enchentes. A solução é um túnel direto ao mar!

As águas correm para o mar

O que fazer? Há duas soluções. Numa, o governo cria coragem e enfrenta os desinformados, com respaldo do Ministério Público e mudança na Constituição de São Paulo (veja você, caro leitor, se isso é matéria de Constituição; o artigo 46 impede o bombeamento das águas do Tietê!), que permita manter o nível da calha do Rio no ponto de espera de enchentes, na época de chuva, evitando também que o médio Tietê receba todo esgoto de São Paulo, que antes era dividido com a Billings. Por isso é preciso tratar o esgoto e mandar a água para a Billings, e gerar energia em Cubatão (800 megawatts, com vazão de 150 m³/s) pela Empresa Metropolitana de Água e Energia (EMAE), que assim terá dinheiro para poder gerenciar as enchentes, a limpeza dos canais dos rios e resolver o problema: fazer, direto ao mar, “um túnel ou ralo” extravasor das enchentes.

Túnel direto ao mar 

Por esse túnel de 10 metros de diâmetro (ou, dois, um de 2  e outro de 8 metros), semelhante ao do metrô, aberto na junção dos Rios Pinheiros e Tietê, com 50 quilômetros de extensão e 750 metros de queda, captando 400m³/s de água, lançados num emissário submarino ou no canal do rio Cubatão, será possível evitar enchentes e encurtar 3.700 km. do percurso de parte das águas do Tietê em direção ao mar. 

Nosso rio de integração, que nasce em Salesópolis, a 840 m. de altitude e a 22 km. do mar, é impedido de chegar até ele pela Serra do Mar. O custo estimado do túnel é de US$ 500 milhões, que poderá ser pago com o aproveitamento das rochas obtidas na perfuração; pela eliminação dos custos das enchentes e das operações contínuas de dragagem para a retirada de lodo, areia e outros materiais que assoreiam anualmente a calha do rio Tietê; com o resultado financeiro obtido na geração de energia; e, eventualmente, com o que será economizado com o menor assoreamento do Canal do Porto de Santos, cuja água doce poluída vai empurrar a areia salgada e evitar a cunha salina em Cubatão. E, sem enchentes, o canal limpo e as águas despoluídas o trecho de 30 km. – entre a barragem da Traição no Rio Pinheiros e a da Penha no Tietê – poderá ser usado como via de transporte público.

A solução radical seria derrubar a Barragem Edgard de Souza, em Santana de Parnaíba. Entretanto, implica perder o que a Companhia City, a Light e o prefeito Prestes Maia, e os últimos governos do estado e da capital, fizeram para urbanizar São Paulo e as várzeas, que garantia a energia que o Sistema Billings deu ao crescimento de São Paulo. Aí, sim, poderia aumentar a vazão do Tietê. Mas, nesse caso, as populações ribeirinhas do Tietê rio abaixo seriam afetadas nos picos de enchentes diárias, semanais, mensais, anuais ou decenais. 

Em síntese, é preciso limpar a cidade, educar a população para cuidar melhor do lixo, despoluir os rios e fazer o túnel extravasor/ralo. Por isso, sem premonição, alerto a população, o prefeito Fernando Haddad, o governador Geraldo Alkmin e demais autoridades públicas que, infelizmente, as enchentes vão continuar. Cada um de nós precisa fazer sua parte e os governos têm de agir rápido, em vez de todo ano tirar a mesma lama do Rio, pois é melhor abrir um túnel direto ao mar. 

*Geólogo, ex-professor da USP e da UFMG; ex-diretor da Eletropaulo e ex-presidente da CPFL - Companhia Paulista de Força e Luz.

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