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Brasil

Indignada, médica da Fiocruz diz que não há nada que possa justificar a falta de insumos para vacinas (vídeo)

Pesquisadora Margareth Dalcolmo chama a diplomacia brasileira de “incompetente” e acusa o governo federal de falhar miseravelmente na tarefa de garantir que os insumos da vacina contra a Covid-19 cheguem ao Brasil no prazo contratado

(Foto: Reprodução)
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Por Eliane Lobato, para o 247 - A pneumologista Margareth Dalcolmo atribui à “incompetência diplomática do Brasil” o atraso da entrega da matéria-prima para a vacina da Covid-19, anunciado ontem pela China. A médica fez o desabafo ao receber o Prêmio São Sebastião de Cultura, dado pela Arquidiocese do Rio do Janeiro, em evento comandado pelo bispo Dom Orani Tempesta, nesta terça-feira (19), na capital. “É absolutamente inaceitável que tenhamos recebido a notícia de que as vacinas não virão da China. E também não virão da Índia. Nada justifica que o Brasil não tenha capacidade competitiva de servir a seu povo, a não ser a desídia absoluta, a incompetência diplomática que não permite que cada um dos brasileiros esteja - amanhã, nos próximos dias ou meses -, de acordo com o cronograma elaborado, recebendo a única solução que há para a Covid 19, a vacina.”

Dom Orani ficou calado, apesar das palavras dramáticas proferidas por homenageados ou representantes na cerimônia. Como a atriz Beth Goulart, que representou a mãe, a também atriz Nicette Bruno, falecida  recentemente devido à Covid-19.  “Estamos todos com um grito de revolta na garganta. Talvez, se a vacina tivesse chegado ela pudesse ter sobrevivido”, disse Beth. Foi de Carlos Alberto Serpa, presidente do Conselho Cultural da Arquidiocese, a iniciativa de pedir uma oração em memória dos 1% de brasileiros mortos na pandemia, até agora. 

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Se o bispo católico ficou em silêncio, Margareth, não. Emocionada, ela apontou o enorme fracasso do governo brasileiro que não foi capaz, sequer, de garantir o sistema de cooperação tão bem costurado, e com tanta antecedência, pela comunidade científica da Fiocruz, onde ela trabalha, e a China. “Nenhuma explicação poderia justificar isso. O acordo foi estabelecido ponto a ponto desde agosto do ano passado para que a Fundação Oswaldo Cruz tivesse a sua linha de produção pronta. E é lamentável que as missões diplomáticas tenham fracassado a esse ponto.”

A especialista me disse, hoje, que “a sociedade brasileira deve ser conclamada à sua consciência cívica para lutar pelos seus direitos. E o direito primordial, agora, é a vacina.” Margareth citou os médicos que estão desde os primeiros momentos ao longo dos 11 meses da pandemia ao lado dos pacientes. “Quantas coisas vivemos, quantos testamentos vimos ser trocados, quantas pessoas ajudamos a morrer, quantas notícias tristes nós demos às famílias. Em casos graves, quando a porta se fecha, sabemos que talvez aquela pessoa nunca mais verá ninguém, se ela morrer, a não ser os nossos olhos atrás de óculos e máscaras.” A vivência limítrofe, segunda ela, não torna os médicos “mais poderosos ou sábios.” Ao contrário: “Nos torna mais humildes, mais atentos com o outro. E é com base nessa atenção que lhes digo que não há nada neste momento que justifique o que acontece agora. Independentemente de todo o nosso esforço, lamento dar essa noticia triste.”

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Em nota, a Fiocruz informou que o atraso do envio dos insumos para a produção da vacina provocará “impacto sobre o cronograma de produção inicialmente previsto de liberação dos primeiros lotes entre 8 e 12 de fevereiro”. A Fundação só voltará a se pronunciar sobre datas quando o envio da matéria-prima for confirmado. Tanto a produção da vacina Oxford/Astrazeneca quanto a da CoronaVac, do Instituto Butantan, estão comprometidas.

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