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Instituto Vladimir Herzog lança núcleo para defender Comissão da Verdade e ser "pedra no sapato" do governo Bolsonaro

Instituto Vladimir Herzog lançou um projeto de monitoramento e defesa da Comissão Nacional da Verdade (CNV) para ser uma "pedra no sapato" do governo Jair Bolsonaro. "Núcleo Monitora" pretende não só monitorar a aplicação das ações recomendadas pela CNV como também agir em função de protegê-las. É a primeira vez que a sociedade civil se organiza nesse sentido

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Sputnik - Um projeto de monitoramento e defesa da Comissão Nacional da Verdade (CNV) está sendo lançado pelo Instituto Vladimir Herzog e quer ser uma 'pedra no sapato' do governo brasileiro. A Sputnik Brasil ouviu o diretor-executivo do instituto para explicar a atuação do núcleo.

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei 12528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012, no governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

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O chamado "Núcleo Monitora", do Instituto Vladimir Herzog, pretende não só monitorar a aplicação das ações recomendadas pela CNV como também agir em função de protegê-las. É a primeira vez que a sociedade civil se organiza nesse sentido.

O núcleo foi lançado nesta quarta-feira (25), no "Seminário Internacional Violência de Estado e Impunidade: recomendações da CNV 5 anos depois". É a primeira vez que a sociedade civil se organiza nesse sentido desde 2012, quando a CNV foi criada.

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A Comissão da Verdade foi instituída para apurar violações de direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988 para efetivar o direito à memória e a verdade. O período investigado compreende também a Ditadura Militar, que teve início em 1964. O relatório final da CNV foi apresentado em 2014, durante o governo de Dilma Rousseff, contendo 29 recomendações a serem implementadas pelo governo.

'Uma pedra no sapato do Estado brasileiro'

Para explicar as ações e o contexto em que se insere o Núcleo Monitora, a Sputnik Brasil entrevistou Rogério Sottili, diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog.

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"O Núcleo Monitora CNV pretende se constituir em uma pedra no sapato do Estado brasileiro. Nós queremos incomodar, nós queremos pressionar, nós queremos cobrar para que o Estado brasileiro cumpra e execute as recomendações da Comissão Nacional da Verdade", afirma Rogério Sottili em entrevista à Sputnik Brasil.

O diretor-executivo explica que o núcleo pretende fazer uma seleção dentre as 29 recomendações da CNV e a partir daí iniciar os trabalhos para promover o cumprimento delas. Dentre elas, duas já foram selecionadas, sobre a Lei da Anistia e o sistema de perícias.

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"Queremos que o Supremo Tribunal Federal [STF] construa uma reinterpretação da Lei da Anistia que possibilite a reinterpretação criminal para aqueles que cometeram crimes internacionais, crimes de lesa-humanidade", afirma, acrescentando que esse tipo de crime não pode ser anistiado.

A outra recomendação a ser trabalhada de início pelo núcleo tratará do sistema de perícia.

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"A gente quer que o sistema de perícia produza de fato peças que não sejam peças de apoio à acusação, mas que sejam peças que construam uma base fundamental para a Justiça Criminal", aponta.

A expectativa de Sottili é de que um relatório detalhando a atual situação de ambas as recomendações, e também o que deve ser feito para que sejam plenamente implementadas como políticas públicas, seja lançado até dezembro deste ano.

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Clima político deu impulso para criação do núcleo

Sotilli explica que a criação do núcleo é motivada pelo atual momento político do país, que vem criando percalços para a implementação das recomendações da CNV.

Para o diretor-executivo, os governos anteriores mantiveram o avanço de algumas recomendações, o que tem mudado desde a eleição de 2018.

"O fato é que nesses governos [do PT], em algumas recomendações que foram depois aprovadas pela Comissão Nacional da Verdade, já estava sendo dado início às suas execuções", afirma.

A mudança no clima, aponta, pode ser exemplificada no caso do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT).

"Por exemplo, o Mecanismo de Combate à Tortura também foi criado lá atrás no governo do presidente Lula e depois no da presidenta Dilma, foi mantido no governo do presidente Temer, e foi desmantelado no governo Bolsonaro", explica.

Em junho, um decreto presidencial exonerou peritos do MNPCT e mudou o sistema de seleção, submetendo futuras indicações à aprovação do presidente. O decreto foi derrubado no dia 12 de agosto pela Justiça Federal do Rio de Janeiro.

Sottili cita ainda outras políticas relacionadas, como a sobre o trabalho escravo e a educação em direitos humanos. Para ele, as medidas vinham, mesmo que de forma incipiente, sendo implementadas.

"Com a eleição do Bolsonaro, há um desmantelamento, você para com o processo de construção dessas políticas", afirma.

Diante dessas medidas, Sottili acredita que o núcleo criado assume a responsabilidade de pressionar pelas recomendações.

"Nós da sociedade civil agora, nesse momento, não acreditamos que o governo brasileiro fará isso [implementar as recomendações] e assumimos para nós a responsabilidade de construir esse órgão de seguimento", assevera.

CNV quebrou com tradição histórica brasileira

Sottili acredita que a CNV foi um processo tardio, o que faria parte da tradição brasileira, como no caso da escravidão indígena e negra.

"O Brasil tem um problema grave - fundamental a gente compreender isso - de que o Brasil nunca trabalhou de forma adequada todos os processos de violência da História do Brasil", afirma.

Por isso mesmo o diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog entende que a CNV foi um processo importante.

O relatório final da CNV tem 29 recomendações que incluem a responsabilização pelos crimes cometidos no período apurado, como aconteceu em outros países da América do Sul.

"Se forem cumpridas e executadas tenho certeza que o Brasil passaria a dar um passo importante para um outro momento da sua História, inclusive apurando, identificando e responsabilizando criminalmente todos aqueles que cometeram crimes de lesa-humanidade", aponta.

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