CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Brasil

Luis Miguel: ‘Bolsonaro se ocupa de fornecer o circo enquanto escasseia o pão’

"A reforma da Previdência aprovada é uma tragédia para as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros", escreve o analista político Luis Felipe Miguel. "Enquanto isso, Bolsonaro se fantasia de palhaço para ir a uma cerimônia no Japão. Sei que não é de caso pensado, mas parece que ele se ocupa de fornecer o circo enquanto escasseia o pão"

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Luis Felipe Miguel, em seu Facebook 

A reforma da Previdência aprovada ontem é uma tragédia para as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. E é emblemático que ela ocorra no exato momento dos protestos do Chile - país apresentado por Paulo Guedes e seus acólitos como modelo e inspiração.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O debate sobre a reforma da Previdência foi marcado pela desinformação, pela mentira e pela má fé. De cara, já foi enquadrado como uma questão contábil, vetando a discussão sobre direitos; e, nessa leitura contábil, as equações foram enviesadas para inchar o "déficit" que tornaria a reforma inadiável. E, como mostraram os economistas da Unicamp, mesmo assim os resultados foram falsificados pelo Ministério da Economia.

A exposição das manobras teve repercussão igual a zero. A mídia continuou repetindo os números falsos, o Congresso não retomou o debate. O objetivo, que já era claro, ficou claríssimo: não se trata de equilibrar contas. Trata-se de ampliar a exploração do trabalho.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O "desequilíbrio das contas" precisa continuar na ordem do dia, a fim de justificar novas reformas regressivas. Por isso, conforme a aprovação da redução dos direitos previdenciários tornava-se mais certa, o discurso mudava. Para Guedes e para os economistas e jornalistas a seu serviço, a reforma da Previdência não é mais a panaceia antes anunciada.

Agora, a agenda é uma reforma administrativa que destrua o serviço público no Brasil, o fim dos gastos obrigatórios em áreas como educação ou saúde e uma reforma tributária para, uma vez mais, beneficiar os mais ricos.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Alguém duvida que eles vão aprovar o grosso disso tudo? Olhemos para os números da reforma da Previdência. Foi um passeio.

Não é que as pessoas não soubessem que a reforma era nociva a seus direitos, a seus interesses. Sabiam. Mas não houve mobilização, não em medida que fosse remotamente suficiente para barrá-la.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Outro dia escrevi aqui sobre a passividade do povo brasileiro e muita gente não gostou. Acredito, por algumas reações, que acharam que eu estava apontando uma falha moral ou um defeito genético. Vi textões exaltando a história de lutas aqui ocorridas. Herança, talvez, da visão romântica de que "o povo", sempre puro e bom, deve sempre ser louvado.

Mas a questão não é de pureza ou bondade. É entender o que, nos mecanismos de dominação aqui implantados, faz com que as reações sejam tão fracas diante da iniquidade do nosso mundo social. Cheguei a insinuar, provocativamente, uma resposta parcial: "enquanto a preocupação maior for montar as chapas para as eleições do ano que vem, não sairemos disso".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O fato é que é difícil não ceder à tentação do desespero quando se olha para o Brasil. Do fim da ditadura até Dilma, avançamos a passo lento, poucas vezes ensaiando um trote em uma ou outra questão, não raro amargando paradas e mesmo retrocessos. Do golpe de 2016 para cá, estamos recuando a galope e, a partir de Bolsonaro, de maneira ainda mais acelerada.

O que perdemos nesses poucos anos e o que tudo indica que ainda vamos perder no futuro próximo foi construído ao longo de gerações. Quantas gerações serão necessárias para recompor tudo isso?

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Enquanto isso, Bolsonaro se fantasia de palhaço para ir a uma cerimônia no Japão. Sei que não é de caso pensado, mas parece que ele se ocupa de fornecer o circo enquanto escasseia o pão.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO