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Brasil

Marcelo Auler: Cármen Lúcia alimenta o sonho da direita

No jantar com empresários e jornalistas, no restaurante Piantella, em Brasília, a ministra Cármen Lúcia jogou uma pá de cal nas esperanças do ex-presidente Lula aguardar em liberdade os recursos para que os tribunais superiores revejam a condenação que lhe foi imposta pela 8ª Turma do TRF-4; a ministra não admite rediscutir a prisão do condenado em segunda instância, como foi decidido pelo Supremo em 2016, apenas por conta da condenação do ex-presidente

30/06/2017- Brasília- DF, Brasil- A presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia durante sessão plenária extraordinária no STF. Esta é a última sessão antes das férias forenses dos ministros Foto: José Cruz/EBC/FotosPúblicas (Foto: Charles Nisz)
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Blog Marcelo Auler - O que tem a ver a conversa da presidente do STF, Cármen Lúcia, em um jantar promovido pelo site “Poder 360”, na última segunda-feira (29/01), com um antigo estudo do cientista político David Samuels, da Universidade de Minnesota, publicado no Brasil, em 2004? Tudo.

No jantar com empresários e jornalistas, no tradicional restaurante Piantella, em Brasília, a ministra jogou uma pá de cal nas esperanças do ex-presidente Lula aguardar em liberdade os recursos para que os tribunais superiores revejam a condenação que lhe foi imposta pela 8ª Turma do TRF-4. Ela não admite que se rediscuta a prisão do condenado em segunda instância, como foi decidido pelo Supremo em 2016, apenas por conta da condenação do ex-presidente.

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“Não sei por que 1 caso específico geraria uma pauta diferente. [analisar o tema por causa do Lula] Seria realmente apequenar muito o Supremo. Não conversei sobre isso com ninguém”, afirmou a presidente do STF.

Ou seja, da parte dela não há qualquer ânimo em colocar esta questão novamente para ser apreciada pelos demais 10 ministros que compõem aquela Corte, antes de março deste ano. Caso prevaleça sua tese, afasta de vez a possibilidade do ex-presidente participar das eleições. Ainda que indiretamente, levantou a mesma bandeira que a direita e os adversários de Lula agitam por saberem da força eleitoral do ex-metalúrgico, como ficou provada há muito tempo, pelo norte-americano Samuels.

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O pesquisador da Universidade do Minnesota, depois de cruzar vários dados com resultados de eleições presidenciais e pesquisas de opinião, concluiu – o que todos nós já sabíamos: o Lula é maior que o PT. Ele percebeu, manuseando a numeralha, que 65% dos brasileiros das mais diferentes classes sociais deram ao ex-presidente  em uma escala de 0 a 10 a nota máxima.

O mesmo não acontece com o partido que ele ajudou a fundar: o PT. Pelos critérios adotados pela cientista político americano o Partido dos Trabalhadores recebeu nota inferior a 5.

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Quem estiver interessado em maiores detalhes sobre este trabalho de Samuel, realizado em 2002, poderá encontrá-lo no  artigo As Bases do Petismo, na edição nº 10, de outubro de 2004, da revista “Opinião Pública”, edita pela Universidade de Campinas – Unicamp.

Cultuado pela direita brasileira, Samuels e seus estudos econométricos, com este trabalho, deu um dos primeiros alertas de que algo teria que ser feito para barrar a trajetória do principal líder político do País, antes mesmo dele assumir o poder em 2003.

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Dez anos depois destas conclusões de Samuels, um grupo de lideres latinos americanos, empresários e políticos reuniram-se, em dezembro de 2012, num hotel em Atlanta, nos Estados Unidos. Discutiram como definir um grande plano para evitar que lideranças de esquerdas ou de centro esquerda continuassem presidindo a maioria dos países da América do Sul. Tal como noticiamos em A reação do Sul ao “Plano Atlanta”.

A ministra Cármen Lúcia, nomeada para o STF por Lula, apesar de suas fortes ligações com o PSDB de Aécio Neves, ao lavar as mão publicamente diante da possibilidade da prisão do ex-presidente nada mais faz do que alimentar um velho mantra da direita, ainda que por elas foi envolto nas explicações do juridiquês:

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só golpeando, prendendo ou matando Lula, teremos chances de chegar ao poder novamente”.

Tanto os estrategistas da direita quanto o mais primário dos assessores políticos sabem que, por mais admirado que um candidato seja, há sempre uma perda de, mais ou menos, 40% dos votos, quando ele tenta transferi-los para outro pretendente.

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Um fato inédito, por exemplo, foi o de Anthony Garotinho, aqui no Rio, quando transferiu 70% do seu prestigio para a sua mulher Rosinha Garotinho, que ganhou o governo do Rio, em 2003, com expressiva votação no primeiro turno.

Quando elegeu Dilma Rousseff, presidente da República (nos dois mandatos) e Fernando Haddad, para a Prefeitura de São Paulo, Lula sempre soube que era maior do que os resultados conquistados nas urnas pelos candidatos por ele apoiados.

Os estrategistas do PT imaginavam levar a atual candidatura presidencial de Lula até o último momento. De maneira que a foto dele pudesse aparecer nas urnas eletrônicas. A legislação eleitoral, contudo, estabelece que a troca de candidato só seja aceita 20 dias antes do pleito.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann e o próprio Lula têm desautorizado qualquer discussão em torno do Plano B (as alternativas para a hipótese de Lula ser definitivamente impedido de concorrer, em outubro vindouro).

É obvio que ninguém é bobo neste universo. O mais inocente deles é capaz de tirar as meias sem descalçar os sapatos.  Ou seja, o PT sabe, exatamente, como procederá tão logo as eleições se aproximem.

O grande problema da direita é que, até agora, não conseguiram encontrar um nome capaz de contagiar o eleitorado.

Os “almofadinhas” Dória e Luciano Huck tropeçaram nas próprias pernas e foram calcinados antes de colocar as cabeças de fora. O único direitista que vingou até o momento atual foi Jair Bolsonaro.

Mesmo adestrado pelo economista e banqueiro Paulo Guedes, Bolsonaro não sensibiliza o establishment e causa calafrios no chamado “mercado”.

Já estão se encarregando de destroçá-lo, ao longo da corrida presidencial. Só continua por ai dizendo asneiras e inflamando a ultra-direita por que os mandachuvas de plantão não conseguiram encontrar um nome palatável entre eles.

Sonhavam com Geraldo Alckmin, governador de São Paulo pelo PSDB, mas o “picolé de chuchu” não decola nas pesquisas de opinião nem com reza forte. Tem entre magérrimos 5 e 7% das intenções de voto.

O divertido nisso tudo será se, apesar dos prognósticos de Samuels e a determinação da ministra Cármen Lúcia e dos seus pares no STF de ferrarem Lula, o PT ganhar a eleição de 2018 indicando outro poste.

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