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Marcelo Auler: Governo golpista cria rebelião na Fiocruz

Marcelo Auler, em seu blog, conta que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, está dando um gol de mão na Fundação Oswaldo Cruz, uma das mais importantes instituições de pesquisa em Saúde da América Latina; "A notícia de que o governo golpista de Michel Temer decidiu nomear para a presidência da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz (2017/2020), a segunda candidata mais votada nas eleições internas de novembro é vista como um golpe dentro da instituição e provocou reação imediata", diz; leia publicação na íntegra

Marcelo Auler, em seu blog, conta que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, está dando um gol de mão na Fundação Oswaldo Cruz, uma das mais importantes instituições de pesquisa em Saúde da América Latina; "A notícia de que o governo golpista de Michel Temer decidiu nomear para a presidência da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz (2017/2020), a segunda candidata mais votada nas eleições internas de novembro é vista como um golpe dentro da instituição e provocou reação imediata", diz; leia publicação na íntegra (Foto: Valter Lima)
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Marcelo Auler, em seu blog - A notícia de que o governo golpista de Michel Temer decidiu nomear para a presidência da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz (2017/2020), a segunda candidata mais votada nas eleições internas de novembro é vista como um golpe dentro da instituição e provocou reação imediata. A informação da escolha de Tânia Cremonini Araújo-Jorge, desrespeitando uma tradição seguida há anos, foi publicada quinta-feira (29/12) na coluna Panorama Político, de Ilimar Franco, em O Globo. Mesmo em recesso, na manhã desta sexta-feira, 30/12, haverá uma reunião do Conselho Deliberativo da Fiocruz composto pela presidência da instituição e os diretores das unidades. Uma mobilização de trabalhadores ocorre paralelamente, mesmo sem o Sindicato ter convocado assembleia. Haverá uma vigília à espera do pronunciamento do Conselho.

A decisão do engenheiro civil Ricardo Barros, que no governo golpista de Michel Temer comanda a pasta da Saúde, demonstra que a turma que ocupou o Palácio do Planalto com o golpe do impeachment não respeitará os processos democráticos existentes há décadas. Na Fiocruz, a eleição do presidente foi instituída logo após a gestão de Sérgio Arouca (1985/1988). Barros, provavelmente cumprindo ordens do Planalto, está gerando uma nova crise em um governo que segue aos trancos e barrancos. Em sete meses já perdeu seis ministros e têm diversos outros ameaçados por possível envolvimento em casos de corrupção. Agora atrai a ira de servidores da Fiocruz e de instituições acadêmicas que defendem o processo eleitoral.

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Ministro brincando com fogo – Nas palavras de um dirigente da Fiocruz, ou se nomeia a primeira colocada, Nísia Verônica Trindade Lima (2.556 votos em primeira opção – 59,7 % – e 534 votos em segunda opção), respeitando-se o processo que vem desde o final da década de 1980, ou então haverá uma crise. Da eleição participaram 4.415 servidores, o que correspondeu a 82,1% dos servidores. Tânia Cremonini Araújo-Jorge, teve 1695 votos em primeira opção (39,6 %) e 656 votos em segunda opção. “A segunda colocada não dirige a Fiocruz. O ministro está brincando com fogo. Uma alternativa do segundo colocado na Fiocruz não dirigirá a instituição. O ministro não compreende a Fiocruz. O ministro não sabe com o que está lidando; não conhece nosso caráter democrático, histórico. Nunca houve uma intervenção desse tipo, salvo na época da ditadura e do Collor, e nós não acreditamos que isso ocorrerá agora. A resistência será grande e as mobilizações externas, de parlamentares, Academias, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e por ai vai, já estão ocorrendo”, alerta o dirigente.

Discurso ladeira abaixo – O que vem surpreendendo a todos é a movimentação da cientista e educadora Tânia Cremonini, pesquisadora da Fiocruz desde 1983. Afinal, ela própria, na apresentação de sua candidatura, deixou claro:

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“Nunca sou neutra, sempre me posiciono. Não sou de me calar nem de me omitir, e sou reconhecida por nunca partidarizar minhas ações em ciência e tecnologia. Disputei duas eleições no IOC com outros colegas e após as eleições trabalhamos juntos pelas ações e pela unidade institucional“.

Se não estava acostumada a partidarizar suas ações, agora, parece que se sentiu mordida pela mosca azul e jogou por ladeira abaixo o discurso de campanha quando falou em gestão democrática, participativa e forte apoio interno para levar a missão da Fiocruz adiante:

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“Tenho credibilidade por atuar decisivamente em minha gestão como diretora em três cláusulas pétreas essenciais da Fiocruz: gestão democrática e participativa, compromisso social, e criação de mecanismos que assegurem a sua eficiência e eficácia gerencial. E defendi fortemente nos últimos congressos internos as outras duas cláusulas pétreas da Fiocruz: ser uma Instituição pública e estatal e manter-se integralizada, sem pulverizações. Defendi que a Fiocruz precisa estar muito unida e coesa para implementar mudanças da magnitude proposta, cumprindo sua missão e visão. E que, para isso, não deveríamos nos apressar em tomar decisões sem maturidade e sem forte apoio interno”.

Caso aceite a nomeação – e ao que dizem, ela esteve em Brasília negociando-a -, Tânia Cremonini não contará com o apoio da maior parte da Fiocruz, inclusive de muitos de seus eleitores, conforme preconizam alguns membros da instituição. A experiência democrática da instituição lutará pela nomeação da mais votadas, a doutora em sociologia e servidora da Fiocruz há três décadas, Nísia Lima.

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Após a ditadura militar, em uma única fez a primeira opção da lista não foi seguida pelo governo. Foi durante a intervenção do governo Collor de Mello, como explica um dos diretores atuais:

“Ele fez uma intervenção e nós tivemos que negociar, não colocamos nenhum da lista, mas um pesquisador da Fiocruz em combinação, na época, com o ministro Alceni Guerra. Quando acabou o governo Collor, voltamos para a lista. Já era Itamar Franco. Os dois primeiros da lista anterior estavam fora do país. Já se tinham passado dois anos. Por isso entrou o terceiro. Mas foi algo totalmente negociado com o primeiro e o segundo da lista que não podiam assumir, pois estavam no exterior. De lá para cá sempre é o primeiro que é nomeado. Nunca houve outra alternativa”.

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Na visão deste diretor da Fiocruz, o engenheiro civil Barros, que está ministro da Saúde, é “irascível e autoritário”:

“O ministro, eu diria que é uma pessoa irascível e é absolutamente autoritário. Infelizmente ele encontrou na segunda candidata alguma alternativa de meter a mão na Fiocruz. Entenda isso como quiser. A Fiocruz sempre foi imune a indicações políticas, nunca esteve envolvida em mal feitos. Aparentemente, e infelizmente constatamos isso, essa segunda candidata, a pesquisadora Tânia de Araújo Jorge, deve ter feito alguma articulação. Não há motivo para ele fazer a indicação da segunda por ter um projeto melhor. Não existe isso. Ela é uma candidata que não terá apoio de nenhum diretor da Fiocruz, não irá conseguir governar em hipótese alguma“, prevê.

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