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Marcio Pochmann: sem planejamento, agenda econômica não acontece

O economista Marcio Pochmann afirma que há dois ingredientes tóxicos no entorno do governo Bolsonaro: crise econômica e neoliberalismo superficial; ele diz: "até o presente momento, Bolsonaro sequer explicitou qualquer planejamento do desenvolvimento econômico para os próximos quatro anos, apresentando medidas mais recessivas para a já combalida economia"

Marcio Pochmann: sem planejamento, agenda econômica não acontece (Foto: Agência Brasil)
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Da Rede Brasil Atual - Apresentada por porta-vozes do rentismo e propagandistas neoliberais como administrações incompetentes e esbanjadoras de recursos da população, os governos estaduais e municipais estão sendo empurrados para a liquidação dos sistemas públicos de aposentadoria e pensão. Dessa forma esperam aliviar a asfixia fiscal a qual estão submetidos pelos cinco últimos anos de economia paralisada.

Acontece que a solução prometida a governadores e prefeitos dificilmente virá da realização de reformas previdenciária e privatizante na administração pública. Infelizmente não se trata apenas de equívoco atinente à visão prisioneira do "curtoprazismo", mas à superficialidade neoliberal ao difundir saídas simples para questões complexas, como na crença de centralizar no Estado as razões dos males do país.

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Das crises do capitalismo, em geral, coube ao Estado e de forma crescente a superação, sempre funcional ao circuito vital da acumulação de riqueza. Na crise atual, que já completa dez anos desde o seu início, em 2008, acumulam-se fracassos de saídas propostas pelo neoliberalismo, que salvam os ricos, cada vez mais ricos e que, combinadas ao desmanche do Estado de bem estar social, provocam crescente empobrecimento populacional e o enxugamento da classe média.

Após mais de uma década de inversão nas prioridades governamentais impostas por administrações petistas, constatou-se que todas as unidades da federação cresceram positivamente, sendo as menos desenvolvidas com maior ritmo de expansão. Assim, as regiões do Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram dinamismo econômico e o avanço social mais intenso ao observado nas regiões Sudeste e Sul.

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Por força disso, estados e municípios conseguiram se afastar de graves problemas fiscais, que voltaram à tona com a recessão a partir de 2015. Cinco anos depois, menos de 1/3 das unidades da federação terá conseguido retornar ao nível de produção e renda alcançada em 2014.

Em síntese, dois a cada três estados da federação encontram-se com o nível de atividade inferior ao de cinco anos atrás, o que impede, sincera e objetivamente, de haver qualquer equilíbrio nas contas governamentais, mas apenas a dilapidação do patrimônio público e a regressão social.

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Também nas unidades subnacionais que conseguem retornar ao nível econômico de 2014, basicamente por estarem conectadas ao exterior, por força de exportações de produtos primários, a situação fiscal não é das melhores.

Neste contexto, o problema fiscal resulta direta e indiretamente da gravidade econômica e social pela qual o país, como um todo, encontra-se submetido por conta e ordem da aplicação do receituário neoliberal desde 2015. Qualquer encaminhamento político que não passe pela retomada urgente do crescimento econômico tende a ser inadequado à solução fiscal permanente, ademais de socialmente regressivo.

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Até o presente momento, constata-se que a área econômica do governo Bolsonaro sequer explicitou qualquer planejamento do desenvolvimento para os próximos quatro anos. O que apresentou, contudo, remete fundamentalmente para medidas ainda mais contracionistas para o comportamento da já combalida economia nacional.

Se for agregada à perspectiva internacional, que aponta para a desaceleração da economia global, o rumo do crescimento da produção e renda dos brasileiros em 2019 parece estar praticamente comprometido. Dessa forma, as reformas previdenciária e privatizante da administração pública são uma não resposta ao grave problema fiscal das unidades federativas.

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As mudanças no formato da administração pública, com medidas que aperfeiçoem o atual sistema de aposentadoria e pensão, sempre serão necessárias, quando compatíveis com a perspectiva de redistribuição mais equitativa dos frutos do desenvolvimento econômico. Não o contrário – a destruição do sistema público de seguridade social – que o governo Bolsonaro parece desejar e os porta-vozes do rentismo e propagandistas neoliberais a defendem diuturnamente.

Marcio Pochmann é professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, ambos da Universidade Estadual de Campinas.

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