Mercadante cobra apuração sobre alterações em perfil de Paulo Freire
Ex-ministro da Educação cobrou do governo interino de Michel Temer apuração sobre as alterações realizadas no perfil do educador Paulo Freire na Wikipedia a partir de um computador do Serpro, órgão do governo federal; Mercadante disse que é "inadmissível que os ataques feitos ao patrono da educação brasileira, a partir de uma rede de computadores sob responsabilidade do estado brasileiro, sejam ignorados e fiquem sem os devidos esclarecimentos"
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247 - O ex-ministro da Educação do governo Dilma, Aloizio Mercadante, cobrou do governo interino de Michel Temer apuração sobre as alterações realizadas no perfil do educador Paulo Freire na Wikipedia a partir de rede do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Em declaração ao 247, nesta segunda-feira (4), Mercadante disse que é "inadmissível que os ataques feitos ao patrono da educação brasileira, a partir de uma rede de computadores sob responsabilidade do estado brasileiro, sejam ignorados e fiquem sem os devidos esclarecimentos".
Na última quinta-feira (28), o artigo que traz a biografia de Freire na enciclopédia livre foi alterado com informações que atribuem ao educador a origem da "doutrinação marxista" nas escolas e universidades. No verbete editado, consta que Freire participou da última grande reforma da legislação educacional que resultou em um ensino "atrasado, doutrinário e fraco". "Os autores desse absurdo devem ser identificados e responsabilizados", afirma Mercadante.
Grupo que monitora as alterações feitas em páginas da Wikipedia identificou que as mudanças partiram de uma rede do Serpro. Em nota, a empresa de tecnologia da informação do governo federal disse que a alteração não partiu de suas instalações, mas de um órgão público federal que não pode ter o nome divulgado por questões contratuais. O Serpro administra a rede que provê acesso à internet tanto em instalações do próprio órgão como em instituições públicas em todo o país.
Os parágrafos inseridos no artigo foram retirados de um texto publicado no site do Instituto Liberal com o título "Paulo Freire e o Assassinato do Conhecimento". O texto é assinado por um integrante da rede Estudantes Pela Liberdade e do Movimento Universidade Livre.
"Não é possível que assunto de tamanha gravidade seja ignorado pelo governo interno e provisório", afirmou Mercadante. "Nós temos que defender Paulo Freire. Estamos falando do patrono da educação brasileira", disse o ex-ministro.
Mercadante relembrou da postura do governo Dilma, no caso em que os perfis dos jornalistas Carlos Alberto Sardenberg e Míriam Leitão foram alterados na Wikipedia a partir de rede do Palácio do Planalto em 2014. "Nosso governo, respeitando todo o direito de ampla defesa e do contraditório, instalou uma Comissão de Sindicância Investigativa, identificou o responsável e tomou todas as medidas cabíveis", afirmou.
A viúva do educador, Nita Freire, também protestou contra as alterações realizadas no perfil de Paulo Freire na Wikipédia. Em carta aberta ao presidente interino, Nita cobra "interferência para que se restabeleça a Justiça e a Verdade".
De acordo com a carta de Nita, "é inconcebível que numa sociedade democrática se divulgue frases carregadas de ódio e de preconceito como: 'Paulo Freire e o Assassinato do Conhecimento' absurda e ironicamente, no ano em que Paulo Freire está sendo considerado nos EEUU como o terceiro intelectual do mundo, de toda a história da humanidade, mais citado, portanto mais estudado nas universidade norte-americanas, que, a princípio são contra o marxismo".
A principal obra do educador pernambucano Paulo Freire, "Pedagogia do Oprimido" (1968), é a terceira mais citada mundialmente em trabalhos da área de humanas, segundo um levantamento realizado no Google Scholar, ferramenta de pesquisa dedicada à literatura acadêmica. O pedagogo também é referência nacional nas pesquisas da área.
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