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Brasil

Movimento de ocupações: em cada escola luta, união e rebeldia

Em artigo para o Nexo Jornal, os estudantes secundaristas Marcelo Santos, Matias Iansen e Sara de Barcelos defendem as ocupações de escolas e a luta do movimento estudantil por melhorias na Educação e contra retrocessos; "Ninguém nunca nos pergunta nada sobre a escola. Não somos importantes? Não temos direitos? A ocupação nos mostrou que temos", afirma; "Quando ocupamos, ocupamos com nossas pautas de reivindicações mas também ocupamos para mudar a maneira vertical como se decidem as coisas"

Em artigo para o Nexo Jornal, os estudantes secundaristas Marcelo Santos, Matias Iansen e Sara de Barcelos defendem as ocupações de escolas e a luta do movimento estudantil por melhorias na Educação e contra retrocessos; "Ninguém nunca nos pergunta nada sobre a escola. Não somos importantes? Não temos direitos? A ocupação nos mostrou que temos", afirma; "Quando ocupamos, ocupamos com nossas pautas de reivindicações mas também ocupamos para mudar a maneira vertical como se decidem as coisas" (Foto: Aquiles Lins)
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Por Marcelo Vinícius de Oliveira Santos, Matias Iansen e Sara Soares de Barcelos, no Nexo Jornal - A indignação que despertou milhares de estudantes fez com que fizéssemos um grande levante da juventude secundarista. O fenômeno das ocupações de escolas mostrou um novo método de movimento estudantil.

A precarização da educação não é novidade, nossa realidade é escola com estruturas precárias, falta de professores, falta de quadras poliesportivas, laboratórios, papel higiênico, lanche, entre outras coisas.

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Em 2015, os estudantes secundaristas de São Paulo emparedaram o governo Alckmin com as ocupações de escolas e derrotaram o projeto de fechamento das escolas. Inspirados e contagiados por São Paulo, os secundaristas ocuparam as escolas de todo Brasil. Alguns estados ocuparam posteriormente a SP, mas o que vemos dessa vez é um movimento de fato nacional.

O governo ilegítimo de Temer mostrou logo de início que sua prioridade é governar para os de cima. Já ocupamos mais de 1.000 escolas em todo o Brasil, contra a PEC 241 - que tem a finalidade de congelar por 20 anos os gastos em educação e saúde -, contra a reforma do ensino médio e contra o projeto de lei "Escola sem partido" - com censura.

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A ocupação é um movimento em que nos sentimos parte da escola, é um espaço democrático em que todos têm voz, diferente do que costuma ser a própria escola. A ocupação nos garante um espaço sem opressão e que seja emancipador. Por isso, quando ocupamos, ocupamos com nossas pautas de reivindicações mas também ocupamos para mudar a maneira vertical como se decidem as coisas.

Ninguém nunca nos pergunta nada sobre a escola. Não somos importantes? Não temos direitos? A ocupação nos mostrou que temos. Ocupamos porque lutamos por uma educação pública e de qualidade, mesmo que muitos insistam em dizer que é porque somos vagabundos, massa de manobra, etc. Aliás, por que, até mesmo quando a juventude decide tomar a política em suas mãos, ainda insistem em nos taxar de fúteis e desocupados?

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As ocupações são verdadeiras aulas públicas de construção coletiva. Na ocupação temos que organizar nossa alimentação, segurança, comunicação e cuidar de toda nossa escola - organizamos tudo via comissões que são identificadas com crachás ou fita com cor diferente para cada uma delas. Organizamos oficinas com temáticas que geralmente não temos no nosso cotidiano escolar, mas que existiriam se a escola tivesse a nossa cara. As atividades incluem o debate sobre a situação política do Brasil, até teatro e cinema. A ideia das oficinas é poder mostrar que também temos voz e que queremos participar das decisões da escola e opinar sobre o processo de aprendizagem.

Convivemos por dias dividindo lutas, medos, momentos difíceis e diversas alegrias. Aprendemos a nos respeitar e conviver com as diferenças - inclusive, conhecemos colegas da mesma sala de quem até então não sabíamos o nome. O medo da repressão é muito grande, mas nossa união faz com que resistamos até o final, decidindo cada passo em assembleias. Repudiamos qualquer forma de criminalização a qualquer estudante que participa das mobilizações em defesa da educação e reafirmamos que movimento estudantil não é caso de polícia e portanto não deve ser tratado como tal.

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Agora, os governos Temer e os governadores estaduais, com grandes dificuldades de nos desmobilizar, estão usando o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para colocar estudantes contra estudantes, indo na contramão da nossa proposta. Para nós, a prioridade desses governantes não é a realização do Enem, porque se fosse, eles não atacariam a educação como estão fazendo com a MP 746, que reforma o ensino médio, e com a PEC 55 (a mesma PEC 241, agora no Senado) - acabando com o financiamento das universidades e escolas públicas.

Nós, estudantes da escola pública, sabemos como o acesso ao ensino superior é difícil com a qualidade da educação que temos, e também porque grande parte de nós precisa trabalhar antes de concluir o ensino médio - muitas vezes, inclusive, para pagar nossa passagem até a escola. Em virtude disso, queremos convocar todos e todas, os e as estudantes, a pintar seus rostos em luto pela educação nos dias da realização do Enem. Queremos que, cada vez mais, os estudantes das escolas públicas e cotistas ocupem a universidade e a transformem num espaço menos elitizado e mais emancipador. Queremos reafirmar que não recuaremos e vamos nacionalizar cada vez mais nossa luta, convocando todos e todas estudantes do Brasil a realizar, nos dias 07 e 08 de novembro, manifestações em dois grandes dias de mobilização em todos os estados. Em cada escola luta, união e rebeldia!

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Marcelo Vinícius de Oliveira Santos, 18 anos, estudante do Colégio CED Gisno, em Brasília, Distrito Federal.

Matias Iansen, 17 anos, estudante e presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Estadual Frei Doroteu de Pádua, em Ponta Grossa, Paraná, primeira escola ocupada no estado em 1/08/2016.

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Sara Soares de Barcelos, 17 anos, estudante da Escola Estadual Leopoldo de Miranda de Belo Horizonte, Minas Gerais.

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