Nobel da Paz alerta: com Bolsonaro, Brasil vira ditadura
Em texto publicado em seu Facebook, José Manuel Ramos-Horta, ex-presidente do Timor-Leste, diz que "o prestígio do Brasil com Jair Bolsonaro será igual ao Paraguai do ditador Alfredo Stroessner, Chile de Augusto Pinochet, Nicarágua de Anastasio Somoza, Haiti de Papa Doc"; ele critica a perseguição a Lula; para ele, "o fenômeno Bolsonaro é reação de uma elite Brasileira conservadora, racista"
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Por J. Ramos-Horta*, em seu Facebook
O prestígio do Brasil com Jair Bolsonaro será igual ao Paraguai do ditador Alfredo Stroessner, Chile de Augusto Pinochet, Nicarágua de Anastasio Somoza, Haiti de Papa Doc.
Durante a década de Lula, o Brasil do futuro sempre adiado, registou muitas conquistas sociais, para mulheres, negros, mulatos, índios; dezenas de milhões foram libertos de extrema pobreza endêmica; o Brasil ganhou prestígio internacional.
Lula deixou a Presidencia com popularidade em estratosfera. A Dilma Rousseff substituiu Lula no Palácio do Planalto e tomou decisões firmes na purga de membros do seu governo envolvidos em corrupção.
Mas um dos maiores escroques do Brasil, agora em prisão, o Deputado Federal Eduardo Cunha, Presidente da Câmara de Representantes, orquestrou o impeachment da Presidente Dilma porque ela era uma ameaça para os políticos corruptos do Brasil.
E obvio que o processo contra Lula foi e é perseguição política, visando destronar o Partido dos Trabalhadores do poder pelo que este partido representa para os pobres e negros. Mas é verdade que o PT se corrompeu, decepcionou muitos.
A eleição de Donald Trump nos EUA foi em parte uma reacção dos conservadores a eleição de um negro, Barack Obama. O fenómeno Bolsonaro é reação de uma elite Brasileira conservadora, racista. Donald Trump é uma ameaça para o mundo; abandonou tratados e Instituições internacionais. Dada a dimensão económica do Brasil, Bolsonaro vai ser apenas uma ameaça para o Brasil, desprestigia e enfraquece o Brasil na região e no mundo.
Como Ministro de Negócios Estrangeiros e mais tarde Presidente sempre apoiei as aspirações do Brasil para membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Em consciência, eu não apoiaria essas pretensões do Brasil de Bolsonaro. Em Outubro de 2009 durante a reunião da Assembleia Geral do Comitê Olímpico Internacional para a qual fui convidado como Orador fiz campanha activa pela candidatura do Rio para os Jogos Olímpicos de 2016.
Espero que o eleitorado Brasileiro vote no candidato Fernando Haddad, o melhor para o Brasil, para a América latina e para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - a CPLP.
*José Manuel Ramos-Horta é político e jurista e foi presidente do Timor-Leste de 2007 a 2012. Ele foi porta-voz da resistência timorense no exílio durante a ocupação indonésia entre 1975 e 1999 e depois ocupou o cargo de ministro de Negócios Estrangeiros de Timor-Leste desde a independência em 2002. Em Dezembro de 1996, partilhou o Nobel da Paz com o compatriota bispo Carlos Filipe Ximenes Belo.
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