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Palocci fez teatro ao falar em pacto de sangue, diz Fernando Brito

Palocci fez o seu teatro, à procura de acertos nas coxias. Óbvios e, até certo ponto, compreensíveis e humanos. Embora nem tão perdoáveis para quem, com os que agora acusa, amealhou poder e oportunidades. Nada, porém, foi mais ridículo do que o “pacto de sangue”, expressão que levou anotada para produzir as manchetes. Pacto de sangue? Quem ia suicidar-se em solidariedade ao outro?; leia a análise do editor do Tijolaço

Palocci e Lula (Foto: Leonardo Attuch)
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Por Fernando Brito, editor do Tijolaço

Não creio que cometeria nenhum erro factual quem descrevesse assim o depoimento de Antonio Palocci a Sérgio Moro:

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Depois de um ano preso por Sérgio Moro e de ter feito vários depoimentos em que negava as versões de que teria havido um acerto financeiro entre ele ou Lula e a Odebrecht, o ex-ministro Antonio Palocci mudou sua versão e disse que Emílio Odebrecht e Lula teriam feito um “pacto de sangue” para que a empreiteira disponibilizasse R$ 300 milhões ao ex-presidente. Emílio Odebrecht, tanto no acordo de delação premiada firmado pelos executivos da empresa com a PGR quanto no acordo de leniência da Odebrecht, havia negado que tivessem ocorrido acertos financeiros entre ele e Lula, contrariando a versão de seu filho, Marcelo, que ontem apresentou narrativa semelhante à de Palocci, sem os tais R$ 300 milhões. O ex-ministro da Fazenda nega ter negociado ajuda a Lula ou ao PT e disse que foi só  “mandado apanhar o dinheiro”.

É o resumo da ópera, porque, até agora, não apareceu – nem mesmo com Palocci – qualquer documento que sustente a história. O que há, de fato, é um acordo de delação de Palocci para conseguir a redução ou anulação de penas que Moro lhe aplicou por crimes que jamais foram admitidos por ele.

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O nome correto do que está acontecendo não é delação, é capitulação. Algo que um lado, percebendo que não pode resistir às forças adversárias, desiste, deixa de se defender e se entrega.

Para que isso seja usado como instrumento de convencimento e marketing, porém não pode ser apresentado como uma derrota. Ele sabia que teria de ser convincente, porque seu acordo de delação depende dos promotores e de Moro, não está assinado.

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Palocci está na posição de pedinte e é por isso que se viu o desempenho de um papel. Não havia emoção, não havia o constrangimento de quem confessa uma verdade envergonhante, havia expressões e “confissões” sobre fatos que nem sequer haviam sido mencionados e incursões, até, sobre a vida doméstica de Lula, como quando diz que o ex-presidente pediu sua ajuda para “convencer” a falecida Marisa Letícia a “desistir” do suposto prédio do Instituto Lula.

Fez o seu teatro, à procura de acertos nas coxias. Óbvios e, até certo ponto, compreensíveis e humanos. Embora nem tão perdoáveis para quem, com os que agora acusa, amealhou poder e oportunidades.

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Nada, porém, foi mais ridículo do que o “pacto de sangue”, expressão que levou anotada para produzir as manchetes. Pacto de sangue? Quem ia suicidar-se em solidariedade ao  outro? Ele, vê-se, não era, muito menos é crível que Emílio Odebrecht o fosse.

O pacto de sangue mais provável nesta história toda é que o velho Emílio desdiga o que disse sob juramento e remende suas declarações, para que fiquem de acordo com as do filho e, agora, as de Palocci.

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