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Brasil

Precisamos de bons, não de maus médicos

Em lugar de chamar a PF, por que o Conselho Federal de Medicina não ajuda a encontrar profissionais que aceitem o Brasil real, as periferias e os rincões por salários de R$ 10 mil?

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Radicalizou de vez, e sem volta, a guerra pública entre profissionais, estudantes de Medicina e suas entidades contra o programa Mais Médicos. O acirramento se deu com o pedido, pelo Conselho Federal de Medicina, de intervenção da Polícia Federal na apuração das cerca de 16 mil adesões anunciadas oficialmente. Foi a resposta enfurecida da cúpula da categoria sobre a posição da dupla de ministros Aluizio Mercadante e Alexandre Padilha. Na quarta-feira 31, os titulares da Educação e da Saúde recuaram, formalmente, mas sem desistir da ideia de obrigar estudantes a fazerem residência por mais dois anos antes de se formarem. Agora, a partir de 2018.

A manobra que deveria ser genial suscitou, no dia seguinte, o pedido formal do CFM para um inquérito também na Procuradoria Geral da República sobre as adesões aos Mais Médicos. A suspeita é pesada: fraude na lista de assinaturas para abrir espaço para a contratação de médicos estrangeiros.

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O governo teria chegado a esse ponto? Cometido a trapalhada do ano, baixa, vil, ilegal, fraudulenta etc, para contratar o que antes seriam médicos cubanos e depois passaram a ser espanhóis e portugueses? Abrir milhares de buracos numa relação pública, fácil de ser fiscalizada, para seu projeto ideológico sininistro? Pode-se, se se quiser, acreditar nisso. Mas, no espelho dessa situação, o que se vê é a derrubada ao chão do nível de diálogo proposto, ainda que de maneira extremamente desorganizada, pelo governo.

Chamar a PF, a esta altura dos acontecimentos, é instalar um personagem externo extremo numa mesa em que ainda se poderia conversar. Por que o CFM, antes de ganhar as manchetes com sua jogada para a plateia, não pediu vistas do processo? Porque poderia conseguir? Já que se chamou a PF, para que conversar mais? Melhor deixar a polícia fazer seu trabalho.

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Olhar a balbúrdia criada em torno do Mais Médicos com racionalidade tem sido impossível também para o governo. O programa foi lançado sem explicações prévias à sociedade. Um ótimo conjunto de ideias, sobre dois grandes pilares – melhorar, inclusive pelo aumento do tempo, a qualidade dos cursos de Medicina, e povoar de médicos, com salários de R$ 10 mil, mais de 3 mil prefeituras brasileiras, ávidas por recebê-los de braços abertos --, está indo parar na lata do lixo. Entre erros de apresentação, recuos formais e as obstruções legais que, a partir de agora, poderão ser criadas nas esferas da PGR e da PF, em dois meses o que se tem é uma estrela cadente: surgiu e está desaparecendo depois de curta trajetória.

Caso não prove a culpa do governo em algum episódio de fraude na lista de adesões ao Mais Médicos, no entanto, o Conselho Federal Medicina terá tirado sua máscara. O mesmo órgão econômico em punições por erros médicos, emblemático do corporativismo de uma elite profissional, vai demarcar, de novo, o campo em que está. Em lugar de ajudar a encontrar os bons médicos que deveriam, como Hipócrates, aceitar o desafio de praticar o desafio da medicina popular, o CFM terá capitaneado o time dos maus médicos. Os que viram as costas para o Brasil real, excluem tanto as periferias das grandes cidades como os municípios mais necessitados de seu mapa de atuação e tisnam pelo preconceito a roupa branca que vestem. Infelizmente, não há dúvidas, pela postura, de que lado essa cúpula está.

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