Repatriação e anistia salvarão delatados?
A revelação de que o banqueiro Ronaldo Cezar Coelho, um dos tesoureiros de José Serra em 2010, aderiu ao projeto que permite a repatriação de recursos não declarados no exterior deveria disparar um sinal de alerta entre os investigadores da Lava Jato nessa nova etapa, que mira os políticos; isso porque o Congresso pretende votar, a toque de caixa, a anistia ao caixa dois, beneficiando também parentes de políticos; se o projeto vingar, o chanceler José Serra, que recebeu R$ 23 milhões da empreiteira de Marcelo Odebrecht numa conta secreta na Suíça, poderá se beneficiar, assim como centenas de políticos
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247 – Dois movimentos paralelos, a lei de repatriação de recursos no exterior e a anistia ao caixa dois, poderão beneficiar centenas de políticos, a começar pelo chanceler José Serra, do PSDB, que recebeu R$ 23 milhões da Odebrecht numa conta secreta na Suíça, durante a campanha presidencial de 2010 (leia aqui).
Até agora, não se sabe se a conta clandestina do PSDB na Suíça já teve seu sigilo quebrado pelos investigadores da Lava Jato. O que se sabe é que o empresário e banqueiro Ronaldo Cezar Coelho – apontado pela Odebrecht como um dos operadores dos R$ 23 milhões repassados pela construtora, via caixa dois, à campanha presidencial de Serra – aderiu ao programa de repatriação de recursos do governo (saiba mais aqui).
De acordo com a lei de repatriação, os brasileiros que admitiram manter recursos não declarados no exterior e pagaram impostos e multas estão anistiados de crimes como sonegação, falsificação de documentos, falsidade ideológica e evasão de divisas.
Paralelamente, o Congresso tenta votar, a toque de caixa, a anistia ao caixa dois. É o que aponta o jornalista Valdo Cruz, em sua coluna desta segunda-feira:
A defesa da anistia para os crimes de caixa dois, tema que era tratado de forma envergonhada até pouco tempo, vai se tornando cada vez mais explícita e ganha certo sentido de urgência no Congresso Nacional diante da proximidade do acordo de delação da Odebrecht.
Um dos defensores da ideia me explica o motivo da pressa. A empreiteira baiana, segundo ele, era a que mais fazia doações por meio de dinheiro de caixa dois – em tempos de eleições e fora delas. Quando vier a público sua delação, pouca gente do mundo da política ficará de fora.
Aí, diz este parlamentar, melhor aprovar a anistia antes que a Lava Jato oficialize o acordo com a empreiteira. Depois, a pressão contra a proposta só tende a aumentar.
Ou seja: a anistia ao caixa dois e a repatriação de recursos, que pode até beneficiar parentes de políticos, parecem estar sendo desenhadas para salvar figurões delatados pelas empreiteiras.
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