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Coronavirus

Estudo com 55 hospitais brasileiros conclui: hidroxicloroquina e azitromicina não funcionam contra a Covid-19

Publicado na edição online de hoje do The New England Journal of Medicine – um dos mais renomados periódicos científicos do mundo -, o trabalho reuniu pacientes de 55 hospitais brasileiros e revelou que o medicamento não promove qualquer benefício no tratamento de pacientes em estado moderado de gravidade

Hidroxicloroquina (Foto: REUTERS/Diego Vara)
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Por Cilene Pereira, da Agência Einstein - Pesquisa realizada pela Coalizão Covid-19 Brasil - formada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital do Coração - HCor), Hospital Sirio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP - a Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva BRICNet) – concluiu que o uso da hidroxicloroquina em pacientes hospitalizados apresentando nível leve a moderado de gravidade da Covid-19 não melhora a evolução clínica da doença. A medicação também não previne a necessidade de ventilação mecânica, não reduz o tempo de internação ou o índice de mortalidade. 

O trabalho foi publicado na edição online de hoje do The New England Journal of Medicine, um dos mais respeitados jornais científicos do mundo. A pesquisa teve a participação de 667 pacientes, de 55 hospitais no Brasil, com confirmação ou suspeita de Covid-19, internados em estado leve a moderado de gravidade (necessitavam de no máximo 4 litros de oxigênio por dia). Desse total, 521 tiveram o diagnóstico confirmado e integraram o conjunto de indivíduos sobre o qual foi feita a análise principal. Eles foram divididos em três grupos: 168 receberam hidroxicloroquina, 175 foram medicados com hidroxicloroquina e azitromicina e 178 não tiveram adicionadas nenhuma das drogas ao tratamento. O estudo começou em março e foi concluído em junho.

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O objetivo era analisar a evolução da doença nos pacientes quinze dias depois do início da adoção dos modelos terapêuticos propostos. A avaliação foi feita de acordo com uma escala de sete pontos: estar fora do hospital sem apresentar limitações; ter recebido alta, mas manifestar sequela; estar internado, porém sem limitações; permanecer internado e continuar recebendo oxigênio; precisar de oxigênio, mas sem ventilação mecânica; fazer uso de ventilação mecânica e, por fim, ter vindo a óbito.

O estudo mostrou que a adição de hidroxicloroquina ou do remédio em conjunto com a azitromicina não teve qualquer efeito na evolução do estado clínico dos pacientes. As taxas de mortalidade também não foram diferentes entre os grupos. Assim sendo, durante o período de hospitalização, a taxa de óbitos foi cerca de 3%, esperada para pacientes com nível moderado de gravidade.

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Efeitos colaterais 

A pesquisa dos cientistas brasileiros não registrou a ocorrência de eventos colaterais graves ou fatais após a administração dos medicamentos. A observação mais significativa foi a manifestação de um processo chamado prolongamento do intervalo QT. Trata-se de uma alteração no ritmo elétrico do coração que pode levar à geração de arritmias fatais. Entre os pacientes que não receberam os remédios, 2,5% apresentaram o distúrbio. O índice foi de 16% entre os pacientes que usaram hidroxicloroquina ou hidroxicloroquina e azitromicina. No entanto, os remédios não elevaram o índice de arritmias graves, que foi semelhante nos três grupos. 

A conclusão, pelos brasileiros, da ineficácia do medicamento quando usado isoladamente ou em associação à azitromicina, converge com os resultados recentes obtidos em outras pesquisas e se somará às evidências científicas mais robustas levantadas até hoje sobre o tema.

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O trabalho em conjunto permitiu agilidade ao andamento da investigação. “A possibilidade de realizarmos estudos em aliança com os diversos hospitais e institutos que fazem parte da coalizão maximizou recursos humanos e materiais e possibilitou termos respostas rápidas e confiáveis em curto espaço de tempo”, afirma Luciano Cesar Pontes de Azevedo, médico intensivista pesquisador e superintendente do Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa e integrante do Comitê Executivo da Coalizão.

“Esses resultados são importantes para a ciência global e coloca o Brasil na vitrine cientifica do mundo. É apenas o começo do que esse grupo Coalizão do Brasil poderá contribuir para a literatura médica e avanço da medicina que irá além da COVID-19”, reforça Renato D. Lopes, cardiologista, pesquisador e professor da Universidade Federal de São Paulo e da Duke University, diretor do Brazilian Clinical Research Institute. 

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O médico Álvaro Avezum, diretor do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, afirma que “o estudo Coalizão 1 avaliou de forma robusta a eficácia e a segurança de Hidroxicloroquina associada ou não à Azitromicina por meio de Coalizão eficiente com hospitais brasileiros fornecendo informações clinicamente úteis para a prática médica em pacientes com COVID-19 hospitalizados”.

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