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Coronavirus

Estudo da Nature desmente cirurgião que previu fim da pandemia em abril

“O futuro dependerá muito do tipo de imunidade que as pessoas adquirem por meio da infecção ou vacinação e de como o vírus evolui", avalia a pesquisa realizada em mais de 100 imunologistas, pesquisadores de doenças infecciosas e virologistas

(Foto: ABr)
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Por Paulo Henrique Arantes, para o 247 - A legião de curiosos a dar palpite sobre o coronavírus e a duração da pandemia é gigantesca. A imprensa entra na onda, quase sempre a bordo de barcas furadas. No último dia 20 de fevereiro o UOL repercutiu artigo publicado no Wall Street Journal por um cirurgião, Marty Makary. Por ser professor da Universidade John Hopkins, ele teria credibilidade para tratar do tema, a despeito de surtos, epidemias e pandemias não integrarem o campo médico-cirúrgico. 

Sem a menor cerimônia, Makary previu que a pandemia do novo coronavírus desaparecerá em abril do território americano, quando a maior parte do mundo alcançará a tal da imunidade natural, algo como a imunidade de rebanho que um dia Osmar Terra apontou como solução para o problema.

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O UOL caprichou na euforia: “Pandemia pode acabar em abril nos EUA, diz médico da John Hopkins”. O leitorado, naturalmente, projeta a constatação para a sua própria realidade: logo, logo, alcançaremos também no Brasil a imunidade geral tão desejada. Se não em  abril ou maio, quiçá em junho ou julho.

“O cara pode ser um bom cirurgião, mas me parece mais um especialista em outra coisa e leigo neste assunto. Falar de ‘imunidade natural’ é quase tão ruim quanto falar de ‘imunidade de rebanho’”, critica Naomar de Almeida Filho, professor e ex-reitor da Universidade Federal da Bahia, um dos mais respeitados epidemiologistas do Brasil.

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Certamente o cirurgião não lê a Nature, mas o Brasil 247 lê.

Uma das mais conceituadas revistas científicas do mundo, Nature publicou, em 16 de fevereiro, uma pesquisa feita perante mais de 100 imunologistas, pesquisadores de doenças infecciosas e virologistas (não havia cirurgiões no grupo) que têm trabalhado diretamente com a pandemia. 90% deles acham que o coronavírus se tornará endêmico. Esse papo de “imunidade natural” ou “de rebanho” não cola nos especialistas.

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“Erradicar esse vírus agora mesmo no mundo é muito parecido com tentar planejar a construção de um caminho para a lua. Não é realista”, disse à Nature Michael Osterholm, epidemiologista da Universidade de Minnesota.

O que os cientistas anteveem, contudo, não é razão para desespero. O fracasso na extinção do vírus não significa morte certa ou isolamento social perpétuo. Assim prevê a Nature: “O futuro dependerá muito do tipo de imunidade que as pessoas adquirem por meio da infecção ou vacinação e de como o vírus evolui. Os quatro coronavírus humanos que causam resfriados comuns também são endêmicos, mas uma combinação de vacinas anuais e imunidade adquirida significa que as sociedades toleram as mortes sazonais que elas trazem sem exigir bloqueios, máscaras e distanciamento social”.

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O futuro do coronavírus, portanto, será, aí sim, o de uma “gripezinha”, deixando para trás um rastro de milhões de mortes, como as gripes deixaram no passado, até se tornarem o que são hoje.

“Daqui a cinco anos, quando as creches telefonarem para os pais para lhes dizer que seus filhos estão com rinorreia e febre, a pandemia de Covid-19 parecerá uma memória distante, mas há uma chance de que o vírus que matou mais de 1,5 milhão de pessoas em 2020 seja o culpado”, preveem os cientistas, conforme descrito pela Nature.

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