Vacinar com mesmo plano de países europeus é uma "idiotice muito grande", afirma médico sanitarista
Para Gonzalo Vecina, a desigualdade no Brasil faz com que os mais pobres sejam o grupo mais afetado pela pandemia. Para ele, além dos profissionais de saúde, quilombolas, indígenas e a população de rua deveriam ser os primeiros a ser vacinados
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Brasil de Fato - A ordem de imunização contra a covid-19 proposta pelo governo Bolsonaro, na opinião do médico sanitarista Gonzalo Vecina, está em descompasso com a realidade do Brasil.
O governo federal determinou que trabalhadores da saúde, idosos a partir de 75 anos e indígenas aldeados integrem o grupo 1 entre as populações prioritárias, ou seja, serão os primeiros a receber a vacina.
Idosos dos 60 aos 74 anos são o grupo 2 e pessoas com comorbidades estão classificadas no grupo 3.
Segundo a gestão Bolsonaro, 49,6 milhões de pessoas deverão ser vacinadas nessas três primeiras etapas.
Para o ex-presidente da Anvisa, entretanto, a prioridade prevista do Plano Nacional de Imunização (PNI) é inadequada e deveria passar por novas modificações.
“A ordem de vacinação é copiada e colada do modelo americano e europeu de vacinação. Só que a sociedade brasileira não é a de um país acima da linha do Equador. Somos uma sociedade muito desigual, a oitava maior desigualdade do mundo. Vacinar com as mesmas regras desses países é de uma idiotice muito grande. Quem mais morre aqui são os pobres”, explica Vecina.
Ele justifica o argumento acrescentando que, ainda que os mais velhos ocupem a maior taxa de mortalidade, conseguem permanecer em isolamento social dentro de suas casas.
“E os adultos jovens que têm que buscar comida, trabalhar, não ficam. São esses que vão ter a doença. Nós tínhamos que revisitar essa lista [de prioridade]. Quem está morrendo mais são os pobres, negros e analfabetos. E estamos fazendo outro plano de vacinação”, critica o sanitarista.
Na opinião de Vecina, além dos profissionais de saúde, quilombolas, indígenas e a população de rua deveriam ser os primeiros a ser vacinados, assim como trabalhadores de outros setores essenciais a partir de uma escala de exposição.
Entre eles os trabalhadores do transporte coletivo, da segurança pública e professores da educação básica. Embora esses profissionais estejam entre os grupos prioritários do PNI, não são contemplados pelas três primeiras fases e ainda não há definição para o início da imunização de uma quarta ou quinta etapa.
De acordo com o governo, o planejamento depende da aprovação e disponibilidade das vacinas.
“Essa é uma questão que teríamos que obrigatoriamente que revisitar. O Ministério da Saúde não tem competência determinar quem deve ser vacinado. Tem que chamar os especialistas, as pessoas que entendem disso, para que essas pessoas tomem a decisão e proponham uma regra para a sociedade, que seja mais consentânea com nossa realidade”.
A previsão do governo federal é que a vacinação dos brasileiros seja concluída em 16 meses, sendo os quatro primeiros apenas para os grupos prioritários e os 12 meses restantes para a população geral.
Confira a íntegra seguindo este link.
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