Erasmo Carlos 70

Natália Rangel_247 – Elvis Presley, quem diria, foi o ídolo responsável pela apresentação de Erasmo Esteves, futuro Erasmo Carlos, ao seu antológico parceiro, Roberto Carlos, nos anos 50. O rei precisava de uma versão em português da canção Hound Dog, de Elvis, e um amigo comum dos músicos indicou Erasmo, um grande fã do artista americano. Eles se conheceram e descobriram muitas outras afinidades musicais e terminaram por formar parcerias históricas ao longo de quatro décadas. Ainda este ano deve sair um novo álbum com músicas inéditas da dupla que foram gravadas há seis anos. Poucos meses depois dos 70 anos do rei, comemorado em março, eis que o “amigo de fé e irmão camarada” Erasmo celebra também as suas sete décadas de vida. O músico carioca veio para o Rio de Janeiro no início da década de 1940, ainda no ventre de sua mãe. Baiana, ela fora abandonada pelo namorado ao engravidar e decidiu viajar e recomeçar a vida na capital federal. Chegou à cidade e se instalou no bairro da Tijuca, zona norte do Rio, onde Erasmo Esteves nasceu em 1941 e ali começou a sua história musical.

Na vizinhança morava Sebastião Maia, o Tim Maia, que se tornaria seu amigo e parceiro na adolescência e com quem ele formaria uma banda de rock inspirada no americano Elvis Presley. Foi nessa época que se forjaram os caminhos artísticos de Erasmo – ele conhece Roberto Carlos, pouco depois, Carlos Imperial (e daí adotaria o seu segundo nome, Carlos, como homenagem aos dois amigos, incentivadores e parceiros profissionais). O rock já era sua paixão e nos anos 1960 ele, Roberto Carlos e companhia seriam acusados de americanizados por isso. A Bossa Nova também seria uma forte influência, principalmente na figura de João Gilberto, assim como o soul e o samba. Eis que há dois anos o rock volta com força ao seu trabalho com o lançamento de “Rock n’ Roll”, CD que recoloca a guitarra como protagonista de suas canções, instrumento que ele não cansa de comparar a outra de suas maiores paixões, as mulheres. Tanto que na apresentação do CD, a cantora Rita Lee escreve: “Entre mulheres melancias, samambaias, melões e jacas, só Erasmo mesmo para proclamar que a mulher é uma guitarra”.

Acusado de ser machão e também machista, Erasmo admitiu que é machista em entrevista recente a revista Quem: “Bicho, é o negócio de criação. Fui criado na rua. Minha geração é machista. É a geração que tem ídolos como Marlon Brando, James Dean, John Wayne e os filmes de caubói. O homem da minha geração não faz plástica. É um comportamento de macho que não é visível na geração de hoje. Fomos criados nesse universo. O homem que a mulher gostava, na minha época, era moreno, alto, grandão, cabeludo. Agora é loiro, sarado e depilado. Não tenho nada contra, só estou dizendo que as épocas mudam”. Erasmo também fez cinema, ele participou de Roberto Carlos a 300 quilômetros por hora (1971), de Roberto Farias; e "Os Machões" (1972), dirigido por Reginaldo Faria. Erasmo já tem um outro trabalho pronto devidamente intitulado “Sexo”. O que remete ao terceiro tema que tanto marcou a geração do Tremendão, as drogas. Afinal, depois de lançar "Rock" e "Sexo"...Como diz Erasmo, as drogas eram para sua geração o que a grife Louis Vuitton representa hoje. Era moda. Todo mundo queria ter. E como todo modismo, para Erasmo hoje, as drogas já eram. Em seu novo álbum, o artista se reuniu com diversos músicos que admira. São composições inéditas, feitas em parcerias com Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhotto, Liminha, Roberto Frejat e Nelson Motta. A previsão é que seja lançado em julho.

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