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Cultura

Ex-ministros se unem para resistir aos ataques de Bolsonaro à Cultura

“Queremos a consideração e o respeito às conquistas do nosso passado e uma visão mais generosa do nosso futuro”, afirmou o ex-ministro Gilberto Gil

Gilberto Gil está internado há 5 dias em São Paulo (Foto: Divulgação)
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Da Rede Brasil Atual – Ex-ministros da Cultura, de todos os governos desde 1990, encontraram-se ontem (12), no Rio de Janeiro, para refutar a forma como o governo Bolsonaro tem lidado com o setor. Não bastasse ter extinto o ministério no início do governo, transformando-o em secretaria especial ligada ao Ministério da Cidadania, neste início de novembro o governo transferiu a área para o ministério do Turismo, o que causou  estranheza naqueles que atuam na cultura.

Outra atitude do governo Bolsonaro rechaçada no encontro de ontem, organizado pela Associação dos Produtores de Teatro (APTR), foi a nomeação do dramaturgo Roberto Alvim para comandar a secretaria, também neste início de mês. Já dentro do governo, Alvim comandava o Centro de Artes Cênicas da Fundação Nacional das Artes (Funarte), de onde, em setembro, atacou a atriz Fernanda Montenegro pelas redes sociais, por ocasião do lançamento da autobiografia da atriz, Prólogo, Ato, Epílogo.

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Alvim disse sentir “desprezo” pela atriz, chamou-a de “mentirosa” em episódio motivado pela presença de Fernanda na revista Quatro Cinco Um, vestida de bruxa em uma fogueira de livros, uma crítica simbólica ao momento que o país vive. Com o episódio, Alvim ganhou a simpatia de Bolsonaro e também o convite para assumir a secretaria.

Desprezo

Todos esses atos do governo mostram o desprezo pela área da cultura, algo que consubstancia no corte orçamentário da área. “Assim, carece de sentido a redução de recursos de forma contínua para o setor cultural. Isso tem se dado pelo contingenciamento do Fundo Nacional de Cultura e pela demonização das redes de incentivo, notadamente a Lei Rouanet”, afirmam os ex-ministros, em documento lançado ao fim do encontro de ontem (confira abaixo).

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“Queremos a consideração e o respeito às conquistas do nosso passado e uma visão mais generosa do nosso futuro”, afirmou o ex-ministro e compositor Gilberto Gil no encontro. Ele destacou que o ato reuniu “os que tiveram à frente do Ministério da Cultura em diversos governos nos últimos anos, provenientes de diversos segmentos da vida acadêmica, cultural e política, trazidos por presidentes de diferentes partidos e visão política”.

Segundo o ex-ministro do governo Lula, os ministros estiveram alinhados com os governos na proposição de políticas públicas, sempre compreendendo a missão do Estado, no compartilhamento com a sociedade do que foi escolhido como essencial na gestão da instituição cultural do país.

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Políticas públicas

“Sempre buscamos a adequação do nosso trabalho à escuta das demandas, dos anseios da sociedade em sintonia com os representantes do amplo espectro da atividade cultural. Sempre na perspectiva das políticas públicas, e de seus vários públicos. Buscávamos compreender de onde vínhamos e para onde deveríamos ir. Tratávamos de encontrar na estrutura do governo as sinergias com os vários outros ministérios, em busca de apoio e recursos para a realização das políticas”.

Ana de Hollanda, ministra no governo Dilma Rousseff, disse que a área de cultura no Ministério da Cidadania até faria algum sentido, mas não no Turismo. Ela também lembrou que a censura sempre existiu no Brasil. “Até 1988 pelo menos existiu, e só foi extinta na Constituição, quando afirmou que é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. Foi um grande avanço e agora estamos encarando um retrocesso que eu nunca ouvi falar. Em todas as áreas, educação, meio ambiente, nas relações internacionais (…). Mais do que nunca, essa união é necessária”, afirmou. “A essência da criação artística só se dá com o pleno exercício da liberdade de pensamento e de expressão. E tem a liberdade da busca de utopia. Com a liberdade toda da cultura, ela incomoda os governos autoritários”, defendeu Ana.

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“Infelizmente, é isso que está acontecendo no Brasil. O governo federal adotou uma cartilha moralista, racista e homofóbica, misógina, e essa cartilha passou a ser repetida por outras esferas de governo”, acrescentou a cantora e ex-ministra. Ela também destacou que “pequenas censuras provocam a autocensura”. “E aí se tem um patrocinador, enfim, isso tudo vai criando a autocensura, que está voltando a existir. E isso é assustador.”

Tradição e inovação

“É importante que a cultura resista”, disse o ex-ministro Francisco Weffort, que representou a área no governo de Fernando Henrique Cardoso. “A cultura é tradição, e é inovação. Ela envolve uma contradição intrínseca, ela cuida da nossa identidade e ao mesmo tempo cuida das ideias que podem surgir entre nós”, afirmou.

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“Estamos aqui combatendo a falta de liberdade, a censura”, disse Marta Suplicy, ministra do governo Dilma. “E agora nós temos uma realidade brasileira de autoritarismo e de incremento do autoritarismo extremamente sério. Quando nós vemos o filho do presidente falar de AI-5, isso é um espanto. E foi muito bom que houve uma reação forte, de todas as pessoas, que tinham algo a dizer”, emendou.

“Mas, em relação à cultura tem outra interpretação. Primeiro foram tornando os políticos todos desprezíveis, e depois também jogaram no lixo o Tribunal Superior (STF), e como os políticos são desprezíveis, o legislativo também não presta. Depois nós fomos percebendo que em relação à cultura foi mais sutil. Eu só percebi mais nítido quanto entraram no edital do Banco do Brasil. Aquilo foi horrível”, afirmou, relembrando episódio em agosto deste ano, em que um edital do banco para seleção de obras pela Lei do Audiovisual trouxe questionamentos no mínimo polêmicos. Pela primeira vez em um edital público, os produtores eram questionados quanto ao cunho político ou religioso da obra, e se havia  referência a crime ou drogas, e cenas de nudez.

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