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Cultura

“Falta incentivo à diversidade cultural no país”, opinam Cristina Castro e Rui Moreira

Em entrevista à TV 247, a professora de dança e o coreógrafo falaram sobre arte, cultura e divulgaram a 15ª edição do Festival Internacional VivaDança, em Salvador

Rui Moreira e Cristina Castro | espetáculo de dança "Da Ponta da Língua à Ponta do Pé" (Foto: Divulgação | Lucas Seixas)
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Por Ricardo Nêggo Tom - A dança, em todos os seus movimentos artísticos e perspectivas sociais possíveis, esteve em pauta no programa “Um Tom de resistência”, com as presenças de Cristina Castro e Rui Moreira. Professora de dança formada pela UFBA, coreógrafa e criadora do Festival Internacional VivaDança, que este ano completa 15 anos e terá a participação de artistas de 17 países, sendo 11 deles do continente africano, Cristina falou sobre a programação da atual edição, que desde 2021 traz como novidade um palco virtual. “A programação está grandona, imensa, linda, está híbrida, misturada. O ano passado se instituiu o palco virtual, e, a partir daí, eu acho muito difícil não termos mais esse lugar para artes, e o nosso festival agora também caminha com esse novo lugar. Esse ano nós vamos disponibilizar 34 conteúdos virtuais pela internet, através de uma plataforma chamada “Stage”, que é só o público linkar na página do festival que será direcionado para ela. Na edição deste ano teremos 17 países chegando junto, e 11 deles são africanos. O festival não traz somente espetáculos, mas também seminários, exposições, conteúdos criados pelo próprio festival, como uma série de podcasts, traz trabalhos de residência, intercâmbios, networkings, palestras, uma grande programação que consolida bastante a ideia de conteúdo para dança e da reflexão para as questões contemporâneas”.

Bailarino, coreógrafo e gestor de projetos culturais, Rui Moreira também está entre as atrações deste ano do festival, e falou sobre a importância de se fazer essa ponte com a África através da dança e das artes. “Primeiro, é importante dizer que o festival nos remete a festa. E as matrizes africanas que se conectam através dessa energia da festa, sabem que aí é que acontecem as coisas, que se dão as transformações e que a gente se reconhece. Então, essa ideia de festival onde o VivaDança já está na décima quinta edição, se transforma em um ritual mundial, onde a dança conecta sinergias em torno do seu movimento. É muito bonito vermos as energias cinéticas presenciais criando uma mecânica através da dança e ganhando um corpo gigantesco, usando poesia, usando subjetividade, tudo isso para usar outras formas de comunicar o que está acontecendo nesse mundão. O artista chama a atenção para o tamanho da participação africana no festival e para a representatividade cultural que isso significa. “É muito importante percebermos esse dimensionamento do tamanho da África dentro deste festival. Nós temos no Brasil de forma explícita, esses traços africanos marcados na nossa cultura, de forma geral, em todas as nossas manifestações culturais. Na dança, na música, na arquitetura e em várias outras áreas. Mas é muito bom quando conseguimos renovar as nossas relações matriciais, a partir do reencontro com a África de hoje”.

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Tendo morado na França por um período de sua vida, Rui Moreira foi instado a traçar um comparativo entre a cultura dos dois países, Brasil e França, e analisar a forma como as artes são tratadas. Para ele, “O que eu vou dizer não é em tom de comparação, porque não dá para comparar. A dimensão continental do Brasil e a dimensão territorial da França, já é uma grande diferença. Precisamos entender como é a relação com a democracia nesses dois países. A diferença de nós vermos, por exemplo, no campo da educação, as artes fazendo parte de maneira efetiva dos pilares da constituição e da nacionalidade francesa. E isso nós precisamos exercitar mais. Nós temos isso, mas o nosso exercício disso é meio maluco. Por exemplo, nós vamos para escola, estudamos, aprendemos uma porção de coisas, e saímos de lá com a ideia de que querem nos transformar naquilo que não somos. Chegamos lá pretos, pardos, indígenas, e somos condicionados a sairmos formatados de uma maneira única. Então, ficamos todos europeus, eurocêntricos e brancos. Já a França vive essa diversidade toda que é necessária. Uma diversidade que abre espaço para que a gente possa dar valor a ação da cultura e das artes e dar valor aos direitos cidadãos. Então, começa pela educação, vai passando por uma série de setores, até chegar ao reconhecimento do indivíduo em sociedade. Isso são valores que nós precisamos constituir para que possamos mudar essa relação no Brasil”.

Concordando com Rui que o processo de valorização das artes e da cultura começa pela educação, Cristina Castro alerta para a importância da educação na primeira infância e destaca as políticas públicas existentes na França nesse sentido. “A educação é a base de tudo. Especialmente, a educação na primeira infância. Isso me chama muito a atenção. Na França, principalmente, existem programas específicos de iniciação artística para crianças. E a gente vê claramente que existe um planejamento desde a educação base, para uma apreciação futura das artes. Não que todos se formarão artistas, mas vamos sensibilizar as pessoas para estarem próximas da arte . Seja como público, artista, comunicador, patrocinador, incentivador da arte. Tudo isso faz parte do fazer artístico. O que me chama a atenção também na França, um ponto importante, é no que diz respeito à distribuição de fomento. Tenho informações de que lá existe um grande fomento para os espaços culturais. E a distribuição desses fomentos não se destina apenas a Paris, mas também para outras cidades e bairros menores. E quando existe um fomento para um determinado espaço, existe todo um conhecimento do entorno e do que é necessário para aquele lugar. Dessa forma, o conteúdo vem com muita propriedade para aqueles cidadãos que moram ali. Isso é bacana de a gente observar. Mesmo sendo países diferentes nas suas dimensões e na sua história, temos que olhar as coisas que são possíveis tomar como exemplo, porque existem resultados positivos nisso. Seria lindo se tivéssemos centros culturais no interior, nas periferias, e que pudéssemos dar acesso à cultura aos moradores dessas localidades, levando um conteúdo mais próprio para cada lugar”.

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