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Cultura

Latuff: "Estou pisando nos calos certos"

Apontado como um dos maiores antissemitas do mundo, o brasileiro Carlos Latuff, hoje um dos principais chargistas políticos globais, fala sobre a sua arte, que expressa uma posição contra o sionismo, e não contra o povo judeu

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247 - Apontado pelo Centro Simon Wiesenthal como um dos maiores antissemitas do mundo, o brasileiro Carlos Latuff, de 44 anos, concedeu uma entrevista à jornalista Laura Daudén, da revista Istoé, e falou sobre sua arte, que incomoda alguns setores da sociedade, mas hoje é reconhecida internacionalmente. Confira, abaixo, seus posicionamentos:

ISTOÉ – Como você recebeu a notícia de que estava na lista de maiores antissemitas?

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Carlos Latuff – Com muita tranquilidade. Eu tenho sido acusado de antissemita por organizações que apoiam Israel desde que comecei a desenhar sobre a Palestina. Essa tentativa de associar as críticas ao governo israelense com o ódio aos judeus é uma estratégia para criminalizar e silenciar os críticos. O rabino Marvin Hiers, fundador do CSW, já havia se manifestado publicamente contra mim dizendo que eu era “quase pior que antissemita” por ter feito aquela charge sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. 

ISTOÉ – O que motiva essas acusações?

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Latuff – Elas partem do lobby israelense, que é muito bem organizado. Eu nunca vi uma instituição antissionista judaica me acusar de antissemitismo. O ódio aos judeus não é uma mentira. Ele existiu e existe, e promover a tolerância é sempre necessário. Mas é inaceitável fazer uma manipulação em favor de um Estado sob o argumento de que se está combatendo o antissemitismo. Uma crítica à Arábia Saudita não é um ataque aos muçulmanos ou ao islã, assim como uma crítica ao primeiro-ministro de Israel não é um ataque aos judeus ou ao judaísmo. 

ISTOÉ – Você tomará providências contra o Centro Simon Wiesenthal?

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Latuff – O relatório do CSW faz parte de uma disputa política e ideológica. A resposta, portanto, deve ir na mesma direção. O cineasta Silvio Tendler publicou carta em meu apoio que está correndo a internet e já conseguiu a assinatura de várias pessoas importantes, como o escritor uruguaio Eduardo Galeano, o sociólogo Emir Sader e o ator americano Danny Glover. Eu também abri uma petição pública para coletar a assinatura de pessoas comuns que não aceitam a manipulação do antissemitismo.

ISTOÉ – Você quer voltar à Palestina?

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Latuff – Eu gostaria, mas, enquanto tiver de passar pela alfândega israelense, não vou poder entrar. ­Intelectuais como Nor­man  Finkelstein e Noam Chomsky já foram barrados porque se opuseram às políticas de Israel. Depois de ter sido citado como antissemita tantas vezes, é pouco provável que me deixem entrar.

ISTOÉ – Quando você começou a trabalhar com os movimentos sociais?

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Latuff – Em 1998, quando fiz desenhos para os zapatistas no México. Depois, no início de 1999, visitei os territórios palestinos e passei a apoiá-los. Já no Brasil, comecei a trabalhar para os sem-terra, os sem-teto e para as vítimas da violência policial. Minhas charges ganharam projeção lá fora e outros movimentos requisitaram os desenhos. Esse trabalho é um exercício cotidiano de pisar em calos e esse incidente só me estimula a continuar porque me mostra que estou pisando nos calos certos.

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