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Cultura

Mano Brown a Leci Brandão: 'tenho 51 anos e já vi muito George Floyd na minha vida'

Rapper e sambista conversaram sobre música, política e ‘dissecaram’ a canção “Zé do Caroço”

Mano Brown a Leci Brandão (Foto: Divulgação/Jef Delgado)
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Rede Brasil Atual - A compositora e sambista Leci Brandão foi a convidada do podcast Original Spotify Mano a Mano, lançado na última quinta-feira (14) e apresentado pelo rapper Mano Brown. A conversa foi pautada sobre a carreira da cantora, o ingresso na política e, principalmente, a luta contra o racismo.

Deputada estadual em São Paulo (PCdoB), Leci diz que muitas pessoas sempre associaram sua carreira com a “encrenca”. Sempre combativa em suas letras e posicionada politicamente, ela se orgulha da trajetória construída. “Falavam isso porque sempre batalhei por direitos, por igualdade, lutei contra o preconceito. As pessoas reclamam que falo de política, mas eu falo da vida real”.

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A conversa entre Leci Brandão e Mano Brown também foi uma reflexão sobre a luta contra o racismo. O rapper criticou o termo “mimimi”, segundo ele, usado para tentar esvaziar o combate antirracista. Já a sambista classificou o argumento como “rasteiro” e lembrou que há pouca mobilização social em torno da pauta.

“O assassinato do George Floyd, em 2020, criou uma mobilização mundial, mas aqui foi algo rápido e passou. Há jovens negros mortos aqui, mas foi preciso acontecer algo no Estados Unidos para ter uma atitude aqui”, alertou a deputada.

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Em seguida, Mano Brown acrescentou. “Eu tenho 51 anos, já vi muito George Floyd na minha vida e não tinha poder para fazer nada para evitar aquilo. Já fui um pouco Geoge Floyd, já fui espancado pela polícia durante a madruga e escapei. Então, fui às ruas no Vida Negras Importam. Aquilo foi um marco. Um protesto de cem mil negros na Paulista. Será que o Brasil aguentaria?”, questionou.

Zé do Caroço

A conversa entre Mano Brown e Leci Brandão também trouxe as histórias de bastidores sobre clássicos do samba criados pela compositora. A canção Zé do Caroço, um dos seus maiores sucessos, foi dissecada por Leci durante a entrevista.

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Ela relatou que Zé do Caroço era um “verdadeiro líder comunitário” e anunciava no alto falante tudo que era importante para a comunidade do Morro do Pau da Bandeira, em Vila Isabel. A sambista lembra que sofreu pressão para não lançar a composição em 1978.

“Zé do Caroço foi feito em 1978 e só apareceu em 1985 na mídia, quando lancei o álbum Leci Brandão. Eu sofri pressão da gravadora, diziam que era uma letra muito forte. Isso era 1978, época da ditadura militar”, destacou ela.

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O rapper e apresentador disse que a música marcou sua vida. “Eu fui num show seu e a hora de Zé do Caroço foi demais. É icônica! Mexe com essa coisa de ter uma causa na vida. A pior coisa na vida da gente é não ter uma causa para lutar, é estar embriagado de solidão de não ter por que lutar”, afirmou Mano Brown.

Leci Brandão na política

Eleita pela primeira vez, em 2010, com mais de 85 mil votos, a sambista está em seu terceiro mandato consecutivo. “Dentro da Assembleia todos sabem meu lado e sabem que se mexer com o povo preto a coisa fica pior”, ressaltou.

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Durante a conversa, Mano Brown perguntou como Leci Brandão deixou a música de lado para entrar na luta política, principalmente diante dos estereótipos negativos colocados sobre os políticos brasileiros. A compositora então lembrou que, quando eleita, pegou todos seus discos, colocou sobre a mesa e disse que trabalharia por aquele legado.

“Foi São Paulo que mudou minha vida artística e me colocou na política. O povo entendeu que sou uma compositora combativa. Lutar por uma causa sempre foi natural pra mim. Aceitei o desafio e estou no terceiro mandato”, afirmou ela. “Fui a segunda deputada negra eleita em São Paulo e ouvi de muitas candidatas que fui referência. Disseram pra mim que estava na assembleia para fazer samba, mas provei que fui fazer projeto de lei. As pessoas acham que por ser negra e sambista, não é possível existir outra função. Eu tenho compromisso com o povo”, acrescentou.

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