CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Cultura

Poeta José Luiz Tavares sobre o Brasil: “uma das elites mais retrógradas do mundo”

Maior poeta de Cabo Verde na atualidade, José Luiz Tavares fala à TV 247 em Lisboa e diz que acredita em uma vida simples, ataca o salazarismo e revela a cara feia do Brasil. “O Bolsonaro apanhou o fruto de alguns aspectos menos positivos do governo do PT, que fez coisas extraordinárias no Brasil e que irritou aquela elite”. Assista

Poeta José Luiz Tavares (Foto: Reprodução)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - Em entrevista concedida ao escritor Marcos Pamplona para o programa 'Conexão Lisboa', da TV 247, o poeta e tradutor José Luiz Tavares falou de sua infância em Cabo Verde, um país pobre de recursos naturais cuja população surgiu com as navegações portuguesas, que ali deixaram escravos africanos e colonizadores.

“Durante a colonização portuguesa, Cabo Verde passou por crises cíclicas de secas, de abandono, de mortandade, que só acabaram em 75 (ano da Revolução dos Cravos em Portugal), quando Cabo Verde ascende à independência... Nos primeiros quinze anos após a independência, Cabo Verde foi governado por um regime de partido único, de inspiração marxista, onde muitas liberdades individuais eram inexistentes, suprimidas, mas não era um regime daquelas ditaduras totalitárias, como houve entre outros países. Comparativamente com o que havia em África nessa altura, Cabo Verde era um país relativamente livre. Tanto que não tivemos caso de exílio intelectual”, disse ele, que passou a infância sob a ditadura de Salazar.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

“Eu nasci no Tarrafal, onde havia aquele célebre campo de concentração de Tarrafal, que o Salazar abriu (em 1936) para prender lá os seus opositores políticos. Os campos de concentração nazistas foram inspirados no campo de concentração de Tarrafal”, relatou.

José Luiz contou que aos 20 anos migrou para Portugal, onde foi fazer universidade graças a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian e passou a viver num subúrbio de Lisboa. “As pessoas dizem: ‘você não parece em nada um poeta’, porque eu sei falar a linguagem do povo, conheço a vida do povo. A minha vida, não fossem o livros, é uma vida simples, sem grandes exigências materiais, eu não tenho carro, não tenho grandes casas, moro nos subúrbios”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Durante a entrevista o poeta também falou sobre a situação atual do Brasil, país que conheceu quando foi receber, por três vezes, o prêmio Literatura para Todos.

“O caso do Brasil surpreende, não surpreende... Parece que é uma coisa que estava latente. Estava apenas à espera de um momento e de uma cara. O Bolsonaro apanhou o fruto de alguns aspectos menos positivos do governo do PT, que fez coisas extraordinárias no Brasil e que irritou aquela elite. Parece-me que aquela elite deve ser uma das mais retrógradas do mundo. Estava completamente irritada com aquelas pessoas que saíram da miséria, aqueles negros que passaram a ir para a universidade. Portanto isso constitui-se como uma coisa intolerável para aquela elite. Depois aparece a doutrinação do Olavo de Carvalho... Estavam à espera de encontrar um momento e um rosto. Esse momento chegou com o impeachment da Dilma Rousseff e o rosto foi o do Bolsonaro”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Inscreva-se na TV 247 e assista à entrevista na íntegra:

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO