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Cultura

Villaça: FHC deu vexame internacional na Al Jazeera

"Habituado a entrevistas com jornalistas brasileiros, que se limitam a levantar a bola para que ele corte em movimentos ensaiados, FHC teve suas posições confrontadas por um âncora da Al Jazeera e, como resultado, deu um vexame internacional", diz o escritor Pablo Villaça; "No espaço de apenas dez minutos. o ex-presidente se embaraça repetidas vezes, chegando a contradizer a narrativa que seus comparsas golpistas vêm insistindo ao falar do 'impeachment'"

"Habituado a entrevistas com jornalistas brasileiros, que se limitam a levantar a bola para que ele corte em movimentos ensaiados, FHC teve suas posições confrontadas por um âncora da Al Jazeera e, como resultado, deu um vexame internacional", diz o escritor Pablo Villaça; "No espaço de apenas dez minutos. o ex-presidente se embaraça repetidas vezes, chegando a contradizer a narrativa que seus comparsas golpistas vêm insistindo ao falar do 'impeachment'" (Foto: Leonardo Attuch)
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Por Pablo Villaça, em seu Facebook

Não há jornalismo na grande mídia brasileira. Nas redações, temos colunistas que, em sua maior parte, confundem "análise" com "lamber saco dos patrões"; nos grandes portais, as matérias são destacadas ou escondidas de acordo com os interesses corporativos em vez de critérios jornalísticos; na TV, os âncoras nada mais são do que leitores de teleprompter que fotografam bem e querem apenas garantir seus milionários salários pagos pelas cinco famílias que dominam todos os veículos do país.

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É por isso que O Globo noticia que "Dilma tem 62% de reprovação", mas, quando se trata de Temer, o Pequeno, a manchete se transforma em "Temer tem aprovação de 13% dos brasileiros". É por isso que nenhuma denúncia envolvendo tucanos ganha destaque por mais de alguns minutos - e, se ganha, são diluídas pela linguagem: Alckmin vira "governador" (sem nome ou partido), Aécio entra no meio de "senadores" e assim por diante - ao passo que, lembrem-se, o UOL chegou a falar, certa vez, sobre um crime cometido "por médico que atendeu Lula no passado".

O que nos traz às entrevistas, que, quando feitas com tucanos, nada mais são do que recitações de perguntas pré-aprovadas - e quando alguém sai da zona de conforto, como Marcia Peltier fez com José Serra há alguns anos, o resultado é um piti adolescente (linkarei no fim do post).

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Foi exatamente isso que aconteceu agora com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Habituado a entrevistas com jornalistas brasileiros, que se limitam a levantar a bola para que ele corte em movimentos ensaiados, FHC teve suas posições confrontadas por um âncora da Al Jazeera e, como resultado, deu um vexame internacional similar àquele de alguns anos atrás em um programa da BBC (também linkarei no fim do post).

No espaço de apenas dez minutos. o ex-presidente se embaraça repetidas vezes, chegando a contradizer a narrativa que seus comparsas golpistas vêm insistindo ao falar do "impeachment".

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Aliás, FHC já abre a entrevista admitindo que Dilma NÃO cometeu crime “no sentido penal”. E completou “ela cometeu um crime POLÍTICO”. O que não deixa de ser interessante, já que não há nada na Constituição que defina "crime político" ou o impeachment como pena.

Aí o entrevistador aponta que FHC pedalava 300 milhões POR ANO, inspirando a seguinte e inacreditável resposta: “No meu caso, foi diferente. Estávamos nos ajustando”.

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Em seguida, o âncora aponta como Cunha, Temer e demais cúmplices são acusados de corrupção e pergunta se FHC não vê ironia no fato destes liderarem o “impeachment”. O ex-presidente começa a gaguejar, murmura algo sobre “foi o ‘povo’ que liderou” e diz que talvez Temer/Cunha sejam oportunistas. É então que o entrevistador o interrompe e diz: “Ok, então você aceita oportunismo” e muda de assunto.

TOIM.

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O que vem a seguir é a melhor isca. “O senhor disse que o impeachment foi por causa do povo. 58% do povo quer que Temer saia. Você apoia o impeachment de Temer, então?”

FHC começa a gaguejar e tenta mentir sobre a pesquisa. Entrevistador o corta e o corrige. O seguinte diálogo é travado:

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FHC: “Eu não conheço essa pesquisa”.

“Estou te informando agora.”

“Você precisa ter mais informações.”

“O SENHOR é que não conhecia a pesquisa!”

Mas o melhor momento: o jornalista aponta que a Lavajato revelou corrupção na Petrobrás na época do governo FHC e este enlouquece:

“No, no, no. I protest!” E diz que foi denúncia “política”.

E dá um piti que vocês não imaginam. Têm que ver pra crer.

A seguir, entrevistador fala da gravação de Jucá dizendo que precisam tirar Dilma e colocar Temer pra parar o sangramento da Lavajato. FHC primeiro tenta mudar de assunto; entrevistador insiste. O político então diz (juro): “Qual foi o resultado (da conversa)? Zero.”

“ZERO”?! O resultado foi EXATAMENTE O QUE ELES DISCUTIAM NA GRAVAÇÃO!

Para finalizar, o entrevistador menciona a investigação sobre a denúncia de que FHC usou a Brasif pra pagar mensalmente a ex-amante na França.

FHC: “É mentira.”

“Então por que está havendo investigação?”

“Porque o PMDB pressionou politicamente o MINISTÉRIO DA JUSTIÇA!”

Em outras palavras: o cérebro de FHC para de funcionar sob a pressão.

Que entrevista DESASTROSA. Em resumo: admitiu que não há razão criminal pro impeachment; que a questão é só política; …que todas as denúncias contra Dilma são reais, mas contra ele são motivadas politicamente e ainda gaguejou, deu piti e não soube responder.

Mas vejam vocês mesmos: https://www.youtube.com/watch?v=8d8yEi3iDA8

A entrevista à BBC: https://www.youtube.com/watch?v=j12QIWbVT-k

O piti de Serra: https://www.youtube.com/watch?v=n-pn-45FcwQ

A entrevista à Al Jazeera:

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