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Economia

Anotações à atual política econômica

No ponto em que estamos, o desafio que se impõe exige definições e alguma audácia. Da mão para a boca já fomos longe demais

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Deu nos jornais da semana, ao mesmo tempo: nível de crescimento despenca 1,4%, inflação pelo IPCA cede, mercado revê para baixo expectativa de crescimento para o ano de 2013, governo vai cortar 15 bilhões de reais em seus investimentos e Banco Central eleva a taxa de juros.

Como entender o que está acontecendo? O BC enxerga neste momento uma inflação de demanda? A demanda, agregada ou não, que se atinge com restrição ao crédito e corte de investimentos públicos, está superaquecida? Estaríamos com nossa capacidade instalada na indústria totalmente ocupada?

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Ou assim como na política o governo está perdido que nem cachorro caído de caminhão de mudança?

Parece-me infelizmente que a segunda constatação explica melhor a gestão de nossa economia nestes tempos.

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Nos anos Lula, o salário mínimo elevou-se de 70 e poucos dólares para mais de 300, a proporção do volume de crédito em relação ao PIB subiu de ridículos 13% para algo ao redor de 50%. Somadas a uma consolidação e expressivo incremento das políticas de proteção social, essas medidas trouxeram 23 milhões de indivíduos à pequena classe média. Esses três movimentos se exauriram.

Sobra oferta de dinheiro na praça e a inadimplência alta revela os limites da tomada de crédito. A alta dos salários sem ganhos de produtividade doravante será mais difícil de se visualizar. Não será com políticas sociais compensatórias, ainda que justíssimas num país de tanta iniquidade como o nosso, que o Brasil alcançará um futuro de desenvolvimento.

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No ponto em que estamos, o desafio que se impõe exige definições e alguma audácia. Da mão para a boca já fomos longe demais.

A primeira definição, que parece trivial, mas não é, deve ser a clareza de nosso objetivo estratégico: crescer a taxas mais altas possíveis. E administrar as tensões, contradições e tarefas – enormes tarefas – daí advindas. Todos os bancos centrais de países minimamente sérios são mandatados para perseguir a menor inflação a pleno emprego. Só o do Brasil tem um mandato exótico de perseguir a menor inflação atirando de canhão em andorinha. Assim temos que o objetivo estratégico do Brasil é tabelar a inflação com um a dois anos de antecedência e submeter todas as outras variáveis – emprego, salário, taxa de crescimento, portanto, a esta meta. O crescimento econômico entre nós, legado da era FHC mantido e endeusado pelo PT e seu sócio, o PMDB, é um mero efeito colateral. Quando emprego, renda, crédito e proteção social se expandiam, a tragédia do baixíssimo crescimento se mascarava. Agora não dá mais.

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Temos muitas debilidades a impedir nosso crescimento, mas duas são as mais graves: a taxa interna de investimento (formação bruta de capital) atolada em míseros 18% (incompletos) do PIB e o cavalar desequilíbrio em nossas contas com o estrangeiro (déficit em transações correntes), hoje o maior da história, e já chegando a estratosféricos 70 bilhões de dólares. Enquanto aquela nos mantém em indigência crônica no que se refere ao crescimento, este, o déficit externo, nos matará em breve. Três anos? Dois? A dúvida só remanesce pelo alto nível de reservas cambiais que hoje possuímos.

Para já, seus efeitos se fazem acontecer e não só nas expectativas. A única ameaça concreta de inflação vem daí. Dado o déficit, a demanda por dólar explode. Crescendo a demanda por dólar, seu preço em real aumenta. O povo não compra dólar, mas come pão. Pão é trigo e trigo é dólar. Assim como passagem de ônibus, que é diesel, que é petróleo, que é dólar. Assim como remédio, que é química fina, 85% da qual o Brasil importa e paga... em dólar.

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Como a taxa de juros elevada ataca este problema? Como a facilitação de entrada de capitais especulativos de curtíssimo prazo ajuda? A este filme já assisti. Fernando Henrique fez para ganhar a reeleição em 1998. E em janeiro de 1999 o real explodiu. Para a presidenta Dilma falta muito tempo!

Precisamos discutir imediatamente um projeto para o País. Se retirarmos as commodities de nossa conta comercial, o déficit do Brasil, em matéria industrial, aproxima-se dos 100 bilhões de dólares. Eis a pista clara de por onde somos forçados a iniciar nossos esforços: um ciclo de industrialização pelo caminho da substituição de importações, feita em bases modernas como fazem hoje Coreia de Sul e China. Voltarei ao assunto.

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