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Economia

Bolsa cai 5% em semana marcada por Lava Jato

O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira 27 e terminou a semana em baixa de 4,71%; o principal motivador do recuo foi o cenário político, com a prisão do empresário José Carlos Bumlai, do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), e do dono do BTG Pactual, André Esteves, pela Lava Jato; hoje, a instabilidade foi reforçada com notícias de que Delcídio está negociando os termos da sua delação premiada; as ações do BTG chegaram a cair 40% na quarta-feira, fechando em -22%

O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira 27 e terminou a semana em baixa de 4,71%; o principal motivador do recuo foi o cenário político, com a prisão do empresário José Carlos Bumlai, do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), e do dono do BTG Pactual, André Esteves, pela Lava Jato; hoje, a instabilidade foi reforçada com notícias de que Delcídio está negociando os termos da sua delação premiada; as ações do BTG chegaram a cair 40% na quarta-feira, fechando em -22% (Foto: Gisele Federicce)
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Por Ricardo Bomfim - O Ibovespa fecha em queda nesta sexta-feira (27) e termina a semana em baixa de 4,71%. O principal motivador do recuo foi o cenário político, com a 21ª fase da Operação Lava Jato resultando na prisão do pecuarista amigo de Lula, José Carlos Bumlai, do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), do CEO do BTG Pactual, André Esteves, e de Edson Ribeiro, advogado do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. Hoje, a instabilidade foi reforçada com notícias de que Delcídio está negociando os termos da sua delação premiada.

Embora as próprias prisões já sirvam para derrubar o mercado no curto prazo por gerarem um clima de instabilidade institucional, desta vez houve um motivo maior para o temor. O ocorrido com o senador petista tornou mais difícil a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2016 dentro do prazo estipulado pelo governo de aprovar até o dia 15 de dezembro. Além disso, o próprio Orçamento de 2015 é uma preocupação, já que a União precisa cortar R$ 105 bilhões para cumprir a meta de superávit de R$ 55 bilhões este ano e escapar do TCU (Tribunal de Contas da União). Algo que muitos analistas consideram impraticável.

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Não bastasse isso, uma equipe da Standard & Poor's virá ao Brasil na semana que vem e, como diz uma matéria do Valor Pro, terá muito pouco a mostrar além do bloqueio por decreto R$ 10 bilhões em gastos, realizado pela presidente Dilma Rousseff hoje.

Um trader que não quis ser identificado disse que a decisão de contingenciar gastos da presidente Dilma veio devido ao "desespero" do Planalto neste momento em que o Brasil pode ser novamente rebaixado pela S&P, ficando dois degraus abaixo do investment grade. "Se ela cortar, vai ficar com Moody's e Fitch duas notas acima, o que deve levar a um rebaixamento por alguma delas e a perda definitiva do grau de investimento", analisou. Para ele, o pior da questão é que este possível downgrade não está sendo precificado.

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Com tudo isso, não surpreende que a Bolsa tenha fechado em queda de 2,70% a 45.872 pontos nesta sexta. Ao mesmo tempo em que o dólar comercial, que chegou a operar em terreno negativo durante a sessão, terminou por disparar 2,05% a R$ 3,8232 na compra e a R$ 3,8234 na venda. O dólar futuro para dezembro subiu 2,04% a R$ 3,825. Já no mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 registrou ganhos de 14 pontos-base a 15,67%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 teve alta de 27 pontos-base a 15,88%.

O volume financeiro negociado na Bovespa hoje foi de R$ 5,504 bilhões, prejudicado pelo pouco tempo de negociação das bolsas norte-americanas, que resultou em uma menor liquidez no mercado financeiro brasileiro.

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Orçamento prejudicado

A prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), na terça, deixou a casa alta do Congresso em polvorosa e atrasou a votação do Orçamento de 2016, que fica comprometido. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alertou para esse risco do Orçamento ficar paralisado sem uma mudança da meta de superávit fiscal. "Paralisar significa parar tudo porque a diferença é tão grande que, se executar qualquer coisa, já estaria descumprindo e isso começa no primeiro dia de dezembro", disse.

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A votação da nova meta foi transferida para próxima terça, sendo que as informações da Folha de S. Paulo são de que o governo não fará novos cortes mesmo sem meta aprovada. O desrespeito à meta poderia servir de argumento para impeachment.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou em entrevista ao Estado de S. Paulo, que o governo "vai cumprir" a determinação do TCU e, na segunda-feira, anunciar um corte de todos os recursos disponíveis para gastos até o fim do ano. Segundo relatório ao mercado da XP Investimentos, isso é justificado pelo Congresso não ter votado a mudança na meta fiscal deste ano. Atualmente o superávit está em 1,1%, e incorrerá em infração no fechamento das contas de 2015.

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Além disso, ele disse ser necessário "focar todas as energias" na aprovação da meta do ano que vem até dezembro, para que 2016 seja marcado pela recuperação da economia.

Impeachment

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Eduardo Cunha disse que poderá decidir sobre os sete pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff na segunda-feira (30). Cunha informou que todos os sete pedidos de impeachment já tem pareceres da consultoria da Casa. Ele disse ainda que está discutindo e analisando os pareceres para decidir sobre todos os pedidos em conjunto, de uma única vez.

Ações em destaque

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 9,33, -3,81%; PETR4, R$ 7,60, -4,04%) recuaram mais de 3%, estendendo as perdas na semana. No radar da companhia, o barril do petróleo WTI (West Texas Intermediate) recuou 2,42% a US$ 42, com possibilidade da Líbia aumentar aumentar a produção e sinais de esfriamento das tensões entre a Rússia e a Turquia. O barril do Brent cai 1,30% a US$ 44,87.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

O dia também foi de queda forte para as ações de Vale (VALE3, R$ 13,30, -6,27%; VALE5, R$ 11,08, -5,78%) e de siderúrgicas, apesar da alta de 1,18%, a US$ 44,50 da tonelada do minério de ferro com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao. Além de repercutir a forte queda das ações da China, cabe também ficar de olho no noticiário da mineradora.

A Vale convocou entrevista coletiva para hoje às 11h (horário de Brasília). O juiz da comarca de Mariana, Frederico Esteves Duarte Gonçalves, acusa a mineradora Samarco de esconder dinheiro para evitar o cumprimento de decisão judicial que prevê o bloqueio de cerca de R$ 300 milhões em recursos da empresa para pagamento de danos depois do rompimento da barragem da empresa no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, no dia 5.

Em decisão tomada nesta quarta-feira, 25, sobre recurso impetrado pela empresa para evitar o bloqueio do dinheiro, o juiz afirma que a Samarco "sumiu" com o dinheiro e que vem "adotando estratégia jurídica indigna e deliberada de, como se fosse o botequim da esquina, não cumprir o mandamento judicial".

Também caíram as ações da Kroton (KROT3, R$ 9,30, -2,11%), que após abrirem em alta e chegarem a subir 1,37%, viraram para queda. Ontem, as ações caíram quase 9%, pressionadas por informações de que o Ministério da Educação iria pagar às instituições de ensino apenas 60% do saldo dos títulos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) referente ao mês de novembro.
As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

Cenário externo

As bolsas chinesas recuaram mais de 5,5% nesta sexta em sua maior queda diária desde a forte desvalorização vista em agosto, após a Reuters noticiar que o regulador do mercado acionário ampliou sua investigação sobre corretoras para incluir a quarta maior do país e após dados mostrarem que o lucro industrial do país caiu 4,6% em outubro, contra 0,1% de retração no período anterior.

Commodities e moedas emergentes também caem. O índice de Xangai recuou 5,48%, para 3.436 pontos e Hang Seng caiu 1,87%. O dia foi de perdas e ganhos para os mercados europeus, seguindo a Ásia.

Nos Estados Unidos, vale lembrar que após o feriado de Dia de Ação de Graças, as bolsas norte-americanas reabrem nesta sexta, mas terão o tempo de negociação reduzido. Em vez de fechar às 19h como de costume, elas encerrarão o pregão às 16h. Ou seja, das 10h às 12h30 e depois das 16h às 17h15, a Bovespa estará aberta sem a presença dos investidores estrangeiros, que, como se sabe, respondem por nada menos do que 52% do volume negociado na nossa Bolsa.

As bolsas norte-americanas fecharam entre perdas e ganhos.

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