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Economia

Brasil vivia rotina de apagões antes da criação da Eletrobras, que agora pode ser privatizada

Parlamentares dos anos 50 relataram rotinas de apagões e fizeram apelos para a criação da Eletrobras. Antes, a geração e a distribuição de energia cabiam basicamente à iniciativa privada. O setor era repartido entre a americana Amforp e a canadense Light. Confira depoimentos de membros do Congresso da época

(Foto: Divulgação / Reuters)
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247 - Com a aprovação da privatização da Eletrobras pelo Senado, nesta quinta-feira (17), devem aumentar ainda mais as críticas aos prejuízos para os consumidores brasileiros, como risco de apagões e alta nas tarifas de energia. O governo Getúlio Vargas enviou em 1954 ao Congresso o projeto de criação da estatal, que só viria a ser criada em 1962. Antes, a geração e a distribuição de energia cabiam basicamente à iniciativa privada. O setor era repartido entre a americana Amforp e a canadense Light, que concentravam seus esforços no abastecimento das grandes cidades do país. Os relatos de Vargas e de parlamentares nesta matéria foram publicados pelo jornal El País

Na Câmara, o deputado Ubirajara Keutenedjian (PSP-SP), que tomou posse nos anos 50, contou aos colegas os rotineiros cortes de energia no estado de São Paulo. "Neste último quinquênio, um racionamento progressivo e de efeitos calamitosos vem se opondo tenazmente ao desenvolvimento do parque industrial da terra bandeirante. Inicialmente, foram fixadas cotas mínimas. Nestes últimos dois anos, tendo a crise atingido o auge, foi posto em prática o sistema dos cortes de ponta. O Estado de São Paulo normalmente fica de seis a oito horas por dia sem energia elétrica. O caso é de calamidade pública, na expressão exata da palavra!", afirmou.

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O senador Guilherme Malaquias (PTB-DF), que ocupou uma cadeira no Senado em 1954, também relatou dificuldades na geração de energia no município do Rio, na época com status de Distrito Federal. "A Light acabou de fazer proposta ao governo para o racionamento de força no Rio e em São Paulo, tendo a mesma sido aprovada. Se o racionamento traz desvantagens para o consumidor como multas e cortes de luz, para a indústria acarreta prejuízos incalculáveis, com máquinas paralisadas e operários que ganham sem poder produzir".

Revoltado, o senador criticou a Light e pediu a rápida aprovação do projeto da Eletrobras. “O nível das represas está baixo. É necessário que o Governo investigue se as águas são aproveitadas [pela Light] de maneira racional durante as cheias ou são imprevidentemente desperdiçadas. Rio e São Paulo não podem ficar sujeitos a cortes de 10% a 20% na energia. O Governo deve adotar medidas imediatas a respeito da Light e ir mais além, acelerando a instalação da Eletrobras, órgão estatal de controle da nossa força hidrelétrica”.

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O então presidente Vargas apresentou uma justificativa junto ao projeto de lei endereçado ao Congresso em 1954 e destacou que o "governo só conseguiria garantir o suprimento energético necessário à industrialização do Brasil se possuísse uma empresa estatal encarregada de fazer o planejamento de todo o sistema elétrico nacional, construir usinas (em especial as hidrelétricas) e erguer torres com linhas de transmissão — sem a seletividade capitalista das companhias privadas nem a visão local e limitada das empresas estaduais". 

"O problema da energia elétrica reclama atuação vigorosa e urgente de parte do poder público, para que as dificuldades atuais sejam debeladas e o país venha a dispor no menor prazo possível da energia de que necessita para o seu desenvolvimento", escreveu Vargas. 

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