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Economia

Chipre: viés institucional

Não por suas belezas naturais, o Chipre ganhou o mundo como mais um país da Europa que sofreu com a crise. Nestas últimas semanas, o vistoso país impediu até mesmo seus cidadãos de fazerem saques, promovendo um verdadeiro confisco

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O Chipre é uma ilha do mediterrâneo que possui uma economia baseada no turismo, com belezas indiscutíveis e destino de veraneio dos italianos em sua grande maioria. Seu mercado financeiro está acostumado a receber vultosos capitais, muito à procura das tentadoras taxas de juros e de um proeminente cenário em que os impostos são vantajosos.

Não é raro, muitos britânicos, russos e outros europeus chegarem à ilha e aportarem ali seus recursos para uma aposentadoria tranquila. O país está acostumado a uma qualidade de vida ímpar, que somada ao status de bem estar social que a Europa evoluíra, transmite aconchego e abre-se a receber seus novos moradores.

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Porém, não por suas belezas naturais, o Chipre ganhou o mundo como mais um país da Europa que sofreu com a crise. Sofrer, na verdade, não seria a palavra adequada, mas transmite parte do que vem acontecendo nestas últimas semanas, em que o vistoso país impediu até mesmo seus cidadãos de realizarem saques no caixa eletrônico ou de realizarem qualquer operação financeira, promovendo um verdadeiro confisco, muito próximo da terrível experiência em que o povo brasileiro passou na era Collor.

Mesmo que marcada por uma onda secundária do epicentro de 2008 da crise econômica, a economia chipriota sucumbiu suas bases financeiras, destacando mais uma vez que o lado monetário da economia não conseguiu externalizar seus resultados para o lado real, produtivo, que neste caso residia sobre o turismo. A fragilidade de uma economia focada em volatilidade de capitais e serviços financeiros mais uma vez ganhou os jornais, e da pior forma possível.

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O acordo costurado ao longo da semana entre bancos, governo e união europeia estabeleceu algumas bases temerárias para o sistema financeiro europeu. Significa ressalvar neste caso que o problema do Chipre passa por uma avaliação institucional, servindo como modelo de salvamento ao qual a Europa tenderá a fazer. O resgate terá um alto custo social, e com certeza elevará as querelas sobre o Euro.

Em síntese, as bases do acordo prevê a dissolução do segundo maior banco do Chipre, confisco de 30% dos depósitos acima de 100 mil euros e reabertura do mercado financeiro de forma gradativa, com restrições de saques. Fechado o pacote de salvamento, as atenções e angústias do mercado financeiro global miram agora sobre países que possuem suas bases monetárias abertas a captação de recursos de outros países e atuam de forma similar ao Chipre.

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A preocupação corrente é que uma corrida bancária ocorra em países como Luxemburgo, por exemplo, que estabelecem suas bases econômicas também nos serviços financeiros e possui uma economia industrial muito tímida.

A Alemanha se diz satisfeita com o acordo fechado, pois conseguiu imprimir uma forma dura de reorganizar as finanças do país e transmitiu ao resto do mundo a ideia de que, se o remédio do salvamento da Grécia foi amargo, as novas doses que contemplarão possíveis resgates deverá implicar em sentimentos piores.

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Outro ponto que esteve em jogo neste resgate de 10 bilhões de euros proposto ao Chipre é o fato de penalizar o sistema financeiro, mesmo que de forma indireta, uma vez que os prejudicados serão os maiores investidores. A mensagem foi clara: precisamos de mais confiança institucional sobre as aplicações financeiras, e os produtos financeiros de alguns bancos não possuem uma amarração concreta com a economia "real".

A perda de confiança institucional ou simplesmente a aceitação de maiores riscos foi duramente rejeitada pelos líderes europeus. A mensagem, portanto, é de que não tolerará aventuras financeiras, e seu salvamento ocorrerá sobre duras penas, mais fortes e mais pesadas que as já instauradas na Grécia.

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Antes, o foco principal recaía sobre o resgate das finanças do governo, e agora, o resgate foi direto ao sistema bancário, e o Chipre, mesmo não sendo ponto central no mapa bancário mundial, representa parte da forma institucional organizada na Europa, que exigirá uma reinvenção deste sistema.

Outro ponto importante é que estamos vivenciando na Europa um momento de perda de confiança sobre duas importantes instituições, que são indispensáveis para o perfeito andamento das relações sociais e econômicas: bancos e governo.

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