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Economia

Com opositores, Paulinho dispara gatilho salarial

Às vésperas do 1º de Maio, presidente da Força Sindical hasteia bandeira que seduz sindicalistas, mas representa adrenalina nas veias da inflação: a volta do sistema de reajustes salariais à medida em que os índices de preços avançam; ao lançar campanha por gatilhos trimestrais nos salários, Paulo Pereira da Silva esquenta manifestação que sua central vai fazer no feriado, em São Paulo; presidenciáveis Aécio Neves e Eduardo Campos serão as estrelas da festa; eles também irão apertar o gatilho da indexação?

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247 - Ao apertar o gatilho da volta dos reajustes salariais de acordo com a variação da inflação, em correções trimestrais, o deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), mirou o alvo mais sensível do momento, que atinge diretamente o governo. "O governo não consegue controlar a inflação e o trabalhador não pode pagar a conta", assinalou Paulinho ao lançar o que chamou de campanha nacional pela volta do gatilho. "É uma forma de repor o poder de compra", explicou, defendendo o seu disparo a cada três meses, com índices caculados a partir da elevação dos preços.

No feriado de 1º de Maio, na quarta-feira 1, Paulinho vai comandar em São Paulo a tradicional manifestação da Força Sindical. Atraídos, todos os anos, por sorteios de carros zero quilômetro e shows de artistas populares, mais de 500 mil pessoas têm comparecido ao evento nos últimos dez anos. Este ano, a parte política da festa está quente, com a presença dos presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Eles prometem bater duro na política econômica da presidente Dilma, mas ainda não disseram se irão se somar à campanha de Paulinho.

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Nos anos 1970 e 1980, a economia brasileira, que vivia uma hiperinflação, tinha os gatilhos salariais na base da espiral inflacionária. Com seus disparos ao sabor da elevação dos preços, corrigiam os salários que, imediatamente, passavam novamente a ser corroídos pelos preços, ao mesmo tempo que os alimentavam pelo renovado poder de compra. Um ciclo vicioso. Eram tempos de inflação de dois dígitos ao mês, o que não deixava alternativa aos sindicatos a não ser aferrar-se à luta por este tipo de instrumento.

Hoje, no entanto, a inflação anual se mantém em um dígito há mais de dez anos, com as defasagens acumuladas nos salários sendo corrigidas por acordos diretos entre empregados e empregadores, ora intermediados por sindicatos, ora diretamente entre as partes. A proposta de voltar a ter a figura do gatilho salarial na economia brasileira é, neste momento, uma contribuição direta para alimentar as expectativas inflacionários e desgastar, assim, a política econômica da presidente Dilma Rousseff. O ministro Guido Mantega, da Fazenda, mal quer ouvir falar do assunto, sendo totalmente contra os gatilhos.

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Paulinho sabe que sua proposta, que o coloca no campo da oposição apesar de pertencer a um partido da base governista, é capaz de seduzir sindicalistas. Com a oposição já declarada da rival CUT à ideia, o presidente da Força acredita que encontrará ainda mais campo, entre os adversários, para avançar com sua bandeira. Se Aécio e/ou Eduardo o ajudarem a apertar esse gatilho, o debate sobre um instrumento diretamente ligado ao ciclo inflacionário mais agudo da história do Brasil estará instalado. Muita gente, de maneira oportunista, tende a aderir.

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