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Economia

Copa pode entrar em campo para pressionar inflação

Para analistas consultados pela Reuters, a pressão da Copa de 2014 virá principalmente dos preços de serviços, como hotéis, transportes e alimentação fora do domicílio; isso pode alimentar o clamor por mais agressividade do Banco Central na condução da política monetária

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Por Camila Moreira

SÃO PAULO, 2 Mai (Reuters) - Num cenário de persistente resistência da inflação, a Copa do Mundo no Brasil, que começa em meados de 2014, pode entrar na área como mais um fator de pressão para atrapalhar a convergência dos preços para o centro da meta do governo no próximo ano.

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Para analistas consultados pela Reuters, a pressão virá principalmente dos preços de serviços, como hotéis, transportes e alimentação fora do domicílio. E isso pode alimentar o clamor por mais agressividade do Banco Central na condução da política monetária.

"A Copa do mundo vai levar o indicador de inflação para cima, e gera preocupação sim. Haverá uma pressão mais alta nos preços de serviços, com forte ingresso de capital estrangeiro e aumento no consumo", avaliou o economista da Austin Rating Felipe Queiroz.

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Ele projeta aceleração do IPCA de 5,2 por cento em 2013 para 5,5 por cento em 2014, com alta de 9,5 por cento na inflação de serviços, ante 9,0 por cento neste ano. Os números levam em consideração possível impacto de 0,4 a 0,9 ponto percentual da Copa na inflação de serviços.

Ao lado de alimentos, o setor de serviços é o que tem mais pressionando a inflação, favorecido pelo baixo nível de desemprego e renda em alta.

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A inflação tem permanecido em patamares elevados e chegou a estourar o teto da meta do governo, de 6,5 por cento pelo IPCA, em 12 meses. Diante disso, o BC iniciou mais um ciclo de aperto monetário, elevando a Selic a 7,50 por cento ao ano e indicando que mais altas devem vir.

"Num quadro já ruim, um evento como a Copa certamente contribui no sentido negativo, e é algo que merece alerta. Um mês antes (do evento começar) já se deve observar tendência de preços (de serviços) maiores, o que fará sim diferença no fim do ano", destacou a economista da Tendências Alessandra Ribeiro.

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Embora destaque que essa seja apenas uma análise qualitativa, Alessandra afirma que o efeito Copa imprime viés altista na previsão de aceleração da inflação a 5,8 por cento em 2014, ante 5,6 por cento em 2013. Para serviços, ela projeta alta de 8,0 por cento neste ano, mas ainda não fez a abertura para o próximo ano.

VIGILÂNCIA

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A força do impacto da Copa nos preços no fim do ano, entretanto, não é consenso, com alguns analistas destacando o caráter pontual e localizado do evento. Os jogos acontecerão entre 12 de junho a 13 de julho, em 12 cidades-sede.

"Tudo vai depender de como estará a situação da inflação no período. Mas o evento é muito localizado no tempo e no espaço, e não deveria ser essa a preocupação", avalia o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite.

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Para ele, a situação inflacionária em 2014 deverá estar melhor do que agora, devido ao esperado aumento da oferta e menor ritmo de crescimento do consumo.

"Se a Copa fosse hoje, talvez houvesse preocupação maior. Mas, de modo geral, o panorama para o ano que vem é melhor, de modo que, mesmo que a Copa tenha algum impacto, não será suficiente para mudar a trajetória da inflação", completou Leite.

Na ata de sua última reunião, o BC deixou claro que a atual política monetária tem como alvo principal atacar a inflação em 2014, cuja projeção foi elevada, e que vai permanecer "especialmente vigilante".

Para o professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) Antônio Carlos Manfredini, o possível efeito da Copa sobre a inflação é algo que "já veio no pacote" no momento em que o Brasil conquistou o direito de sediar o evento.

Assim, já está no radar do governo, principalmente porque 2014 também haverá eleição presidencial, e qualquer medida para compensar o impacto tende a ser tomada de maneira preventiva, antes da Copa.

"O momento de administrar (a inflação) por antecipação (à Copa) é o final deste ano, começo do próximo. Deixar para depois é má ideia por causa da campanha eleitoral", disse Manfredini.

"Agora temos uma geração de brasileiros que se acostumou com nível de inflação relativamente baixo. Sem dúvida, o ano que vem será de cuidados redobrados, em que a inflação não pode aumentar".

A única outra vez que o Brasil sediou uma Copa do Mundo foi em 1950 --mesmo ano em que Getúlio Vargas foi reeleito presidente. Os índices de inflação eram uma novidade naquela época, e a lembrança que ficou mesmo foi o "Maracanazo", a derrota por 2 a 1 para o Uruguai na final daquele Mundial.

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