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Economia

Crise russa pode fazer juro subir no Brasil

Alta inesperada dos juros na Rússia, de 10,5% para 17%, é interpretada por analistas econômicos como uma decisão de grande impacto global; medida tomada pela equipe econômica de Vladimir Putin visava estancar a queda do rublo, afetada pela redução drástica dos preços do petróleo, o principal produto de exportação da Rússia; como, no Brasil, o real também foi afetado, chegando a R$ 2,76, analistas esperam uma alta maior dos juros, nas próximas reuniões do Copom, comandado por Alexandre Tombini, para evitar impactos inflacionários

Alta inesperada dos juros na Rússia, de 10,5% para 17%, é interpretada por analistas econômicos como uma decisão de grande impacto global; medida tomada pela equipe econômica de Vladimir Putin visava estancar a queda do rublo, afetada pela redução drástica dos preços do petróleo, o principal produto de exportação da Rússia; como, no Brasil, o real também foi afetado, chegando a R$ 2,76, analistas esperam uma alta maior dos juros, nas próximas reuniões do Copom, comandado por Alexandre Tombini, para evitar impactos inflacionários (Foto: Leonardo Attuch)
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Não é de hoje que a economia russa está sofrendo, mas na noite de segunda-feira (15) o governo conseguiu tornar a situação ainda mais complicada em uma atitude desastradas de seu Banco Central. Em uma reunião de emergência, a autoridade monetária surpreendeu o mundo inteiro ao elevar sua taxa básica da juro de 10,5% para 17% ao ano. Tudo isso para tentar segurar a queda de sua moeda, o rublo, que até então tinha queda de 49%. Mas a medida de nada adiantou, na verdade ainda piorou o cenário.

Tomada como uma decisão desesperada de Vladimir Putin, o anúncio da alta nos juros serviu para mostrar o "pânico" do presidente russo, o que ajudou para que a situação não se aliviasse. Esta foi e sexta elevação realizada pelo BC apenas neste ano após chegar a gastar mais de US$ 80 bilhões de suas reservas internacionais, sendo que ainda ontem, a autoridade disse que o país poderá cair em uma profunda recessão no próximo ano se os preços do petróleo permanecerem em US$ 60 o barril (e eles já chegaram a US$ 55).

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Mais cedo, Putin chegou a culpar especuladores e o Ocidente pelas quedas tanto nos preços do petróleo como no do rublo, mas o cenário visto após a alta de juros pode indicar que especuladores nada tem com isso. Um rublo fraco representa um enorme teste para Putin, já que isso impulsiona a inflação e a popularidade do presidente depende em parte de sua reputação por garantir prosperidade e estabilidade.

Mais cedo o porta-voz do presidente russo culpou a queda acentuada do rublo nos últimos dois dias às "emoções" e ao "humor especulativo" no mercado. Dmitri Peskov afirmou que "há certamente uma turbulência no mercado, que pode ser explicada em geral por emoções e humor especulativo".

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O que especialistas têm destacado é que as medidas do governo como um todo não estão sendo agressivas o suficiente. Há, porém, quem veja também o fato de que estes anúncios foram feitos tarde demais e que tais medidas já não sejam o suficiente para conter a crise. O que a Rússia precisa agora é retomar a confiança do investidor, e dadas as recentes dificuldades econômicas do país - agravadas pelas sanções ocidentais após a invasão da Ucrânia -, isso pode estar cada vez mais longe de acontecer.

"Acreditamos que o Banco Central da Rússia manteve-se relutante em implantar medidas cambiais mais agressivas enquanto aguarda a estabilização dos preços do petróleo", destacou o nalista Phoenix Kalen, do Société Générale ao site da Baroon's. Voltando às declarações de Putin, se especuladores fosse os causadores da queda do rublo, a elevação dos juros teriam causado perdas a eles, e o efeito seria a recuperação da moeda, o que não ocorreu.

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Presidente do BC tenta acalmar o mercado
A presidente do Banco da Rússia, Elvira Nabiullina, disse nesta terça-feira que a decisão de aumentar as taxas de juros drasticamente elevou os riscos em apostar contra o rublo, que, segundo ela, está atualmente subvalorizado. "Precisamos deixar as estratégias dos especuladores mais arriscadas", disse Elvira Nabiullina em um comunicado televisionado no canal estatal de televisão Rossiya24.

Nabiullina confirmou que o banco central não tem planos para impor quaisquer "restrições administrativas" para lidar com a desvalorização do rublo, aliviando temores sobre controles de capital. Nos primeiros comentários desde que o banco central aumentou a sua taxa de referência em 6,5 pontos porcentuais, para 17%, Nabiullina disse que o aperto monetário teve como objetivo principal conter a inflação. Mas ela disse também que a medida terá um impacto indireto sobre a taxa de rublo.

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O banco central deixou o rublo flutuar livremente em novembro, o que levou a moeda para mínimas históricas. Em um esforço para parar a queda do rublo, o banco central já vendeu mais de US$ 8 bilhões de suas reservas este mês e elevou as taxas de juros duas vezes.

Nabiullina afirmou que o enfraquecimento do rublo é um "sinal" de que a Rússia tem de aprender a viver em novas condições, contando com recursos internos avaliados em rublos e proceder com a substituição de importações. Quando questionada sobre como ela iria acalmar as famílias em meio a uma rápida depreciação da moeda, Nabiullina disse que o objetivo era deixar os acontecimentos internos menos dependente das condições externas.

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A presidente do banco central também disse que o aumento das taxas deve deixar os depósitos em rublo mais atraentes.

E como isso pode afetar o Brasil?
Para entender como a crise russa pode afetar o Brasil é só olhar para o desempenho do mercado nesta terça, principalmente em relação ao dólar e aos juros futuros. A moeda norte-americana disparou no pregão de hoje, chegando a encostar nos R$ 2,76, enquanto os juros também subiram forte, passando a mensagem de que podemos ver elevações da Selic para que o Brasil consiga "competir" com a Rússia.

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Conforme ressalta o chefe de pesquisas emergentes da corretora Nomura, Tony Volpon, a reação do mercado de renda fixa, com forte alta nas taxas dos contratos de juros futuros e que ocorreu no início da sessão, foi violenta e ocorreu uma vez que alguns veem o Brasil como um paralelo à Rússia.

"Alguns investidores veem no Brasil um setor corporativo altamente alavancado que pode enfrentar dificuldades de refinanciamento em 2015, dada a desordem em seus mercados de alto rendimento causada pela queda abrupta dos preços do petróleo. O escândalo em curso na estatal Petrobras, que ainda não foi capaz de publicar demonstrações financeiras auditadas, está fazendo com que alguns investidores temam que o balanço possa ser utilizado como uma barreira [ao mercado de capitais]".

Porém, para Volpon, os eventos na Rússia mostram algo importante e que podem servir como advertência para os formuladores de política econômica: altos níveis de reservas internacionais e uma taxa de câmbio flutuante não são suficientes para gerar ajustes externos mais suaves. Desta forma, os paralelos no Brasil não levam a uma reação política "automática".

Para quem acredita em efeitos nos juros por aqui, o economista tem outra visão. A nova equipe econômica já anunciou um ajuste política ambiciosa, mas não deve acelerar ritmo da Selic além de 0,50 ponto percentual. "O Brasil não está vendo o tipo de volatilidade da moeda visto na Rússia, e não é possível dizer que os atuais níveis do real são permanentes. Mesmo que eles sejam, isso deve afetar o tamanho total do ciclo de aperto atual, não o seu ritmo", afirma Volpon.

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