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    Dois obstáculos a transpor

    O crescimento zero de nossa economia no último semestre deste ano assusta, mas abre espaço para um bom debate – que pode nos levar a uma compreensão mais clara do que é necessário fazer

    Luciano Siqueira avatar
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    O crescimento zero de nossa economia no último semestre deste ano assusta, mas abre espaço para um bom debate – que pode nos levar a uma compreensão mais clara do que é necessário fazer para, a um só tempo, preservar nossa rota de crescimento e nos fortalecer na cena internacional.

    Não é um debate simples. Envolve uma gama de questões cruciais em tono das quais vicejam interesses contraditórios. O primeiro passo é identificar os principais obstáculos a superar; em seguida, reunir convicção e vontade política ampla para enfrentá-los.

    Partindo da constatação de que o País vive um instante rico em possibilidades, apesar da crise global que nos ameaça mas paradoxalmente nos abre uma estrada pela qual podemos nos afirmar no concerto das nações, é lícito afirmar que necessitamos de: 1) mais democracia e 2) coragem para romper com condicionantes macroeconômicos que emperram o crescimento.

    Trocando em miúdos. O governo Dilma se esforça para manter o crescimento do PIB em torno de 3% associado à continuada expansão do mercado interno e da oferta de postos de trabalho. Para tanto, ensaia medidas que, no seu conjunto, podem vir a alterar substancialmente a macroeconomia. Isto se seguir a trajetória recém-inaugurada de redução gradativa da taxa Selic, corrigir o cambio hoje sobrevalorizado e aprimorar os mecanismos de controle do fluxo externo de capitais. Essa tríade em nada colide com o desejado controle inflacionário, antes o reforça. Mais: contempla amplos interesses, do empresariado do setor produtivo aos trabalhadores, ambos necessitados de mais investimentos públicos em infraestrutura e de um ambiente econômico propício à produção, ao consumo e ao emprego. No outro polo, contraria o setor rentista, que tem força no parlamento, na mídia e na máquina governamental.

    Tem-se assim uma quebra de braços na qual o governo não é árbitro, é parte litigante. E como tal, a sua escolha irrecusável é o lado progressista da produção e do trabalho, em contraposição ao capital financeiro.

    Nesse sentido, importa que a presidenta Dilma conte com maioria de que dispõe na Câmara e no Senado. Mas, bem sabemos, é uma maioria heterogênea e mesclada por resistências a mudanças mais profundas. Como torna-la uma força progressista em favor da produção e do emprego, sem o mais amplo debate?

    Aí a porca entorta o rabo. Por enquanto o debate é restrito, uma vez que os meios de comunicação que atingem amplas parcelas da população o interditam. Cerceiam o acesso multilateral aos dados da realidade, escondem a polêmica em torno dos rumos da economia. Tentam fixar como verdade absoluta o que a vida vem negando na prática.

    Por isso, põem-se na ordem dia como irmãs gêmeas a ruptura com a orientação macroeconômica e a democratização da mídia. Duas grandes empreitadas que reclamam amplia mobilização da sociedade.

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