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Economia

Estudo para programa de Lula propõe reverter venda de refinarias da Petrobrás

As propostas incluem até a possibilidade de a Petrobrás voltar a ser dona da refinaria da Bahia, o maior ativo de refino vendido em 2021 pela empresa

Lula e Petrobrás (Foto: Ricardo Stuckert | ABR)
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Por Rafaella Barros, Reuters - Estudos sobre o setor de petróleo e gás no Brasil encomendados para municiar a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva vão sugerir ações para o fortalecimento do refino da Petrobras que incluem a abertura de conversas para a reversão de vendas de refinarias já realizadas pela empresa, disse à Reuters um dos coordenadores do trabalho e integrante do plano petista.

As análises para o candidato do PT que lidera as pesquisas propõem também novos investimentos e a retomada de projetos de refino abandonados pela Petrobras, depois que a empresa decidiu focar na extração de petróleo do pré-sal, como forma de sair da crise resultante da operação Lava Jato.

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As propostas incluem até a possibilidade de a Petrobras voltar a ser dona da refinaria da Bahia, o maior ativo de refino vendido em 2021 pela empresa, hoje de propriedade da Acelen, do grupo Mubadala, comentou William Nozaki, um dos escolhidos para a construção do plano do petista para assuntos de Petrobras.

"Para alguns ativos é possível que se faça uma consulta aos parceiros que adquiriram para entender melhor a situação e saber se eles têm realmente interesse em permanecer integralmente na operação. É o caso da Rlam (na Bahia)", disse Nozaki, que também é coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), ligado à Federação Única dos Petroleiros (FUP).

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A refinaria baiana foi o primeiro desinvestimento concluído pela Petrobras do grupo de oito refinarias que terão que ser vendidas pela empresa pelo acordo firmado com o Cade em 2019 para cessar o monopólio da empresa no refino brasileiro.

"É preciso abrir uma conversa com o fundo Mubadala para saber quais as perspectivas deles, se eles vão querer mesmo operar 100% da refinaria. É abrir diálogo com os parceiros que compraram os ativos e avaliar completamente se existe alguma possibilidade de retorno à Petrobras", disse Nozaki, em referência às sugestões ao plano de governo de Lula, que está sendo finalizado.

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"Mas a orientação dada pelo presidente Lula é que nada vai ser feito de maneira traumática para os acionistas e nem para os investimentos da Petrobras", acrescentou o pesquisador.

O pesquisador admitiu que é "difícil" a reversão das vendas das refinarias da Petrobras, mas não impossível. A ideia é dialogar com os novos proprietários antes de qualquer atitude.

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"O presidente Lula pediu para que colocássemos na mesa todas as opções disponíveis, do ponto de vista técnico, para pensar em como enfrentar o problema da inflação de combustíveis."

A inflação acumulada em 12 meses no Brasil supera 11%, impulsionada também pelos combustíveis, e tem sido problema que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta mitigar com reduções de impostos em meio à sua tentativa de reeleição.

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As diretrizes técnicas apontarão também para a necessidade de reavaliação da venda de três refinarias do acordo com o Cade, cujos processos de alienação estão mais atrasados: Repar, no Paraná, Refap, no Rio Grande do Sul, e Rnest, em Pernambuco. Além da refinaria baiana, a Petrobras já fechou acordos para vender unidades no Amazonas (Reman), Paraná (SIX), Ceará (Lubnor) e Minas Gerais (Regap), embora alguns processos dependam ainda de conclusão e aprovação de autoridades.

OUTRAS MEDIDAS

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Em função da complexidade de uma retomada dos ativos, o conjunto de ações sobre refino deve focar primeiramente no aumento da capacidade produtiva da Petrobras nas refinarias ainda sob seu controle.

Uma das primeiras medidas deve ser a análise do Fator de Utilização (chamado de FUT) de todas as refinarias da Petrobras, de forma que ele acompanhe a média internacional, entre 88% e 95% da capacidade máxima de produção de derivados.

"Com alguns investimentos de modernização daquilo que já está em funcionamento no parque brasileiro, é possível aumentar um percentual de produção para diminuir a nossa importação", disse Nozaki.

Segundo o pesquisador, o FUT médio das refinarias da Petrobras ficou na casa dos 60% durante o governo Temer, mas aumentou no governo Bolsonaro justamente para produzir mais combustíveis e reduzir a dependência externa.

Em seu relatório de Produção e Vendas do segundo trimestre, a Petrobras afirmou que suas refinarias alcançaram 97% de FUT no fim de junho, acrescentando que opera dentro de capacidade máxima, considerando fatores como a segurança da operação, para bem atender o mercado.

Um passo seguinte de um eventual governo Lula seria uma reanálise da retomadas de obras de refinarias da Petrobras que foram paralisadas por problemas de corrupção, como a Premium II, no Ceará, e a do Polo Gaslub (antigo Comperj), no Rio de Janeiro, este último apontado como grande foco do escândalo investigado pela Lava Jato, que levou políticos, incluindo o próprio Lula, para prisão --posteriormente, o petista teve os processos no âmbito da operação anulados pela Justiça.

"É menos custoso concluir as obras e colocar em operação do que manter o ativo, deixando-o sucatear", afirmou Nozaki, acrescentando que a retomada das obras da Premium I, no Maranhão, é menos provável.

Por fim, também integrará o rol de possibilidades a construção de novas refinarias, mas como uma medida de médio e longo prazos. O próprio Lula já falou publicamente sobre isso. "Mas isso em um terceiro momento, até porque a construção de uma refinaria você inicia hoje e a conclusão ocorre em seis anos", disse Nozaki.

EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO

Em relação à área de exploração e produção, o estudo deve apontar que o foco deverá ser mantido na área do pré-sal, o grande filão das reservas de petróleo do Brasil, e na chamada Margem Equatorial, área de grande potencial produtivo que vai do Rio Grande do Norte até o Amapá, mas que ainda não teve extração de óleo.

Segundo Nozaki, a possibilidade de parcerias com o setor privado tanto em pesquisas quanto na revitalização de campos, incluindo do pós-sal, está na mesa de discussões para subsidiar o programa de Lula.

Tanto o foco no pré-sal como a parceria para a revitalização de campos do pós-sal já são atividades realizadas pela Petrobras atualmente.

As diretrizes a serem entregues ao PT também vão apontar para investimentos em energia renovável, com maior participação da Petrobras.

O foco no pré-sal acabou deixando a Petrobras mais distante de investimentos em energia eólica e solar, por exemplo, mas o pesquisador considera que este também é um caminho importante a seguir, até para o enfrentamento às mudanças climáticas.

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