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Economia

Executivos e criminosos

O que difere alguns criminosos dos executivos é o tipo de negócio que administram

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Grandes líderes empresariais e governamentais são pessoas capazes de convencer os demais a respeito de quais caminhos devem ser seguidos. Tomam decisões sem muito titubear que podem desagradar e até mesmo criar danos severos para os demais. Afinal, é preciso ter sangue frio para decidir fechar uma fábrica e mandar milhares de pessoas embora, diminuir os gastos com saúde pública e potencialmente causar mortes, enviar tropas para uma guerra ou comprar uma empresa e forçar para que as pessoas que fazem parte da organização adquirida mudem sua 'cultura'.

Líderes são em geral muito sedutores, adoram o glamour do poder e precisam ser muito competentes em manipular outras pessoas. São arrojados, visionários, narcisistas, egocêntricos e caminham na tênue linha entre o certo e o errado com muita tranquilidade. Tais traços não são apenas de líderes empresariais e políticos bem sucedidos. Eles caem como uma luva para caracterizar Don Corleone, de O Poderoso Chefão. Podemos sair das telas de cinema e das páginas dos livros para constatar o mesmo fato: narcisismo, sede pelo poder, visão flexível sobre moralidade e ética, capacidade de tomar decisões duras, ter pouco respeito pelas pessoas, possuir inteligência aguçada e ser sedutor são características marcantes também de criminosos.

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Na semana passada, o jornal britânico The Guardian publicou uma matéria interessante que indica que pesquisas comparando os traços de personalidade de presidentes de empresas e criminosos constataram que ambos os grupos possuem semelhanças de personalidade impressionantes. O jornalista britânico Jon Ronson publicou ano passado um livro chamado "The Psychopath Test: A Journey Through the Madness Industry" em que ele constata que a incidência de pessoas com fortes traços de psicopatia é quatro vez maior entre presidentes de empresas do que na população em geral.

Frente a estes dados, não é de se estranhar que a Polícia e a Receita Federal tenham descoberto um grande esquema em que homens de negócio brasileiros usam manobras para esconder seus jatinhos do fisco ou que shoppings bem frequentados de São Paulo tenham conseguido alvarás por meios pouco recomendáveis. O que difere alguns criminosos dos executivos é o tipo de negócio que administram.

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Apesar das similaridades de personalidade em muitos casos, socialmente é admirado ser um banqueiro ou presidente de empresa e repudiado ser um traficante. No caso dos bandidos, é ainda necessária uma boa dose de violência. Nem todo homem de negócios é um bandido, mas a grande maioria dos bandidos é de homens de negócios. Sem dúvida, o fator pobreza entra na seleção de pessoas que possuindo personalidades parecidas vão para o crime ao invés do mundo das organizações lícitas.

Mas a lógica dos negócios da maneira que praticamos é uma só. Ela demanda pessoas agressivas, sedutoras e manipuladoras para ocupar o topo das organizações. Só uma mudança de lógica poderá fazer com que alguns psicopatas não tenham tanto sucesso.

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Rafael Alcadipani é professor adjunto da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas

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