Formação profissional: dificuldades
O caminho a se buscar é o do melhoramento da eficiência produtiva, e tal salto qualitativo não poderá ocorrer sem que se tenha uma maciça ordem de investimento educacional
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O discurso de economia globalizada, quedas das fronteiras geográficas e globalização comercial estão presentes em diversos materiais. Outro clichê é a reclamação dos empresários quanto à carência de mão de obra. Na verdade, hoje já se discute a escassez de mão de obra disponível.
Em partes, o problema de uma oferta de mão de obra qualificada está ligada a uma péssima formação básica educacional, e tal discussão transcende o objetivo deste artigo, mas é necessário reconhecer sua contribuição para o não aculturamento da formação continuada.
Ora, não defendo a progressão educacional como temos em muitos lugares, mas espero que o cidadão, ao término de sua base educacional, consiga formar uma identidade de busca do conhecimento, de manutenção e atualização de suas habilidades. Infelizmente parece-me que ainda não temos êxito em tal ponto.
É datado, mas ainda reflete a situação atual brasileira o discurso do empresariado de que há vagas, mas falta gente com o perfil ideal, com formação superior e outros requisitos. A expansão do ensino privado superior vem conseguindo ampliar o estoque de mão de obra, mesmo que não na mesma velocidade que a desejada, mas vem repondo alguns perfis.
Infelizmente, o ensino superior público vem cedendo lugar ao clientelismo político e ao abandono governamental. Cito um exemplo particular da Universidade Estadual de Goiás, que se encontra neste momento em greve, fruto de ações, ou melhor, resultado da paralisia governamental pelo qual o Estado de Goiás passa.
O governador se esquece ou finge esquecer que as alianças políticas de forma isoladas não garantem a sua reeleição, e em determinados momentos, romper as amarras que emperram a máquina pública pode lhe garantir louros ao final do processo eleitoral.
Um governo ágil, com foco em resultados e estruturante supera qualquer apoio/clientelismo eleitoral, e seus aliados de hoje podem revoar amanhã.
A universidade, neste caso particular, transformou-se apenas em números a serem exibidos nos informes públicos, sendo deixada sem investimentos e perdendo sua autonomia educacional e funcional. Tornou-se mera massa de manobra estadual. Uma lástima que precisa ser restabelecida.
Retomando aos problemas gerais, a realidade é que o empresário precisa apostar na formação de sua equipe, na formação das identidades ocupacionais. Investimento em treinamentos, melhorias e processos e aperfeiçoamento gerencial são partes essenciais de tal evolução.
As primeiras experiências, os primeiros labores são essenciais e importantíssimos na formação e construção profissional, uma vez que molda parcialmente as expectativas do trabalhador e lhe fornece aspectos para decidir se quer seguir sua carreira naquela atividade ou setor. Moldam-se as aspirações e inclui trabalhadores no mercado.
Entre estas aspirações, parece-me haver um hiato entre o que desejamos e o que estamos dispostos a oferecer e aquilo que queremos. Tal propósito vale para os dois lados do negócio, tanto empregador ou empregado.
A consolidação do ensino superior, principalmente agora com a união de forças entre Anhanguera e Kroton, deverá elevar a oferta de cursos superiores e consolidar ainda mais o mercado, que é visto como promissor e fonte de investimentos externos.
Sabe-se que a nossa capacidade de formação de engenheiros e outras áreas de conhecimento técnico encontra-se muito abaixo das nossas necessidades. Reconheço que precisamos melhorar a legislação de apoio a pesquisas nas universidades públicas que permitam a doação/financiamento de empresas privadas a estas instituições.
O caminho a se buscar é o do melhoramento da eficiência produtiva, e tal salto qualitativo não poderá ocorrer sem que se tenha uma maciça ordem de investimento educacional. Isso todos já sabemos, mas é hora de o empresariado assumir a formação para si. A construção profissional não é estática e nunca será perfeita.
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