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    Integração regional em cenário de crise

    O cenário atual empurra o Brasil a apostar suas fichas no mercado interno e no fortalecimento do comércio com o Mercosul, a América Latina e a África

    Os últimos anos foram marcados pela mudança dos motores do crescimento econômico internacional, que passaram a ser essencialmente as nações em desenvolvimento, com destaque para os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Nesse período, os principais centros da economia mundial —EUA, Europa e Japão— permaneceram com grande dificuldades em encontrar saídas para a crise, e o panorama indica que esse quadro se manterá.

    Espera-se, portanto, que o crescimento mundial nos próximos anos seja retraído, com baixo nível de atividade econômica e entraves ao comércio. O crescimento será puxado novamente pelos emergentes, ainda que pairem dúvidas quanto ao tamanho da participação chinesa.

    Como já sustentei em outras oportunidades, o cenário empurra o Brasil a apostar suas fichas no mercado interno e no fortalecimento do comércio com o Mercosul, a América Latina e a África. Estão no fortalecimento das relações com esses centros nossas chances de expansão comercial e econômica.

    É nesse sentido que podemos considerar histórica a iniciativa dos ministros de Economia, governadores e presidentes de bancos centrais dos 12 países da Unasul (União das Nações da América do Sul), que, reunidos em Buenos Aires, avaliaram os cenários de crise, discutiram alternativas à região e buscaram formas de atuar coordenadamente para evitar um contágio da crise global na área do bloco.

    A reunião refletiu o novo momento nas relações continentais, mas marcou, principalmente, uma maneira diferente de encarar as relações da região com os EUA e a Europa. O encontro foi também a primeira reunião do Conselho Sul-Americano de Economia e Finanças, que se encerrou com a assinatura de um plano de ação para proteger a região contra os efeitos dos profundos problemas econômicos com origem nos EUA e no velho continente.

    Ministros e dirigentes dos BCs do continente avaliaram várias medidas, entre as quais a possibilidade de expandir para todos os países o Flar (Fundo Latino-Americano de Reservas), que é composto até o momento por sete países. O fundo serve como mecanismo de assistência a seus membros que enfrentam dificuldades financeiras e pode ter papel importante para erguer barreiras contra um contágio da crise.

    Nosso representante no encontro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, propôs que os integrantes do bloco estendam acordos como os

    swaps de moedas, que permitem aos países contar com assistência financeira mútua em caso de emergência.

    Além disso, foram discutidas formas de estimular e ampliar o comércio entre os países-membros, a extensão dos sistemas de trocas comerciais com moedas locais em substituição ao dólar e o fortalecimento de instituições como a Corporação Andina de Fomento e o Banco do Sul.

    As preocupações e medidas debatidas vão ao encontro das necessidades brasileiras de aprofundar o relacionamento na região, pois ela será uma das chaves para nosso crescimento e expansão nas próximas décadas. Há um enorme potencial de desenvolvimento na área da Unasul, do ponto de vista comercial, sem dúvidas, mas igualmente de infraestrutura —em transportes, energia, comunicação e minério, por exemplo.

    Não podemos desperdiçar essa janela de oportunidades que se descortina para o Brasil e para a região. A reunião da Unasul serviu para ampliar a certeza de que a consolidação do Mercosul e da Unasul, com maior integração regional, é fundamental para determinar a qualidade e a intensidade da resposta que daremos para enfrentar a crise internacional.

    José Dirceu, 65, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT

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