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Economia

Pibinho de 0,4% mostra um Brasil sem fôlego para criar empregos

O economista da Unicamp, Guilherme Mello, diz que o PIB brasileiro continua sendo uma notícia bastante preocupante porque confirma uma trajetória de crescimento baixa, uma quase estagnação da economia, que é exatamente o cenário que se repete desde 2017

Pessoas buscam vagas de trabalho no centro de São Paulo (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)
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Da Rede Brasil Atual - O governo comemora o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, de 0,4% em relação ao trimestre anterior, conforme divulgado hoje (29) pelo IBGE. “É o melhor resultado em seis anos para o período”, celebrou no Twitter o presidente Jair Bolsonaro. “Crescimento do PIB demonstra que crescimento pelo investimento é o caminho certo, a confiança está de volta”, disse o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni.

Mas do ponto de vista dos trabalhadores há o que comemorar?

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“Esse resultado só pode ser comemorado por um ponto de vista: é que não se confirmou a tragédia. Não é um resultado bom, não é animador. Ele não reflete a recuperação do emprego e da renda. Não é capaz de colocar o país em uma trajetória sustentável de crescimento. Mas havia a possibilidade de o país ter entrado novamente em recessão e isso do ponto de vista da confiança poderia ser muito negativo. Então, a boa notícia é que o país não entrou novamente em recessão”, disse à RBA o economista da Unicamp, Guilherme Mello.

Para o economista, o PIB continua sendo uma notícia bastante preocupante porque confirma uma trajetória de crescimento baixa, uma quase estagnação da economia, que é exatamente o cenário que se repete desde 2017. “São três anos praticamente no fundo do poço, porque o país teve uma recessão forte em 2015 e 2016 e desde então não voltou a crescer, o que é um caso raríssimo na história”, avaliou.

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Geralmente, os países crescem mais rápido quando saem da recessão, porque têm capacidade ociosa na atividade econômica, trabalhador desempregado e a sua base de comparação é baixa. “Qualquer crescimento aparece como destaque”, comenta Mello.

O professor lembra que em 2009, com a crise global, o PIB caiu 0,6%, mas em 2010 cresceu mais de 7%, ou seja, a recuperação foi muito rápida. “E no caso brasileiro, desde 2017, o que esse dado confirma é que nós seguimos em uma trajetória muito débil, incapaz de recuperar os níveis de PIB pré-crise, mais os níveis de emprego e de salário”.

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“O que chama atenção olhando para esse dado é que a demanda não cresce”, destaca ainda o economista. “O consumo das famílias basicamente não cresce – que é o principal motor do PIB, que evolui 0,3%, portanto, quase estagnado; e a demanda externa, que ativa a exportação, também não cresce, mas cai. Outro componente de demanda que é o consumo do governo também cai. Então, não tem componentes de demanda no crescimento do PIB nesse caso”, explica Guilherme Mello.

O PIB cresceu por dois fatores principais. Em primeiro lugar, tem um crescimento razoável do investimento no segundo trimestre em relação ao primeiro. “Estamos olhando os dados e o que parece é que esse crescimento do investimento está ligado a um crescimento na construção civil – não em infraestrutura, mas no setor imobiliário, em particular para pessoas de renda mais alta”.

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Isso pode ser um efeito na classe média mais alta, que com os juros um pouco mais baixos, e como havia uma aposta no governo, “foram lá e se endividaram e compraram os imóveis. Isso deu uma animada no setor de construção civil. E é curioso porque o emprego na construção civil cresce muito pouco”, analisa Mello.

Outra fator a puxar o investimento é que em maio, aparentemente houve uma grande importação de bens de capital – máquinas e equipamentos. “Mas ainda não temos a clareza do que isso quer dizer, ainda estamos analisando, para ver quais os setores exatamente realizaram essas importações. Isso pode indicar o que a gente chama de um mini-ciclo, um soluço, como aconteceu em 2017 e em outros momentos, que o empresário aproveita o momento em que o câmbio está mais valorizado  e mais estável para importar um bem de capital, mas não para ampliar a capacidade produtiva. Troca o bem de capital velho, que já está lá há muito tempo, desgastado”.

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