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Economia

Sem parceiros, Petrobrás teve que pedir socorro a empresas chineses

Reportagem da agência Reuters revela que, até o último momento, a estatal tentou costurar uma parceria com a petroleira Exxon, mas foi descartada. Sem o acordo, a empresa teve que recorrer a dois grupos da China para evitar o fracasso total do leilão do pré-sal

A selvageria da entrega do petróleo brasileiro (Foto: Sergio Moraes / Reuters)
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RIO DE JANEIRO (Reuters) - Enquanto o maior leilão de petróleo do Brasil se aproximava, a Petrobras mantinha conversas cada vez mais frenéticas para encontrar empresas estrangeiras dispostas a compartilhar enormes bônus de assinatura e investimentos, segundo fontes familiarizadas com o assunto.

Nenhuma das negociações com empresas privadas avançou tanto quanto aquelas mantidas com a norte-americana Exxon para a formação de um consórcio. Mas as conversas foram encerradas dias antes da rodada de licitações, segundo quatro das fontes, que pediram anonimato para tratar do assunto confidencial.

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Com isso, a petroleira estatal terminou por fazer uma parceria com apoio simbólico de empresas estatais chinesas para realizar lances no leilão, considerado como frustrante pelo mercado, que aguardava forte presença das grandes empresas privadas estrangeiras.

A maioria das negociações para formar consórcios entre a Petrobras e outras petroleiras pareceu ter vida curta e natureza relativamente informal, segundo as fontes.

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Mas as negociações, pelas quais a norte-americana poderia ter abocanhado grande fatia no cobiçado bloco de Búzios, ruíram recentemente, disseram fontes.

Um eventual consórcio entre Exxon e Petrobras, que também incluiria as duas empresas estatais chinesas que compraram 10% dos direitos do bloco de Búzios —CNODC e CNOOC—, teria dado um selo de aprovação do setor privado para o aguardado leilão.

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Em vez disso, a falta de grandes parceiras revelou como o poderoso papel da Petrobras no chamado “polígono do pré-sal”, juntamente com termos de desenvolvimento complicados e bônus de assinatura elevados, manteve as petroleiras privadas, mesmo as maiores com grande poder de compra, afastadas de uma das maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo.

A Petrobras não respondeu aos pedidos de comentários. Exxon não respondeu imediatamente.

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O CNOOC e o CNPC não responderam imediatamente aos e-mails enviados fora do horário comercial.

DIFERENÇAS EMERGEM

Ainda não se sabe por que razão as negociações não deram frutos.

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Uma das fontes disse que a Petrobras e a Exxon discordaram sobre o modo como bilhões de dólares seriam pagos à empresa brasileira em compensação pela exploração anterior. Outras citaram diferenças sobre quanto investir em plataformas para acelerar a produção.

A Exxon teve interesse em assumir as operações do campo, algo que a Petrobras não concordou, de acordo com uma das fontes.

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Todas as fontes concordaram que a natureza complicada do leilão teve um papel importante em impedir que as negociações tivessem sucesso.

Isso também foi sugerido pelas autoridades brasileiras para explicar por que o país não conseguiu captar dinheiro de petroleiras estrangeiras.

“É um sistema terrível”, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, na quinta-feira. “Você precisa passar por muitas camadas de negociações apenas para chegar ao petróleo.”

Devido a um acordo assinado entre a Petrobras e o governo brasileiro em 2010, a Petrobras já tem direitos para desenvolver até 5 bilhões de barris de óleo equivalente na região da cessão onerosa. A licitação de quarta-feira buscava a venda de volumes além desses já contratados.

Como resultado, qualquer membro vencedor de um consórcio precisaria fechar, após o leilão, um acordo que iria compensar a Petrobras por investimentos já realizados na região.

O governo, por sua vez, precisaria então aprovar o acordo.

(Para gráficos sobre o leilão, clique aqui: tmsnrt.rs/35YuObI)

COMPETIÇÃO FRACA

No final, a Petrobras ficou praticamente sozinha ao apresentar lances mínimos para duas das quatro áreas da rodada de licitações dos excedentes da cessão onerosa, que as autoridades esperavam que cimentassem a ascensão do Brasil como potência indiscutível da América Latina.

Além de Búzios, a Petrobras também venceu Itapu, o menor bloco em oferta, com um lance individual. Sépia e Atapu, o segundo e o terceiro maiores blocos do leilão, respectivamente, não receberam ofertas.

Se o governo tivesse vendido todas as áreas, teria arrecadado cerca de 106,5 bilhões de reais em bônus de assinatura. Em vez disso, o Brasil recolheu pouco menos de 70 bilhões de reais.

No dia seguinte, a Petrobras também esteve quase completamente sozinha ao fazer um lance pelo maior dos cinco blocos de petróleo oferecidos na 6ª Rodada do pré-sal, chamado Aram. A chinesa CNODC acompanhou novamente a empresa estatal, comprometendo-se com uma participação de 20%.

Os resultados de ambas as rodadas foram amplamente vistos como uma decepção no mercado, já que nenhuma empresa privada fez ofertas por campos que sabidamente detêm bilhões de barris de petróleo não explorados.

Após os resultados, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o governo aprendeu uma lição e ajustaria as regras dos próximos certames. Isso pode envolver a redução dos bônus mínimos de assinatura exigidos dos licitantes, entre outros parâmetros, disse ele.

“Pode alterar o regime de exploração, esses parâmetros como um todo, a metodologia do leilão, ou seja, o processo como um todo é que estamos avaliando, e tenho certeza que vamos aperfeiçoá-lo”, disse Albuquerque à Reuters.

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