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Economia

Tânia Bacelar: Política da Petrobras é tão absurda que não se explica

"Um país que tem petróleo, que tem capacidade de refino – que é agregar valor ao petróleo –, mas corta o refino interno para importar? Não dá para explicar isso à população. É tão ilógico... como o pais escolhe se transformar em importador de um produto que você é capaz de produzir?", criticou a economista pernambucana Tânia Bacelar

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Portal Vermelho - Em entrevista à Rádio Universitária de Pernambuco, a economista Tânia Bacelar falou sobre a crise dos combustíveis. De acordo com ela, o presidente Michel Temer tem dificuldades de resolver o problema, porque se recusa a ir à sua raiz. "O vilão é a política de refino e, associada a ela, a política de preços da Petrobras", disse, classificando-as como "absurdas e ilógicas".

"Um país que tem petróleo, que tem capacidade de refino – que é agregar valor ao petróleo –, mas corta o refino interno para importar? Não dá para explicar isso à população. É tão ilógico... como o pais escolhe se transformar em importador de um produto que você é capaz de produzir?", criticou.

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Sobre a política de preços que a Petrobras implementou a partir de junho deste ano, Tânia afirmou que ela parece deslocada da realidade do país. "É como se eles não soubessem que estão no Brasil. Como é que, num país em que a vida das pessoas e a economia rodam em cima do diesel e da gasolina, você atrela o preço desses combustíveis a duas variáveis externas – que são o dólar e o preço internacional, ambos definidos lá fora –, e num momento mundial em que os preços delas duas estão crescendo a nosso desfavor? É tão absurdo que não conseguimos explicar", disse.

Tânia avaliou que a greve dos caminhoneiros revelou como o país é refém de um sistema de infraestrutura e transporte muito concentrado no modal rodoviário. "Os caminhoneiros pararam o pais. E um país que tem rio, oceano e já teve uma malha ferroviária." Questionada sobre as forças que têm interesse na manutenção desse modelo, ela mencionou a indústria automotiva e as empreiteiras brasileiras, que têm peso nas decisões.

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Segundo a economista, a decisão de Temer de atender ao pleito dos caminhoneiros subsidiando a redução no valor do diesel também chamou a atenção para o modelo tributário brasileiro. Ela defendeu que a reforma tributária é a "mãe" de todas as outras.

"É fácil fazer? Não. Lula tentou duas vezes e não conseguiu. Mas o sistema tributário brasileiro é absurdo. A gente discute o tamanho da carga, mas a carga tributária brasileira não é alta. É 32%. A média da OCDE é 34%. Não estamos fora da curva. A gente está fora da curva na composição da carga. Na média da OCDE, 34% vêm da renda. No Brasil, só 21%. E nem falo da isenção da tributação e lucros e dividendos, que é uma excrecência. A sociedade tem que questionar esse sistema tributário, que está errado."

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Em participação no programa, o ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima, afirmou que Temer deu uma solução simplória para um problema complexo.

"Temos uma reserva de petróleo bastante grande, temos uma base de refino razoável, que está atrasada, é muito antiga, e, por conseguinte, compramos petróleo de fora e, como o preço está subindo muito e o dólar também, não é natural que a Petrobras pague o preço dessas coisas. Mas também não é certo que o povo brasileiro pague preço internacional por um petróleo que é brasileiro. Na época de Dilma tinha reajuste de três em três meses e ia equilibrando. Aí vem Temer e passa todo o custo para o povo brasileiro", criticou.

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Outro convidado da Rádio universitária, Flávio Tonelli Vaz, assessor técnico da Câmara dos Deputados e especialista em orçamentos e políticas públicas também criticou a política de preços da Petrobras. " Não é possível um país exportador de petróleo agir internamente como se importasse o produto. Teria que rever a política", afirmou.

De acordo com ele, outra opção teria sido a redução de tributos sobre o combustível, mas, para ele, Temer optou pela pior saída. "A pior solução era o subsídio, porque exige cortar recurso em áreas como saúde, educação", disse. Para ele, este é "um governo dos negócios, não dos interesses nacionais e do desenvolvimento" .

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Para ela, com relação ao diesel, a sociedade não vai aceitar "subsidiar o ganho dos importadores, cortando educação e saúde e aumentado os custos. Nossa indústria está rebelada com razão".

Assista à entrevista:

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