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Economia

Tijolaço: Saldo comercial de 2015 é 'apesar do mundo'

Jornalista Fernando Brito destaca o aumento no volume de mercadorias comercializadas no mundo, mas a queda no preço desses produtos, e avalia: "Isso nada tem a ver com a crise na economia brasileira, mas sim com a recessão mundial. E, a menos que elevemos Michel Temer ou Aécio Neves ao nível de líderes mundiais, não parece que possa ser resolvível pelo oportunismo político tupiniquim"

Jornalista Fernando Brito destaca o aumento no volume de mercadorias comercializadas no mundo, mas a queda no preço desses produtos, e avalia: "Isso nada tem a ver com a crise na economia brasileira, mas sim com a recessão mundial. E, a menos que elevemos Michel Temer ou Aécio Neves ao nível de líderes mundiais, não parece que possa ser resolvível pelo oportunismo político tupiniquim" (Foto: Gisele Federicce)
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Por Fernando Brito, do Tijolaço

Os jornais hoje dizem que é a crise brasileira a responsável pela formação de um sensacional saldo comercial de US$ 19,681 bilhões e usam como argumento o fato de terem caído os valores de exportações e das importações.

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Verdade.

Meia verdade.

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Primeiro porque uma coisa é o comércio das mercadorias. Outra, bem diferente, é o valor destas mercadorias.

Roger Amarante, no site Crítica da Economia, descreve cruamente o que está acontecendo: “O volume das mercadorias comercializadas no mundo não para de crescer. Os portos de todo o mundo estão congestionados. Mas o valor das mercadorias cai ininterruptamente. O volume sobe pelo elevador, o valor desce pela escada.”

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O FMI prevê uma redução em torno de 10% no valor do comércio mundial, comparável à de 2009. As exportações dos EUA, por exemplo, em plena recuperação econômica, caíram 8% no acumulado no terceiro trimestre de 2015, frente a 2014.

Vejamos o que aconteceu com as principais mercadorias de exportação brasileiras, com os dados detalhados:

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O volume das  exportações mais importantes  subiu na soja (20% a mais, frente a 2014), no minério de ferro (+ 8%). Mas seu preço, ao contrário, despencou: foi 50% menor no caso do ferro em quanto o valor médio da tonelada de soja caiu 24%.

Se considerarmos um intervalo um pouco maior, desde 2012, a soja vale um quarto do que valia e o ferro, um terço.

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Se os preços destes produtos fossem os mesmo de 2014, teríamos um superávit de mais de 40 bilhões de dólares, um dos maiores da história.

A Folha, que se esmera em dizer o quanto deixamos de importar na manchete de economia, só na coluna de Mauro Zaffalon registra esta dramática perda de receitas do país, assim mesmo em valor menor do que as estimativas de outros especialistas.

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Isso, portanto, nada tem a ver com a crise na economia brasileira, mas sim com a recessão mundial. E, a menos que elevemos Michel Temer ou Aécio Neves ao nível de líderes mundiais, não parece que possa ser resolvível pelo oportunismo político tupiniquim.

O segundo fator do resultado comercial brasileiro foi o realismo cambial, que o Banco Central teimou em não permitir que voltasse gradualmente.

Isso permitiu que a participação dos produtos manufaturados nas exportações, que vinha em declínio há muitos anos, voltasse a crescer, mesmo com uma redução no valor total – alinhada com a queda mundial – passando de 35% para 38% do total, na média anual, mas já passando de 40% nos meses finais do ano, quando já se havia consolidado o valor do câmbio, que se reflete mais lentamente neste setor, que não tem um mercado spot como as commodities.

É claro que há efeitos da recessão aprofundada por Joaquim Levy nas contas eternas do país, o mais negativo deles a queda na importação de maquinaria industrial, que teve um incrível tombo de 46%  no ano. É um item na pauta de importações que responde diretamente à  decisão de investir em aumento de produção industrial e, convenhamos, não era de se esperar que com o ministro da Fazenda sinalizando todo tempo cortes e arrochos, não  é esperável  que se comprem máquinas para produzir mais.

É, afinal, o primeiro fator positivo depois de um longo ano de desastre após desastre e que, claro, a nossa imprensa precisa transformar também em desastre.

Aliás, quem via a cara de velório do William Waack ontem falando da crise da bolsa chinesa ontem ficava com a imprenssão de que o mundo tinha acabado e, com ele, nós aqui. Até que chamou o correspondente ele e teve de ouvir que a situação, ao menos naquele momento, havia se estabilizado.

Há uma mudança em curso na economia mundial e as forças dominantes usam e usarão sua principal arma – o controle da formação de preços – para sufocar as forças emergentes. A história é um rio, dá voltas, anda mais rápido e turbulentamente, como segue por períodos calmos. Mas anda, inexoravelmente.

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