Campo progressista precisa "virar a página" e dialogar com as polícias, afirma Cappelli
Por sua vez, a extrema direita trata as polícias como base de apoio, destacou o ministro em exercício: ‘enviam recursos, vão nas formaturas, dialogam com a categoria'
247 - Em entrevista à TV 247, o ministro em exercício da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, admitiu não concordar com a associação 'natural' que é feita entre o militarismo e a extrema direita no Brasil e afirmou que o campo progressista precisa começar a dialogar com os militares.
Durante a conversa, o ministro citou que em sua época como interventor na Segurança Pública do Distrito Federal - em razão dos atentados de 8 de janeiro de 2023 - assistiu a celebrações de ingresso de jovens na Polícia Militar. Ele deu detalhes sobre o que observou: "vi uma imensa bandeira do Brasil, vi as famílias, vi um sentimento patriótico, de nação, e vi, na sua esmagadora maioria, pretos e pretas, das periferias de Brasília, que estavam ali se formando. Não vi naturalmente fascistas ou extremistas de direita”, afirmou Capelli.
Ele ainda relatou que o orçamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública no ano passado contava com mais de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares destinadas às polícias civis, militares e aos bombeiros. Contudo, segundo Cappelli, grande parte do recurso vinha de deputados da extrema direita, mostrando o diálogo que é mantido entre esta ala política e a categoria militar.
Para o ministro, é necessário que o campo democrático comece a dialogar com as polícias, pois “eles [extrema direita] tratam as polícias como uma legítima base social. Como nós dialogamos com os sindicatos, eles dialogam com aquela base social. É uma base social formada por gente do povo. [...] Ora, se a gente não vai, não dialoga, não conversa, não ouve e estabelece um diálogo, esse diálogo nunca vai ser estabelecido”.