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Entrevistas

Júlia Rocha: saúde privada adoece o Brasil

Médica, cantora e escritora mineira defende a ampliação da saúde pública e o fim dos convênios privados; assista na íntegra

Julia Rocha, médica e cantora (Foto: Twitter)
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Por Pedro Alexandre Sanches, do Opera Mundi - No 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quarta-feira (18/05), o jornalista Breno Altman conversou com a médica, cantora, escritora e militante comunista mineira Júlia Rocha, que afirmou que o déficit de médicos nas periferias das grandes cidades e no interior do Brasil reflete o interesse de uma classe que ganha com o adoecimento da população. 

“A gente vive num sistema capitalista, e saúde é considerada uma mercadoria. Quanto mais eficaz a mercadoria de saúde, maior é seu preço”, disse. 

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Defensora do Sistema Único de Saúde (SUS), Rocha declarou que os direitos da classe trabalhadora por saúde são sabotados por quem lucra com o adoecimento da população. Para ela, a legislação brasileira deveria inviabilizar a assistência privada oferecida pelos convênios particulares. 

“Por interesses mercadológicos, questionam o tempo todo a existência do sistema público de saúde. É uma fronteira para o capitalismo explorar”, disse a médica, declarando que o capitalismo "faz mal à saúde".

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A médica reivindica, por isso, a adoção de uma saúde radicalmente pública no país.

Por sua vez, Altman lembrou que 9,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro são gastos em saúde, sendo apenas 3,9% desses com o SUS, e que o gasto anual per capita com saúde é de R$ 1.880 para os usuários do sistema e de R$ 8.730 reais para os detentores de planos privados. 

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Nesse sentido, a militante observou que a alocação da maior parte dos recursos para quem menos precisa é uma inversão que acentua as desigualdades no país. Segundo ela, os trabalhadores com renda menor estão mais expostos ao adoecimento e recebem atendimento precarizado, enquanto os que comem melhor, trabalham menos e têm acesso a lazer e cultura gozam também de acesso privilegiado aos melhores profissionais, equipamentos e cuidados, sobretudo em regiões específicas do Sudeste.

Sobre o caráter elitista dos cursos de medicina no país, a também cantora afirmou que a rejeição de parte dos médicos contra a vinda de 10 mil profissionais cubanos ao Brasil pelo programa Mais Médicos foi essencialmente racista. 

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“Uma parte importante dos trabalhadores médicos nem se veem como trabalhadores. São originalmente de classes mais altas. É uma bolha, uma caverna”, disse. Ainda assim, afirmou entender a posição de profissionais que resistem a trabalhar em condições precárias, sem infraestrutura ou mesmo internet nos consultórios.

Complementou que a pandemia da covid-19 teve o papel positivo de ensinar a importância do exercício da telemedicina. “Uma boa internet e um bom equipamento de áudio e vídeo dentro de uma Unidade Básica de Saúde reduziria a demanda por especialistas e tornaria o trabalho mais resolutivo", comentou Rocha, recordando que há médicos que recusam salários de R$ 20 mil por ausência total de suporte.

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O ataque do governo Bolsonaro às políticas de saúde e ao programa Mais Médicos, implementado no governo Dilma Rousseff, levou, segundo a médica, à destruição de serviços públicos, como a assistência pré-natal e do parto e a assistência à saúde mental, com participação do sistema privado no processo. 

“Os conselhos estaduais e federal de medicina, bastante alinhados contra a luta antimanicomial e com o negacionismo científico do governo, atacaram as políticas de saúde pública, provocando muitos retrocessos", declarou. Na direção oposta, defendeu o combate à desumanização da medicina, que reflete o tratamento de determinados grupos sociais em todos os âmbitos da vida, como no acesso ao sistema de educação ou na vulnerabilidade à repressão policial violenta.

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