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Entrevistas

Ubiratan de Paula Santos: ‘China é o maior exemplo de combate à pandemia’

Para médico, foram mais eficazes contra a covid-19 os países nos quais o Estado tem um papel mais forte, como ocorre nas nações socialistas

Ubiratan de Paula Santos (Foto: Maurício Garcia de Souza/Alesp)
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Por Camila Alvarenga, do Opera Mundi  - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTAS desta quarta-feira (08/12), o jornalista Breno Altman entrevistou o médico pneumologista e professor Ubiratan de Paula Santos sobre a pandemia do coronavírus.

“A China é o maior exemplo de combate à pandemia, com capacidade de atuação do Estado, credibilidade do poder público, propaganda e conscientização, e ações concretas de detecção, rastreamento e cuidados”, citou o especialista. Para ele, outras referências foram a Nova Zelândia, Austrália, Vietnã e Cuba. Este último destacando-se por conseguir, inclusive com um bloqueio econômico, produzir suas próprias vacinas.

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“Países que passaram por algum tipo de processo revolucionário tiveram maior eficácia no combate à pandemia porque havia uma preocupação maior com a preservação da vida. Viram a preservação da vida como essencial à economia, não o contrário. Acho que isso também explica o predomínio do negacionismo em países capitalistas onde há descrédito no sistema político”, refletiu.

Como piores exemplos no combate ao vírus, ele mencionou os Estados Unidos devido à gestão Trump e à incapacidade de Joe Biden de combater o movimento antivacina, e o Brasil, onde o negacionismo do próprio governo foi uma das principais causas para que o país se convertesse no segundo com o maior número de mortes.

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“Se tivéssemos adotado as precauções necessárias e começado a vacinar a população mais cedo, teríamos 60% menos óbitos do que tivemos. Mas o mundo como um todo se revelou despreparado para a pandemia. Houve um rebaixamento por parte da OMS do que era a doença, havia um sistema de lucro a qualquer custo em cima dos equipamento e das vacinas… Mas era o governo que tinha a responsabilidade de tomar providências”, argumentou.

Assim, o médico avaliou que também foi precipitado o retorno às aulas, por exemplo, devido à lentidão em iniciar a campanha de vacinação, e à estrutura dos transportes públicos e das salas de aula, que não promoviam a ventilação correta para evitar o aumento no número de contágios.

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Por isso, Santos defendeu a necessidade de seguir utilizando máscaras em ambientes fechados ou em aglomerações ao ar livre. Ele também destacou que grandes eventos como jogos de futebol devem voltar a ser fechados para o público, além de afirmar que grandes festas como Ano Novo e Carnaval deveriam ser canceladas. “Temos que atravessar um tempo maior jogando para baixo o número de infectados, e temos que manter o nível de alerta. Realizar essas festas é um risco que não podemos correr”, enfatizou.

Balanço da atuação do SUS

Santos ponderou sobre a atuação do Sistema Único de Saúde durante a pandemia. Começou relativizando os sistemas de saúde do mundo, que, segundo ele, não estavam preparados para enfrentar um evento de tamanha magnitude.

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“O SUS passou no teste, mas não foi brilhante. Teria sido se tivesse tido mais capacidade de diagnóstico e testagem, se a atenção primária tivesse sido melhor. Mas a gente também tem problemas sérios de moradia que não podemos isolar uma pessoa da família com covid em casa porque há família de cinco pessoas em que todas dormem no mesmo quarto. E isso o SUS não consegue resolver”, frisou.

Ele também citou a baixa capacidade de internação e a falta de funcionários qualificados para tratar dos pacientes, “quando você tem casos graves você precisa de uma boa equipe, não só bons equipamentos”.

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Por isso, segundo o médico, é necessário exigir do governo, principalmente federal, políticas públicas de investimento, pois o SUS está subfinanciado. Ele também se mostrou favorável a uma reforma no sistema, para que ele seja mais verticalizado, dependendo menos ou unicamente dos municípios: “Precisa ser uma política nacional”.

Acompanhamento pós-contágio

O médico ainda falou sobre a importância da criação de protocolos de atuação pós-recuperação, já que muitos pacientes acabam com sequelas provocadas pelo coronavírus.

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De acordo com Santos, estima-se que cerca de 10% dos recuperados tenham sequelas importantes, ele incluído: um ano depois de ter superado a doença, ainda sente dificuldades para fazer exercício.

Além da fadiga, outras sequelas são distorção do paladar e do olfato, perda de cabelo, arritmia e, em quadros mais graves, falência renal,  acidente vascular cerebral e laceração da traqueia em pacientes que passaram por intubações mais longas.

“Os sistemas estavam e estão pouco preparados para lidar com as sequelas. Não há um protocolo e isso é problemático porque você retarda a volta à normalidade das pessoas, gera dificuldades para a família em ter que cuidar de quem teve a doença, pode haver um deterioro do quadro…É necessário um acompanhamento posterior”, enfatizou.

Assista a entrevista: 

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