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Adolescência. O tempo da incerteza sexual

Muitos adolescentes duvidam de sua capacidade para viver de acordo com o seu gênero. Consultas especializadas têm começado a surgir

Adolescência. O tempo da incerteza sexual (Foto: charmikha)
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Por Pascale Senk - Le Figaro

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Há esses rapazes com aparência andrógina que optam por vestir roupas (muito) justas, como as calças jeans «slim», e essas garotas escondendo suas formas sob camisas amplas de lenhador… Esta «indiferenciação» à base de camuflagem do seu sexo biológico é conhecida há muito tempo: o adolescente, perturbado nas suas relações com os outros pela fabricação de sua construção física e psíquica, também está perturbado em sua identidade sexuada.

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Se o público em geral têm se reunido nas salas de cinemas para seguir o trajeto de Guillaume Gallienne que gosta de se vestir de dançarina de flamenco ou se fantasiar a noite, sozinho no seu quarto, de imperatriz Sissi, é porque este parêntese pouco agradável, no qual queremos saber se somos um «verdadeiro» menino ou uma «verdadeira» menina e onde se venera o sexo oposto, é muito comum, e praticamente constitutivo do período adolescente.

É por isso que é importante não dramatizá-lo, afirma a maioria dos especialistas, como Catherine Rioult, psicóloga psicanalista que dirige oficinas de escrita para adolescentes problemáticos. «A tentação de pertencer ao sexo oposto não é necessariamente definitiva», ela observa.

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Assim, esta garota de 17 anos, muito introvertida e viciada na Internet, sentiu a necessidade de se revelar para sua mãe, durante uma sessão, que ela tinha tido uma relação homossexual com uma amiga … «O fato de ter sido capaz de dizê-lo, a liberou, disse a psicóloga. E ela conseguiu seguir em frente.»

 

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Um verdadeiro sofrimento

No seu caso, a passagem ao ato foi, sobretudo uma expressão de homoerotismo tão presente nesta idade: «Gostamos de estar em companhia de pessoas do mesmo sexo, ou trocar beijos, viver com as “pessoas próximas”», explica Catherine Rioult. Porque o outro sexo, nesta época em que queremos essencialmente frequentar seus pares, assusta e pode despertar a vergonha de si mesmo. «Mas estas experiências que às vezes fazem parte do desenvolvimento, não conduzem necessariamente à homosexualidade.» A maioria dos especialistas concorda em realmente falar de homossexualidade apenas se a atração por pessoas do mesmo sexo se tornar duradoura, e se estabelecer além dos 20 anos de idade.

Quanto aos problemas, eles surgem quando o/a adolescente sofre desta indecisão. E algumas consultas especializadas, neste período, começam a surgir (ler abaixo). «Porque, nem sempre, sabemos como ajudar o adolescente neste questionamento todo », admite Catherine Rioult. «Alguns jovens brincam com esta ambivalência, forçando a linha através de roupas que alimentam a dúvida, mas outros falam de um verdadeiro sofrimento se forem meninas, por exemplo, ou se forem consideradas meninos (ou o contrário).» E muitas vezes, ela é dissimulada sob outras manifestações de desconforto: vícios, ou escarificações… Assim, Abel, 16 anos (seu nome foi modificado), tinha sido orientado, em função destes diversos sintomas, a ir na consulta de Catherine Rioult (ela publicou Adolescentes: escarificações e cura através da escrita, Editora Odile Jacob). Ele precisou de tempo, antes de, conseguir falar sobre sua dificuldade em assumir sua insegurança sexual.

Na sua terapia, as relações fusionais, que este «jovem anjo loiro à moda Botticelli» tem com sua mãe chocaram a psicóloga: «Nenhum conflito, nenhuma desarmonia, ainda muito frequentes, entre pais  e filhos, neste período da vida.»

 

 

Algo de estranho entre minhas pernas

Durante as sessões, se descobriu que o pai da criança se separou de sua mãe quando Abel tinha  4 anos de idade. Este último tinha feito uma pergunta estranha para sua mãe: «Mãe, tenho algo entre as pernas, seria possível retirá-lo?» E, com a proximidade de sua puberdade (tardia), Abel sofreu com suas manifestações: pilosidade, engrossamento da voz… como se ele desejasse continuar a se parecer com sua mãe.

«Na adolescência, os conflitos edipianos vividos nas primeiras relações com os pais são repetidos tantas vezes », analisa a psicóloga. É então um retorno da necessidade reprimida que é preciso ouvir e desvendar. Esta crise que se repete também encontra medos acerca da sexualidade. Uma pesquisa recente acaba de mostrar que 55 % dos adolescentes interrogados se dizem preocupados pela vida sexual, incluindo 4 % com perguntas sobre a homossexualidade  *.

Ainda não está claro que  impacto isso tem sobre estes adolescentes, a hipersexualização da sociedade, os exemplos mediatizados de transexuais (Conchita Wurtz na Eurovisão, por exemplo) ou as expressões de um imaginário bisexual (como os travestimentos do cantor Stromae). Os profissionais estão confiantes: «Porque estes exemplos permitem liberar uma palavra sobre todas estas questões, observa Catherine Rioult, o que importa, agora, é o modo como o adolescente frágil é ouvido no seu meio, e incentivado a fazer um verdeiro trabalho psíquico para assumir suas escolhas.»

 

 

* Barômetro 2014 do Observatório Ipsos/Fundação Pfizer: «Adolescência e riscos: como se proteger e proteger os outros?»

 

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