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Alckmin e Haddad fazem paz em meio à guerra PT-PSDB

Em São Paulo, governador tucano e prefeito petista assinam mais um convênio de integração entre suas administrações; agora, para ampliar a rede de assistência e internação a viciados em crack; antes, já haviam acertado os ponteiros em um programa de R$ 4,6 bilhões para a construção de 20 mil moradias populares, na renovação da malha de creches, na abertura de corredores viários e também na delicada área da segurança pública; sem trocar farpas políticas entre si, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad dão exemplo de entendimento em meio ao irreversível afastamento entre PT e PSDB; a aliança vai resistir à belicosa sucessão presidencial?

Alckmin e Haddad fazem paz em meio à guerra PT-PSDB (Foto: Luciano Bergamaschi/Futura Press)
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Marco Damiani _247 - No momento em que as relações nunca amistosas entre PT e PSDB se deterioram no ritmo acelerado da campanha presidencial antecipada, dois dos mais importantes quadros de ambos os partidos teimam em quebrar a corrente do antagonismo – o prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin nunca estiveram tão próximos como agora. Mais do que evitar a troca de farpas políticas, eles criam, em sequência, fatos objetivos que envolvem verbas milionárias e grandes mudanças estruturais sobre um cenário no qual têm interesse estratégico: a maior cidade da América Latina.

Na São Paulo que Haddad foi eleito para administrar e de onde Alckmin tem seu maior manancial de votos, os dois políticos já assinaram nada menos que seis convênios desde o aniversário da capital paulista, em 25 de janeiro. Nesta sexta-feira 26 foi a vez de, em cerimônia simples no Palácio do Bandeirantes, o tucano e o petista aparecerem outra vez lado, agora na soma de esforços contra a epidemia do crack que assola a cidade. Inicialmente, Alckmin estabeleceu a internação compulsória de usuários e viciados. Haddad fez críticas à medida. Com o passar das semanas, porém, ajustou sua posição até agregar, pelo convênio assinado hoje, a estrutura municipal de ambulâncias do Samu e da rede dos 25 Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (Caps-AD) ao esforço do governo do Estado para executar sua política. Em contrapartida, esperando um aumento na recolha de usuários e viciados, Alckmin reservou mais 100 leitos na rede hospitalar estadual para atender a demanda de envios dos centros municipais de diagnóstico e primeiro atendimento.

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"Com a integração da Prefeitura, esperamos um aumento no número de internações, que já chega a 656 até agora", projetou o governador. "Estamos coordenando ações", resumiu o prefeito. "Este é mais um passo importante para a capital", reconheceu Alckmin. Antes do convênio anti-crack, ambos firmaram parceria para a construção de nada mais que 20 mil habitações populares, no centro da cidade, para as quais a Prefeitura cede terrenos e o governo do Estado coopera nas construções. Entre eles, verbas da União para ajudar a viabilizar um projeto com custos estimados em R$ 4,6 bilhões. Nos bairros, a CDHU, estatal paulista de casas populares, já começa a fazer 2,2 mil residências para as quais a Prefeitura irá contribuir à razão de R$ 20 mil por unidade.

Antes do acordo habitacional bilionário, governador tucano e prefeito petista apareceram juntos em torno de investimentos do município na construção de 62 novas creches, a grande maioria delas a ser erguidas em terrenos ocupados com a ajuda do Estado. Mais de R$ 100 milhões vão sendo investidos nessa área pela administração Haddad. "A disposição do governador para agilizar as necessárias desapropriações vai nos ajudar a cumprir as metas de nosso programa de governo neste quesito", lembra Haddad. Quem diria, um tucano ajudando um petista a cumprir suas metas!

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Até aqui, não há sinal de ciúmes entre eles. Ao contrário. O fluxo de troca diária de telefonemas só aumenta. E, quando aparecem juntos, os dois parecem muito à vontade. Na prática, quando as obras habitacionais começarem a ser inauguradas, eles terão cada um a sua própria tesoura para cortar as fitas festivas, faturando, em seus campos distintos, política e eleitoralmente o bom entendimento.

Na delicada área da Segurança Pública, Alckmin já pode contar com a Guarda Municipal, cotrolada por Haddad, no engajamento à chamada Operação Delegada, ainda restrita à área central da cidade. "Nós vamos formatar um projeto comum e somar esforços", conta o prefeito do PT. "Há um contingente de guardas civis e policiais militares que podem sim, sem prejuízo do trabalho que exercem hoje, serem remanejados para outras atividades com ampliação do escopo do convênio".

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Vai sendo assim em obras contra as enchentes, para as quais os órgãos responsáveis do Estado e da Prefeitura se falam mais continuamente, de modo a agirem coordenadamente, e também no setor de transporte coletivo, em que Estado e Prefeitura estarão juntos na construção, por estimados R$ 137,5 milhões, do corredor Perimetral Leste. Esta obra viária vai extrapolar os limites da capital e chegar á Grande São Paulo.

Em torno de Alckmin e Haddad, já houve reuniões com a participação de dez secretários estaduais e municipais, criando novos canais de diálogos. A cooperação que deveria ser vista como normal, no caso de políticos eleitos sobre a mesma base territorial, é, no Brasil, uma absoluta exceção, quanto mais quando um deles é tucano e o outro é petista. Em meio à guerra partidária, Alckmin e Haddad estão mostrando que pode haver ao menos um pouco de paz. 

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