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Após 1 ano, polêmica sobre acidente com Campos dificulta indenizações

AF Andrade disse que “figurava única e exclusivamente como arrendatária da aeronave” e que, antes do acidente, transferiu os direitos do arrendamento aos empresários João Carlos Lyra e Apolo Vieira, que teriam permitido o uso pelo PSB; a empresa ressalta que não é responsável pelo avião porque “não estava na sua condução, não detinha seu controle técnico, não a explorava, não contratou os pilotos nem sequer tinha qualquer vínculo com as pessoas que estavam a bordo”

AF Andrade disse que “figurava única e exclusivamente como arrendatária da aeronave” e que, antes do acidente, transferiu os direitos do arrendamento aos empresários João Carlos Lyra e Apolo Vieira, que teriam permitido o uso pelo PSB; a empresa ressalta que não é responsável pelo avião porque “não estava na sua condução, não detinha seu controle técnico, não a explorava, não contratou os pilotos nem sequer tinha qualquer vínculo com as pessoas que estavam a bordo” (Foto: Roberta Namour)
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Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil

O acidente que matou o candidato à Presidência da República e ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, há exatamente um ano, mudou a vida de Benedito Juarez Câmara, 69 anos, dono da academia que foi destruída com a queda do avião. Ela estava aberta e funcionando quando ocorreu o acidente e foi um dos locais mais afetados entre os imóveis da região. A aeronave caiu no terreno logo atrás do prédio. Alguns alunos ficaram feridos, mas ninguém se machucou com gravidade.

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Juarez tinha a academia há 40 anos até que o acidente o fez fechar as portas. Há um mês, no dia 13 de julho, ele conseguiu reabrir apenas a área de musculação, enquanto a piscina ainda está sendo recuperada. Antes, eram 750 alunos, agora são apenas 100. Com toda a crise por que passou, precisou demitir dez funcionários, ficando com cinco.

Ele declarou que, com tanto tempo de experiência, já passou por várias crises, mas sentiu-se desrespeitado pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). “Em um primeiro momento, pós-acidente, o PSB se comprometeu a pagar os danos todos e, no pós-eleição, veio aquela política de sempre: promete antes e sai fora depois.”

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O acidente estragou o telhado, os equipamentos e as três piscinas. O empresário é uma das pessoas que recorreram à Justiça para receber indenização. Seu advogado, Alexandre Ferreira, informou que são duas ações: uma da pessoa física e outra da pessoa jurídica Mahatma Academia.

“Na ação do Juarez, há referência direta aos danos do imóvel, ao lucro cessante pela não utilização do imóvel e danos morais. Com relação à academia, temos um pedido de indenização material pelos equipamentos, porque foram inutilizados, e de lucro cessante pela perda dos alunos”, disse o advogado.

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Os réus, nesse caso, são a empresa AF Andrade, que consta como proprietária da aeronave na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que era o detentor da posse do avião na época, segundo Ferreira. O processo está em andamento e os réus já contestaram a demanda. Somente em relação aos danos materiais, cada ação pede aproximadamente R$ 1,8 milhão.

“O que temos percebido é que ninguém quer assumir a culpa pelo acidente, todo mundo foge da responsabilidade com relação à aeronave. Isso está dificultando o andamento do processo, porque quem tem os documentos efetivos sobre essa prova é o próprio PSB e a própria AF Andrade”, afirmou o advogado. Segundo ele, no Tribunal Superior Eleitoral, não há prestação de contas em relação à utilização do avião. “Então, isso tudo vai dando essa penumbra de que houve alguma coisa equivocada na cessão do avião”, completou.

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A AF Andrade disse que “figurava única e exclusivamente como arrendatária da aeronave” e que, antes do acidente, transferiu os direitos do arrendamento aos empresários João Carlos Lyra e Apolo Vieira, que teriam permitido o uso pelo PSB. A empresa ressalta que não é responsável pelo avião porque “não estava na sua condução, não detinha seu controle técnico, não a explorava, não contratou os pilotos nem sequer tinha qualquer vínculo com as pessoas que estavam a bordo”.

O apartamento de Marlene, 65 anos, fica nos fundos da academia de Juarez. Lá, a aeroviária aposentada mora com as irmãs Miriam e Ivone. Na hora do acidente, estava na cozinha e viu o avião caindo atrás de um bambuzal, no terreno vizinho ao prédio em que mora. Ela contou que uma das turbinas entrou no apartamento em cima do dela.

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“Foi terrível, aquela cena de guerra quando o avião caiu. Eu o vi acelerando e vindo na direção do meu prédio. A única coisa que eu gritava era 'aqui não' e o avião acabou afundando atrás, no meu muro”, contou. Marlene não sofreu ferimentos, mas teve o cabelo chamuscado por causa da explosão. Seu apartamento sofreu avarias e as três irmãs só conseguiram voltar a morar no local cinco meses depois do acidente, em janeiro deste ano.

O seguro do condomínio pagou a reforma do imóvel, que ficou inundado para que os bombeiros apagassem o fogo do apartamento de cima. Os eletrodomésticos ela teve que repor, mas somente em partes, porque não tem todo o dinheiro. A aposentada espera, porém, receber a indenização por danos materiais e morais.

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Ela contou que um perito contratado por João Carlos Lyra avaliou o prejuízo de sua residência em R$ 58 mil. Lyra propôs, então, o pagamento de R$ 19 mil e que a aposentada abrisse mão dos danos morais. “Impossível aceitar uma proposta dessa, porque as marcas não vão embora.”

O advogado Luiz Roberto de Arruda Sampaio, que representa 22 famílias e dois condomínios residenciais, tem como demanda dos clientes a indenização por danos materiais e morais. Os réus, nesses casos, são João Carlos Lyra e Apolo Vieira. “É uma opção do Código Civil que facilita muito a ação: você não precisa pegar outros eventuais culpados, que vão ficar brigando entre si e atrasarão o andamento do processo.”

De acordo com o PSB, as indenizações não cabem ao partido e sim aos proprietários do avião, com registro na Anac, ou ainda ao Bradesco Seguros, por quem a aeronave estava assegurada. A Bradesco Seguros informou que, até o momento, todas as indenizações solicitadas, com base na apólice em vigor na data do acidente, foram pagas.

O advogado de Lyra, Carlos Gonçalves Jr., não atendeu à Agência Brasil, porque esteve em reunião o dia todo. Tiago Garcia Clemente, que representa Vieira juridicamente, disse que não se manifesta sobre processo em tramitação na Justiça.

A Anac informou que aguarda a conclusão da investigação para verificar se haverá necessidade de eventual adequação nos procedimentos vigentes, conforme recomendações de segurança que vierem a constar no relatório final.

O Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, decolou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino ao aeroporto do Guarujá, no litoral de São Paulo. No momento em que se preparava para pousar, o avião arremeteu. Na sequência, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com a aeronave, que caiu no bairro do Boqueirão, na cidade de Santos. As sete pessoas que estavam a bordo morreram. Na ocasião, a Ouvidoria Móvel da Prefeitura de Santos cadastrou 32 famílias afetadas no local do acidente.

As investigações estão na fase final de análise dos dados, de acordo com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O órgão já descartou as hipóteses de colisão com aves, drones ou aeronaves, voo invertido e problemas no motor.

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